O mundo com mais idosos do que crianças pequenas a partir de 2019

O mundo com mais idosos do que crianças pequenas a partir de 2019

Embora o Brasil e o mundo tenham cada vez mais “avós do que netos”, as políticas públicas não devem focar apenas no topo da pirâmide, pois somente com a solidariedade intergeracional é possível atender as demandas das crianças, dos jovens, adultos e idosos.


O ano de 2019 é um marco no processo de envelhecimento da população global. Pela primeira vez na história, o número de idosos de 65 anos e mais de idade será superior ao número de crianças pequenas de 0 a 4 anos. Vale dizer, o mundo passa a ter mais “avós do que netos”.

A mudança nas curvas acontece no corrente ano, mas vai se acentuar ao longo do século XXI, pois a população de 0 a 4 anos de idade vai ficar aproximadamente estável, em torno de 650 a 700 milhões de crianças, enquanto a população de 65 anos e mais de idade vai passar de 700 milhões de idosos, em 2019, para cerca de 2 bilhões de pessoas em 2075 e para 2,5 bilhões em 2100, conforme mostra o gráfico abaixo, com base nos dados demográficos da Divisão de População da ONU.

Em 2075, o número de idosos vai ultrapassar o número de crianças e jovens de 0 a 14 anos, ou seja, o Índice de Envelhecimento (IE) será superior a 100, indicando que o mundo será efetivamente idoso a partir desta data. Esta mudança na relação intergeracional é inédita desde o surgimento do Homo sapiens, pois o mundo sempre teve uma estrutura etária rejuvenescida, mas está em processo acelerado de envelhecimento populacional e terá uma estrutura, inquestionavelmente, envelhecida a partir do último quartel do século XXI.

No caso brasileiro, o processo de envelhecimento populacional é ainda mais precoce e acelerado, conforme mostra o gráfico abaixo, também com base nos dados da Divisão de População da ONU.  Nota-se que, no Brasil, o número de idosos de 65 anos e mais de idade ultrapassou o número de crianças pequenas de 0 a 4 anos no ano de 2013 e vai superar o número de crianças e jovens de 0 a 14 anos em 2037. Portanto, o Brasil está mais adiantado no processo de envelhecimento do que a média mundial e será um país, efetivamente, idoso a partir de 2037.

O envelhecimento populacional é uma realidade que ninguém pode negar e que traz, como tudo na vida, oportunidades e desafios. Cabe às pessoas, às famílias, ao setor produtivo e às políticas públicas se adaptar à nova estrutura etária, caracterizada por uma base da pirâmide populacional estreita e um topo alargado, conforme mostram as figuras abaixo.

As transformações demográficas são significativas no mundo e, especialmente, no Brasil, afetando toda a sociedade. Assim, é necessário que os países se adaptem a essa nova realidade. Mas embora o Brasil e o mundo tenham cada vez mais “avós do que netos”, as políticas públicas não devem focar apenas no topo da pirâmide, pois somente com a solidariedade intergeracional é possível atender as demandas das crianças, dos jovens, adultos e idosos.

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Apesar das gerações terem capacidades e necessidades diferentes, somente o relacionamento justo, mesmo que desigual e combinado, pode garantir o futuro de prosperidade comum para toda a população, independentemente do posicionamento de cada indivíduo na estrutura de sexo e idade que constitui o pilar da dinâmica social de cada nação.


José Eustáquio Diniz Alves

Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE. Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: [email protected]. Link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382E-mail: [email protected]

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