Reduzir a saúde apenas à presença médica é ignorar a complexidade do cuidado humano. Precisamos evoluir para o conceito de “rede de cuidado”.
Nos últimos anos, os debates sobre a crise da saúde pública no Brasil quase sempre esbarram na mesma solução: a necessidade de mais médicos. De fato, em muitos lugares remotos e vulneráveis, o médico ainda é escasso e sua presença pode representar a diferença entre a vida e a morte. No entanto, reduzir a saúde apenas à presença médica é ignorar a complexidade do cuidado humano.
Saúde de verdade exige equipes completas, integradas e preparadas.
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Em uma unidade básica de saúde, a pessoa que chega com diabetes precisa muito mais do que apenas uma receita de medicamentos. Ela precisa do nutricionista para adequar sua alimentação, do psicólogo para lidar com o impacto emocional do diagnóstico, do enfermeiro para acompanhar sua evolução clínica de perto e do farmacêutico para orientar sobre o uso correto da insulina. Todos esses profissionais, atuando juntos, são indispensáveis para o sucesso do tratamento e a melhoria da qualidade de vida.
O médico é fundamental, mas não é suficiente.

A centralização do cuidado exclusivamente na figura médica gera sobrecarga para o profissional e uma assistência fragmentada para o paciente. Sem uma equipe preparada, muitos problemas passam despercebidos, e o que poderia ser resolvido com prevenção e acompanhamento torna-se um agravamento que custa caro — para a pessoa e para o sistema de saúde.
É preciso mudar a lógica do atendimento.
Precisamos evoluir do modelo de “fila para o médico” para o conceito de “rede de cuidado”. Um sistema que valoriza o trabalho de todos os profissionais da saúde, investe na educação continuada, promove protocolos integrados de atendimento e respeita o papel de cada categoria no cuidado integral do paciente.
A valorização da equipe multiprofissional é o que transforma atendimentos em histórias de superação, e consultas em projetos de vida.
Enquanto continuarmos a enxergar a saúde como uma responsabilidade exclusiva do médico, estaremos condenando o SUS e a saúde suplementar a um ciclo de ineficiência, altos custos e frustração.
O Brasil precisa de médicos, sim.
Mas precisa ainda mais de equipes de saúde de verdade, que olhem para o paciente como um todo, não apenas para sua doença.
Essa é a verdadeira revolução que a saúde brasileira tanto precisa!
Foto de Tima Miroshnichenko/pexels.
