Ladrões invadem casa e espancam até a morte chinesa de 69 anos em SP

SÃO PAULO – A comunidade chinesa voltou a ser alvo de violência em São Paulo. Uma idosa de 69 anos foi espancada até a morte por assaltantes na madrugada na zona sul de São Paulo. Segundo a polícia, a aposentada de origem chinesa Lu Cheng Chen estava sozinha em casa, na Aclimação.

 

 

Quatro homens invadiram o imóvel, por volta de 21h30m. A aposentada foi agredida com chutes, socos e coronhadas. De acordo com os policiais, os assaltantes fugiram com a chegada filho da vítima.

O comerciante Lu Chien Sun, de 44 anos, disse à polícia que encontrou a mãe caída, bastante machucada, mas ainda com vida. Ela foi levada por policiais para o pronto-socorro, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Os bandidos roubaram duas câmeras digitais, um talão de cheques, o passaporte e o cartão de CPF da aposentada. Não há informações sobre prisões.

A onda de roubos violentos a residências de chineses começou no ano passado e assusta a comunidade. Na maioria dos casos, os ladrões invadem as residências e agridem as vítimas com extrema violência. Pelo menos quatro pessoas foram mortas e mais de 50 assaltos deste tipo já foram registrados na cidade. Num dos assaltos ocorridos em 2008, um chinês de 83 anos entregou todo o dinheiro, mas apanhou até morrer. Outra das vítimas contou que apanhou por uma hora e meia dos assaltantes, que pediam mais dinheiro.

Nesta madrugada, a família de um empresário chinês do ramo de hotelaria passou momentos de angústia nas mãos de três bandidos. Os assaltantes invadiram a residência da família e chegaram a fazer roleta-russa, ameaçando matar as vítimas caso não conseguissem mais dinheiro. Uma das crianças, filha da vítima, foi agredida a coronhadas. Os criminosos roubaram jóias e dinheiro, mas queriam mais, diziam que ele estava mentindo.

No ano passado, o delegado Marcos Carneiro, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), chegou a dizer os bandidos acabam sendo agressivos com os chineses porque muitos deles não sabem falar português. Como não são entendidos ou não entendem o que as vítimas dizem, partem para a violência. Carneiro disse ainda que famílias chinesas costumam, por cultura, guardar dinheiro em casa, atraindo assaltantes.

A agressão mais comum são as coronhadas na cabeça da vítimas, mas houve casos de tiros, pauladas e sufocamento por fita adesiva.

Na semana passada, no entanto, em pelo menos três residências os ladrões agiram com violência, ameaçando e batendo nas vítimas. Na casa de um analista de sistemas, no Morumbi, chegaram a torturar a família dizendo que iriam estuprar um menino de apenas 4 anos. O pai, desesperado, conseguiu fugir e chamar a polícia.

Os ladrões agem nos bairros da Aclimação, Pari, a região da 25 de Março e a Baixada do Glicério, onde reside boa parte da comunidade chinesa. Na região da 25 de Março, um casal e um adolescentes espancaram uma mulher com o cabo de um cutelo (instrumento cortante).

No ano passado, preocupado com a onda de violência contra chineses, o cônsul-geral da China em São Paulo Sun Rong Mao chegou a se reunir com o então o secretário estadual de Segurança Pública (SSP), Ronaldo Marzagão.

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Veja alguns casos divulgados em 2008:

1º de novembro

O comerciante chinês Xie Yongting, de 42 anos, foi encontrado com ferimentos na cabeça e no pescoço e os pés amarrados com fita adesiva nos fundos de sua loja de bolsas na Rya Camomil, no Canindé, região do Brás. Ele chegou a ser levado ao hospital com vida pela Polícia Militar, mas não resistiu e morreu. Por volta de 11h, uma vizinha escutou alguns gemidos e pancadas vindos da loja. Pouco depois, três homens saíram da loja, colocaram diversas caixas de produtos em uma Kombi. Quando a PM chegou, o bando já havia fugido. O cônsul chinês esteve no local para prestar apoio à mulher de Yongting.

14 de outubro

A chinesa Su Ruihua, de 73 anos, foi morta dentro de seu apartamento na Rua Fernandes Silva, no Brás. Ela morava com a filha, que estava viajando, o genro e o neto de seis anos. Por volta de meio dia ela desceu e colocou o neto na perua da escola. No fim da tarde, quando o menino chegou, ela não estava à espera no térreo do prédio, que não tem porteiro.

Uma vizinha viu que o menino estava sozinho e subiu com ele. A porta do apartamento estava entreaberta. Su Ruihua estava amarrada, amordaçada e caída no chão. O caso está sendo investigado pelo 12º DP.

13 de outubro

A comerciante chinesa Shyin Meiru, de 54 anos, foi baleada no peito no início da tarde de uma segunda-feira dentro de seu apartamento na Rua 25 de Março, em São Paulo. Três rapazes – um deles menor – chegaram a roubar R$ 59.600 do apartamento, porém, ao ver o prédio cercado pela PM, jogaram o dinheiro e a arma pela sacada. Os policiais prenderam os três e recuperaram a quantia. Os ladrões dominaram primeiro o porteiro. Shyin chegava em casa para almoçar e foi rendida ao sair do elevador. Um dos criminosos arrastou a comerciante até a cozinha, enquanto os demais vasculhavam tudo. A vítima, que mal fala português, dizia que não tinha. Minutos depois, o marido de Shyin, Jang Jiun Lih, de 61 anos, entrou no apartamento. Assustado, o comerciante entregou o dinheiro na tentativa de salvar a mulher. Mas, mesmo assim, o ladrão que ameaçava Shyin atirou. O zelador Renato Gonçalves do Santos afirmou que os três assaltantes entraram no Condomínio Edifício Cosmopolita usando uma cópia da chave da porta principal.

4 de outubro

No dia 4 de outubro, um sábado, quatro homens entraram pelo telhado da casa de uma família chinesa na Rua Pereira do Vale, na Aclimação, por volta de 10h da manhã. Os ladrões roubaram uma câmera digital e um walkman. Na casa estava um comerciante de 56 anos e uma aposentada de 83 anos. O comerciante foi espancado e socorrido ao Hospital Santa Helena. Os ladrões fugiram e o caso está sendo investigado pelo 6ºDistrito Policial.

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Fonte: Jornal O Globo – 24/09/2009. Disponível Aqui

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