Vidas Idosas Importam: 4 anos plantando sementes

Vidas Idosas Importam é um movimento de conscientização sobre o envelhecimento e os direitos da pessoa idosa.

Diz a lenda que um senhor habitava em uma região inóspita a certa distância da cidade para onde caminhava quase todos os dias levando seus produtos de artesanato a serem vendidos na feira. Colocava seus produtos no lombo de um burro e ia andando. Na volta trazia o que conseguia comprar para sua subsistência.

Além dos produtos de primeira necessidade, esse senhor também comprava sementes de várias espécies que encontrava. Algumas sementes eram de hortaliças, as quais plantava em sua horta. Outras eram de árvores, e essas ele ia plantando ao longo do caminho.

Fez isso durante mais de quarenta anos até que, muito idoso, foi recolhido por uma casa de acolhimento para pessoas idosas. No entanto, nesses quarenta anos ele transformou a paisagem do caminho entre a cidade e sua casa. O caminho se transformou em uma trilha no meio de uma floresta, com bichos e pássaros. E sua casa continua lá, ao fim da trilha, cercada de árvores e com uma horta verdinha.

O que essa lenda nos conta, de fato?

Ela nos conta sobre o poder do UM. Uma pessoa pode, com suas ações e sua vontade, transformar o seu entorno e transformar, com isso, pessoas com quem interage. Apesar de muitos acreditarem que uma andorinha só não faz o verão, (embora todo verão tenha início com o voo da primeira andorinha) somando o que cada um é capaz de fazer a vida de muitos pode ser transformada.

Assim como esse senhor, de quem só conhecemos a história de seu legado, muitos de nós envelhecemos trabalhando duro, criando família, fazendo amigos e criando histórias que podem ser contadas, se algum registro delas ficar. Ou apenas lembradas pelos nossos herdeiros e amigos mais chegados. Mas, acreditem, cada um tem um poder que é só dele. E para usar este poder, basta transformar em ações, como a da lenda, uma ideia poderosa. E basta uma vida para exercer este poder.

Como usar este poder?

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O ano dois mil e vinte foi singular. Uma pandemia teve seu lugar no mundo, a partir de um vírus vindo de longe, causando a morte de muita gente. Segundo dados da Fiocruz, somente no ano de dois mil e vinte, mais de duzentos e trinta mil pessoas, no Brasil, vieram a óbito em consequência da covid-19. Três quartos desses, ou seja, mais de cento e setenta e cinco mil, eram pessoas idosas, pessoas com mais de sessenta anos. Um massacre aos mais velhos.

Soma-se a isso o claro descaso daqueles uns que poderiam fazer alguma coisa, e não o fizeram. Trouxeram medo, insegurança e atraso na compra e distribuição das vacinas, além do descaso até mesmo de parentes de muitas dessas pessoas idosas.

Mas, uma semente poderosa foi também lançada nesse mesmo ano. O poder do UM, que somando um mais um sempre resulta em mais que dois, criou o movimento Vidas Idosas Importam. Um, mais um, mais outro, foi aderindo à causa da pessoa idosa e hoje somos muitos imbuídos deste propósito:

“promover a valorização do envelhecimento e defender a dignidade da pessoa idosa em toda sua diversidade” (Manual dos Ativistas dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa).

Ficou registrada a data de dez de dezembro de dois mil e vinte, como sendo o dia de lançamento da semente, mesmo dia em que se celebra a Declaração Universal dos Direitos Humanos que, junto ao Estatuto da Pessoa Idosa, se constitui em documento básico de referência para as ações de todos os UNS agregados ao movimento.

várias pessoas idosas com camiseta escrita Vidas Idosas importam mexendo em plantas

O Vidas Idosas Importam não se constituiu como uma associação da sociedade civil, mas como um movimento para que a sociedade se conscientize sobre a importância do envelhecimento humano e sobre o valor existente na promoção dos direitos da pessoa idosa em toda a sua diversidade.

O movimento visa consolidar a implantação da cultura do respeito à pessoa idosa e a seus direitos por meio da realização de mobilizações populares na proteção desses, com apoio a ações comunitárias e estudos sobre o processo de envelhecimento.

Semente lançada, o movimento se arboriza e se ramifica em ações pontuais e/ou combinadas em todo o Brasil, com a participação de atores de vários quilates, sejam profissionais da saúde, professores, jornalistas, escritores, musicistas, pesquisadores e outros atores.

Seus frutos já são muitos. Hoje em dia, as ações de todos é pública nas redes sociais, como o Instagram , o Portal do Envelhecimento, nosso maior parceiro, e em muitos outros. Temos uma publicação anual, em forma de e-book, O Gentileza de Ser: Vidas Idosas Importam, terceiro ano de publicação da Respirar Consultoria (@respirar_consultoria), grupo do qual faço parte.

E temos uma música gravada e dedicada ao tema: (https://www.youtube.com/watch?v=nlWTeOugyVs&list=OLAK5uy_lnVJbB0DYRxeI_KkhuX6xsNIcWBEF_YGs). A história da música também está publicada no Portal: https://portaldoenvelhecimento.com.br/porque-vidas-idosas-importam-a-musica/.

Eu mesmo, autor deste relato, tenho também meus escritos publicados no Portal (https://portaldoenvelhecimento.com.br/author/paulocventura/) a quem agradeço a acolhida.

E todos aqueles que queiram exercer seu PODER DO UM, podem se juntar a nós neste trabalho infindável. Alguns requisitos são necessários, obviamente. É preciso muito mais do que vestir uma camisa ou defender a causa nas redes sociais para ser considerado um verdadeiro ativista. Veja algumas características mais importantes:
– Cultuar a paz e a não-violência;
– Ter um bom poder argumentativo;
– Ter capacidade crítica;
– Aproximar, sem se apropriar;
– Estar aberto ao debate;
– Saber ouvir e calar;
– Respeitar a opinião divergente, sem ser agressivo.
– Ser desprovido de preconceitos como etarismo, racismo, sexismo, homofobia, aporofobia, etc.

Enfim, destacamos uma pessoa que carregava em si um enorme PODER do UM:

“O trabalho social precisa de mobilização das forças. Cada UM colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, fortalece o tecido que sustenta a ação e cada UM sente que é uma célula de transformação do país”. (Zilda Arns)

Destacamos também o Artigo 3º do Estatuto da Pessoa Idosa, Lei Federal 10.741/2003, vigente desde 01/10/2003.

“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.”

Venha ser mais UM e ajude-nos a transformar o envelhecimento de todos em um processo saudável, sustentável e caloroso para todas as pessoas, inclusive as ainda jovens, na torcida de que sejam idosas um dia. Conheça também a nossa comunidade no WhatsApp.

Em vez de envelhecer escrevo poemas.
Rejuvenesço a cada verso.
Não há tempo para as duas coisas, são incompatíveis.
Quem escreve não vê o tempo passar.
(Paulo Cezar S. Ventura)