Pesquisas mostram que há um mercado significativo de jogadores mais velhos que precisam ser vistos pela indústria, que não desenvolve games pensando neles
Por Marcos Miranda Lima (*)
Para muitos é surpreendente descobrir que cerca de um quarto dos jogadores nos Estados Unidos têm mais de 50 anos, mas é verdade! E saiba ainda que, alguns deles, recentemente vêm expressando uma certa frustração em relação à indústria de jogos. Esses jogadores sentem que estão sendo negligenciados e não recebem a atenção merecida.
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AARP (American Association of Retired Persons) ou Associação Americana de Aposentados, uma organização sem fins lucrativos que defende os interesses das pessoas acima de 50 anos, deu voz a alguns desses jogadores. Nos EUA, um quarto dos jogadores pertencem a essa faixa etária, enquanto na Alemanha essa proporção alcança a marca de um terço. Esses números mostram que há um mercado significativo de jogadores que precisam ser vistos pela indústria.
Contrariando o que se poderia pensar, a principal queixa desses jogadores mais velhos não está relacionada aos enredos dos jogos, mas sim aos controles dos consoles. Eles afirmam que alguns controles não são adequados, principalmente para aqueles que têm lesões ou artrite. Outra reclamação comum é o tamanho das fontes nos jogos.
Um relatório da AARP mostra que a maioria dos jogadores mais velhos se sente em desvantagem em relação aos jogos e raramente encontra títulos interessantes que atendam às suas necessidades. Eles também criticam a didática dos tutoriais.
A diretora de jogos da AARP enfatiza que se divertir é saudável durante o envelhecimento e encoraja os criadores de jogos a considerarem esse público em suas criações. A diversão deve ser acessível a todos, e os jogadores mais velhos também merecem ter a oportunidade de desfrutar de seus hobbies com acessibilidade.
Curiosamente, os jogadores mais velhos têm preferência por jogos que estimulam o raciocínio, a inteligência e contam histórias envolventes.
As preferências de jogos podem variar amplamente entre os jogadores mais velhos, assim como em outras faixas etárias. No entanto, é crucial que as empresas e desenvolvedores considerem seus interesses, a fim de criar uma experiência mais inclusiva. Isso envolve a melhoria da acessibilidade dos jogos, com controles mais amigáveis, tamanhos de fonte ajustáveis e tutoriais de fácil compreensão.
Ao adotar uma abordagem centrada na inclusão, a indústria de jogos poderá garantir que jogadores de todas as idades desfrutem de maneira plena e envolvente suas experiências de jogo. E não se trata apenas de inclusão, mas também de a indústria passar a enxergar uma parcela de seus próprios clientes, os quais pagam pelos jogos e consoles como qualquer outro público.
(*) Marcos Miranda Lima – Escritor, Bacharel e músico multi instrumentista. Entusiasta da luta contra o etarismo, escreve histórias com protagonistas idosos. E-mail: autormarcosmiranda@gmail.com
Foto destaque de Tima Miroshnichenko/pexels.