Quando decidimos nos submeter a uma cirurgia e não importa o nível de gravidade envolvido, haverá, necessariamente, risco no processo. A questão é que nem sempre temos opção, uma situação em que nos tornamos impotentes ao entregar o nosso bem mais precioso, o corpo, nas mãos de uma equipe que, supostamente, confiamos. Diante deste tipo especial de fragilidade em que, muitas vezes, nos encontramos, resta pensar e tomar todos os cuidados possíveis quando o que está em jogo, no caso, é nossa vida.
Durante a operação, a mulher sofreu um ataque cardíaco fatal após perder uma grande quantidade de sangue e morrer, em seguida, no hospital Royal Gwent, no País de Gales.
Durante o inquérito o urologista Adam Carter, afirmou que o rim de Francis seria retirado em uma operação por laparoscopia. Na laparoscopia, é feita apenas uma pequena incisão pela qual são introduzidos câmeras e bisturis, evitando grandes cortes e permitindo uma recuperação mais rápida.
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Carter relatou que a remoção do rim é, em teoria, a parte mais simples da cirurgia. Em função disto, ele pediu para um médico em treinamento, que estava acompanhando a operação, fazê-la. Talvez, o excesso de confiança do ser humano seja sempre o maior risco.
A reportagem conta que durante a retirada, porém, o anestesista relatou uma súbita queda de pressão na paciente. Apenas, neste momento, Carter afirmou ter percebido que o fígado havia sido desligado no lugar do rim. Dois cirurgiões mais experientes foram chamados à sala de operações para tentar salvar Francis, sem sucesso.
Em situações como essa, percebemos que nosso corpo se transforma, nas mãos dos experts, numa máquina com engrenagens cujos sistemas de comunicação podem falhar ao menor ou maior erro humano. Resta refletir sobre a arrogância e a soberba que, na maioria das vezes, nos torna cegos, extremamente confiantes diante do que “parece” banal, trivial para os profissionais da área da saúde.
Carter afirmou que como resultado da morte da idosa, os procedimentos cirúrgicos para a retirada do rim por laparoscopia foram levemente mudados em todo o mundo. Ele disse que já havia realizado esse tipo de operação 20 vezes antes, sem enfrentar problemas.
“Durante uma cirurgia laparoscópica para a remoção necessária do rim direito canceroso, o fígado da sra. Francis foi cortado e identificado equivocadamente e inadvertidamente como o rim e catastroficamente partido e danificado, resultando em morte”, disse.
Mesmo diante de uma tragédia, o filho da idosa, Alan, com extremo bom senso e estranha benevolência, elogiou o médico pela honestidade em admitir o erro e afirmou que aceitava as explicações pelo incidente. Em declaração à imprensa ele comentou: “Acreditamos que o sr. Carter e sua equipe agiram de boa fé para prolongar a vida de minha mãe”, afirmou. “Foi um erro honesto”, disse.
O que vemos com isso é que não importa em que parte do mundo estamos, vale a verdade, a honestidade enfrentada com todo ônus envolvido. Assim os homens são diferenciados pelos seus princípios éticos e nisto todos acreditam, até aqueles responsabilizados, justamente, pela morte do outro, por um certo alguém que confiou na competência e atenção.
E, no Brasil, onde se escuta vários casos de negligência e erros médicos, mas nunca lemos ou ouvimos casos em que erros são honestamente reconhecidos e admitidos. Caso você lembre de algum, por favor, comente.
Referências
BBC (2012). Mulher morre após cirurgião inexperiente tentar tirar órgão errado em operação. Disponível Aqui