Vivemos mais na cidade e por mais tempo. São dois fenômenos expressivos na última década mais da metade da população mundial vive em áreas urbanas e estamos envelhecendo. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) estamos na “Era do Envelhecimento” e as construtoras estão percebendo este momento como uma oportunidade para novos negócios.
Ana Cristina Satiro *
E o mercado é grande mesmo. A população idosa cresceu mais de 7% desde 2000 e junto com
ela aumentaram as pesquisas e estudos na esfera da gerontologia (estudo do envelhecimento)
tornando específico o conhecimento e compreendendo melhor as necessidades dos idosos.
Assim, na tentativa de abraçar mais essa fatia do mercado, construtoras estão projetando
com um olhar mais atento a esta demanda. E a diferença está nos detalhes. Portas maiores,
corredores mais largos, interruptores mais altos, menos brilho no piso e principalmente, a
possibilidade de habitações mais acolhedoras e facilitadoras das dificuldades no dia a dia que
vem com a velhice.
O foco está tanto nos edifícios residenciais, tradicionais, projetados com melhorias nas unidades e nas áreas de lazer atendendo as especificações arquitetônicas para os idosos mas não só para os idosos, como nas obras da empresa Tecnisa, quanto em edifícios chamados de “Residências” que somam a arquitetura gerontológica em todo o projeto a um serviço de flat voltado exclusivamente para idosos, como é o caso do Residencial Santa Catariana.
Acreditamos ser um começo de muitos outros lançamentos no mercado imobiliário de todo o País. A atenção aos detalhes construtivos e a segurança na moradia do idoso, colaboram para o prolongamento da independência e autonomia na velhice. Porém, devemos estar atentos a proteção e manutenção da socialização e interação geracional dos idosos evitando que obras de uso exclusivo de idosos se tornem guetos e isolamento em um momento da vida que há muito que contar.
(*) Ana Cristina Satiro é arquiteta. Especialista em Geriatria e Gerontologia pela UNIFESP. Consultora em acessibilidade do OLHE – Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (ONG). Colunista de Acessibilidade do Portal do Envelhecimento. Membro do ECA – European Concept for Accessibility. Mestranda em Projeto de Arquitetura no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP desde 2011. Email: [email protected]