A resposta é não, já que há possibilidade de conciliar mobiliário adequado que permita a reunião de pessoas para encontros significativos.
A ideia de definir uma condição de moradia mais prática pode ser uma das metas de quem decide continuar ativo, mas dedicando seu tempo livre para atividades prazerosas. Seja dedicando-se a um hobby ou a trabalhos voluntários, investir o tempo em afazeres domésticos nem sempre traz prazer e, portanto, muitos adotam mudanças para imóveis menores. Nesse caso, será necessário diminuir objetos, móveis e mudar alguns hábitos, considerando a restrição de espaço, sendo que os objetos de dormitório praticamente não mudam.
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Portanto, será em outros ambientes que as decisões sobre o que manter ou retirar exigirá maior atenção: então, quais atividades são importantes considerar nessa perspectiva?
Atualmente já se tornou frequente a proposta de integrar sala e cozinha, visto que as ações sobre elaborar refeições já exige menos espaço em função de equipamentos mais práticos e soluções de delivery que já não exigem tanto armazenamento de insumos. Por outro lado, cozinhar pode ser um hobby, especialmente quando compartilhado com amigos e familiares, potencializando os momentos de encontros sociais. De acordo com a geriatra Maisa Kairalla, cultivar boas relações sociais pode garantir maior longevidade e qualidade de vida.
Em 2017, uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – São Paulo (SBGG-SP) apontou a solidão como o principal medo dos idosos brasileiros. Mais recentemente, um estudo publicado no periódico científico Annual Review of Public Health compilou evidências comprovando que as pessoas mais conectadas socialmente vivem mais, enquanto as mais isoladas ou solitárias têm maior risco de uma mortalidade precoce.
A solidão acontece quando o próprio sujeito idoso se coloca isolado em sua moradia, evitando a presença de outras pessoas como forma de garantir o controle sobre seu território pessoal. Também quando tem vínculos muito frágeis com parentes e amigos, a ponto de receber pouca ou nenhuma atenção de visitantes, que poderiam estimular as interações.
Numa situação mais crítica, há o contexto da violência psicológica, tirando o protagonismo da pessoa idosa, mesmo quando vive com a família e ela o subjuga. Enfim, bons vínculos sociais são importantes para a saúde física e cognitiva, favorecendo o envelhecimento ativo.
Cultivar bons vínculos sociais ajuda a fortalecer o sistema imunológico (contribuindo, assim, para uma melhor resposta às vacinas) e a melhorar aspectos como o sono, saúde mental e mesmo o autocuidado. Construir conexões humanas ao longo de nossa vida é valioso.
O tamanho da moradia não importa quando o objetivo é abri-la para receber amigos e familiares, pela possibilidade de conciliar mobiliário adequado que permita a reunião de pessoas para encontros significativos. Como disse a Dra. Maisa Kairalla, “precisamos ter pessoas com quem conversar, desabafar, sorrir e até chorar”. Estar em casa não é necessariamente isolar-se, portanto é preciso equacionar o que, de fato, é o mais importante para uma boa velhice.
Foto destaque de Kampus Production/Pexels