República, cohousing e Instituição de Longa Permanência para Idosos são opções de moradia que têm em comum o ambiente propício para amizades e o convívio social.
A solidão tem impacto direto no bem-estar e na qualidade de vida dos idosos. Vários estudos têm apontado a associação entre o isolamento social e a incidência de doenças crônicas. A importância de viver perto de amigos ou ter espaço para conviver com eles é justamente um dos pilares do envelhecimento funcional e que faz parte dos novos modelos de moradia para a terceira idade.
“Evitar o isolamento é tão importante para a saúde quanto a prática de atividades físicas e a alimentação balanceada. A solidão diminui as defesas contra as doenças emocionais, como a depressão, que são fatores de risco. Um ambiente que possibilita a troca de experiências e a criação de vínculos entre as pessoas é essencial para o bem-estar e a saúde”, afirma Jarbas José Salto Jr., diretor de operações da Cora Residencial Senior, Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) com seis unidades em São Paulo que traz um novo conceito de residencial para terceira idade.
Na última década, o ritmo de envelhecimento da população virou um desafio. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2012 e 2016, o número de idosos cresceu 16% e o grupo de crianças (de 0 a 13 anos) caiu 6,7%. Atualmente, a população acima de 60 anos já supera os 30 milhões. Em 2050, serão 66,5 milhões – quase 30% dos brasileiros. Diante disso, comunidade e mercado passaram a focar em soluções para esse público.
‘Cohousing’
Envelhecer entre amigos e afastar o sentimento de solidão são alguns dos objetivos do projeto Vila ConViver, criado por um grupo de professores aposentados da Universidade Estadual Paulista (Unicamp), que deve ser inaugurado em 2020. Inspirado no modelo de ‘cohousing’, o condomínio mesclará a privacidade de cada casa com os espaços de compartilhamento de serviços e convivência. Esse conceito de moradia comunitária foi desenvolvido na Dinamarca, há 40 anos.
República
As repúblicas ficaram conhecidas como hospedagem de jovens que iam estudar em cidades distantes de casa. Mas também virou alternativa para as pessoas mais velhas. Enquanto na cohousing as pessoas dispõem de moradias individuais e compartilham áreas comuns, na república de idosos, elas moram na mesma casa.
A pioneira no atendimento ao público da terceira idade foi criada em Santos, em 1995. Atualmente, conta com três unidades geridas pela prefeitura da cidade. O projeto se estendeu para diferentes cidades do Brasil como Belo Horizonte, Divinópolis, São José do Rio Preto e Curitiba. Nessas moradias, os residentes ficam responsáveis pelos cuidados com a limpeza e dividem as tarefas igualmente para todos.
ILPI
Instituição de Longa Permanência para Idosos, como a Cora Residencial Senior, é um modelo que oferece residência, cuidados, uma estrutura com profissionais de saúde especializados, refeições, atividades para socialização e estimulação física e cognitiva. Essa opção atende todos os idosos, tanto independentes quanto aqueles que precisam de cuidadores e apresentam alguma condição de saúde que os tornam dependentes, como a Doença de Alzheimer.
As atividades que estimulam o convívio social, como aula de teatro, dança, campeonato de videogame e sessões de cinema, têm levado cada vez mais os idosos a procurarem a Cora. É o caso da dona Ana Maria Benavente, de 78 anos, que chegou à Cora de cadeira de rodas, após fraturar a bacia. “Achei que viria só me recuperar aqui, mas gostei tanto que decidi ficar. Encontrei uma boa turma para conversar”, conta. Ana Maria, que é viúva e tem dois filhos, morava sozinha. Na unidade Ipiranga, ela convive com um grupo de mais quatro senhoras, ao qual se refere como “panelinha”.
A dona Nair Mendonça Ribeiro Salomão, de 102 anos, conta que em casa ficava muito sozinha e que na Cora está rodeada de amigos e tem sempre muitas atividades para animar o dia.
Passar o dia
A Cora oferece estadia para viver, para passar uma temporada ou para aproveitar o dia – opção em que o idoso passa o dia na Cora e pode desfrutar de todas as atividades realizadas, da alimentação e contato com outras pessoas.
“O brasileiro ainda tem que vencer uma barreira cultural em levar os pais para uma instituição, enquanto nos Estados Unidos os idosos se mudam para um residencial com o mesmo estilo da Cora por iniciativa própria”, explica Miguel Zarvos, diretor comercial da Cora. Ele explica que a instituição busca oferecer a melhor experiência ao idoso, com liberdade para receber visitas e para passeios, oferecendo atividades por interesses de grupos e também de acordo com o nível de dependência.
Foto de destaque: davidsonluna.com