“Nasce uma estrela” trata de amor, música, drogas, talentos, viver e morrer

“Nasce uma estrela” trata de amor, música, drogas, talentos, viver e morrer

Nos debates do filme Nasce uma Estrela, do Itaú Viver Mais e Portal do Envelhecimento, o destaque foi a influência do amor e de pessoas importantes na vida do ser humano.

Monique de Lazari Betenheuser (*)

 

O filme “Nasce uma estrela” é o quarto remake de uma comovente história, que vai muito além de um musical. A primeira versão do clássico foi estrelada por Janet Gaynor em 1937, seguida por Judy Garland em 1954. Na terceira versão o casal era formado por Barbra Streisand e Kris Kristofferson, em 1977.

Na atual versão, produzida nos Estados Unidos, a dupla é composta por Lady Gaga e Bradley Cooper. Gaga vive Ally, que trabalha em um restaurante e sonha ser cantora, fazendo algumas apresentações em um bar. Cooper – que também dirige o filme – vive o papel do astro da música Jackson Maine que, por acaso, vê uma das raras apresentações de Ally em um clube. O interesse é imediato, o que faz surgir uma parceria amorosa e musical. Jackson, dependente químico e com a carreira em decadência, ajuda Ally a alavancar na carreira de cantora e compositora, mas também a coloca em algumas dificuldades. Vivem a paixão intensamente, um conto de fadas em que o “felizes para sempre” não é eterno.

O filme permite sentir as emoções do casal, mesmo se tratando de uma história já contada. É possível perceber a performance do palco e também na visão do público. A direção musical, somada ao talento de Gaga e Cooper cantando formam um verdadeiro espetáculo.

A ascensão de Ally é outro ponto interessante. Conforme o longa segue, é difícil diferenciar Lady Gaga da personagem; principalmente quando a narrativa a transforma em diva pop, o que nos faz questionar suas escolhas; o que também nos faz pensar sobre a influência da indústria cultural, que anula a singularidade do sujeito, priorizando o espetáculo; o que era inclusive uma queixa de Jackson, que dizia sentir falta da menina por quem se apaixonou no bar.

Os debates

No projeto Itaú Viver Mais Cinema em parceira com o Portal do Envelhecimento, ocorreram debates após a sessão do filme realizada em 27 de outubro, em Curitiba, Salvador, Porto Alegre, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, com destaque a temas como o amor do casal, a generosidade e a fragilidade do personagem Jack, a importância que temos na vida das pessoas, podendo fazê-las brilhar sua luz mais linda, ou destruí-las. Também no foco do público estava o alcoolismo e o vício em drogas, com reflexões sobre como o vício adoece o adicto e também a família. Os acontecimentos passados foram apontados como muito importantes na moldagem do que somos hoje e de nossas ações e o suicídio, interpretado como ação de desesperança.

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“Talento todos têm. A diferença está em quem tem algo a dizer”. Com essa fala de Jackson, sublinhando que, muitas vezes, escondemos talentos por diversos motivos e em diferentes situações. Em contrapartida, muitas vezes expressamos tais talentos para pessoas que não têm sensibilidade para perceber e/ou valorizar.

A decadência de Jackson nos faz pensar sobre o ser humano e a complexidade da vida. O poder destrutivo das drogas, a importância da família na formação do sujeito e os ‘jogos de poder’ que envolve a indústria cultural, passando por cima da subjetividade dos indivíduos e focando apenas no lucro. Há um contraponto entre a compreensão dos problemas pessoais de Jack e julgamentos. Várias questões foram levantadas, entre elas: O que acontece com o ser humano a ponto de deixar um vício conduzir sua vida? Qual a importância e o papel de pessoas significativas nesse processo? A que ponto pode chegar o sofrimento humano para desejar tirar a própria vida?

 

Também discutimos o papel que a música exerceu na vida do casal, trazendo muitos benefícios e momentos felizes, mas também dificuldades e problemas. A música os uniu, mas também separou. O amor era visível entre ambos, mas não foi suficiente para superar a decadência e o sucesso, a perda auditiva e a dependência.

Enfim, considerado um filme bonito, emocionante e forte, sem ser chocante, “Nasce uma Estrela” mobilizou o público, que trouxe vários depoimentos emocionados da própria vida e estendeu o debate além do horário normal. Por fim, destacamos a importância do espaço disponibilizado pelo cine-debate no processo de educação continuada, dando espaço de fala e escuta; o que permite a formulação de novos saberes e perspectivas de conhecimento e compreensão de si mesmo e dos outros, na busca de espaços de solidariedade.

(*)Monique de Lazari Betenheuser é psicóloga (PUC-PR). Cursa Especialização em Gestão Pública pela UFPR, além de Terapia Individual e Familiar Sistêmica pelo Intercef. Atua em Unidade de Acolhimento Institucional e como psicóloga clínica. É colaboradora do Portal do Envelhecimento na coordenação local do programa Itaú Viver Mais Cinema. E-mail: [email protected]

 

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