Isolamento e queda: a combinação perigosa da pandemia

Vamos enfrentar o isolamento e a pandemia sem deixar a nossa proteção à saúde em risco, podendo acarretar prejuízos definitivos na vida do idoso. É tempo de se proteger do vírus e da queda!


É junho de 2020, estamos atravessando a Pandemia do novo coronavírus, ainda sem saber para onde caminhamos. Algumas notícias promissoras, outras nem tanto e muitos desencontros. Desencontros de informação e desencontros pessoais. O isolamento social é altamente recomendado e fundamental para auxiliar no controle da transmissão do vírus. Para muitos talvez seja única alternativa para este momento sem vacina. Essencial para a população que corre maior risco… a população idosa.

Mas é junho. Mês da conscientização da importância de Prevenção de Quedas na velhice e este ano será um pouco mais difícil chamar a atenção para este assunto em meio a tantas emergências no mundo lá fora. Mas vou fazer um pequeno parênteses com este texto, chamando a atenção para o “mundo adentro” porque, precisaremos também estar atento a ele, pois a combinação isolamento social e quedas pode ser tão fatal quanto o vírus. A queda pode ser fatal. Sabemos.

Vamos então continuar antenados a tudo o que diz respeito a Pandemia, mas também prestar bastante atenção para não colaborar com as estatísticas da “Epidemia de fratura em idosos”. Mas o que tem o isolamento social com isso?

Neste momento em que o isolamento social se faz necessário, devemos redobrar a atenção com relação aos riscos de queda. É comum situações onde o idoso, para enfrentar a quarentena, passa por uma mudança de domicílio e essa mudança, por exemplo, por alterar a rotina, a familiaridade com o espaço, impor a presença de diferentes obstáculos, além de questões emocionais que podem estar associadas a nova condição, elevam o risco do idoso cair.

Outra situação comum e decorrente da atual Pandemia, é a de pessoas idosas que praticavam atividades físicas em parques, academias, clubes etc e abandonaram essas atividades para cumprir com o isolamento. Essas pessoas, com o período prolongado de isolamento que já ultrapassa três meses, começaram a perceber diferenças em suas habilidades físicas, com a presença de dor, piora do equilíbrio, piora da condição muscular, piora da disposição, entre outros.  Esse descondicionamento físico eleva o risco da pessoa sofrer uma queda.

Posturas de risco, ou seja, quando a pessoa assume comportamentos que podem coloca-la em maior risco de sofrer uma queda, também podem ser observados neste período de isolamento. O idoso que costumava receber o apoio dos filhos, ou de outras pessoas para realizar a limpeza da casa, pegar objetos que estão em armários altos, organizar a despensa, lavar o quintal, cuidar do jardim, podar as árvores e outras atividades de maior risco, hoje tendem a realizá-las de forma autônoma e, assumir essa tarefa pode ser bastante arriscado.

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Vale o alerta e a conscientização de todos de que este é um momento propício à queda. Sabemos que a maioria das quedas acontecem em ambiente domiciliar e, agora, muitos idosos estão sozinhos em suas casas. Temos que pensar todos juntos: idosos, filhos, netos, familiares, amigos, quais estratégias se adequam à realidade e possibilidades de cada um e que são mais viáveis para este momento.

Conversar sobre o assunto, reconhecer e identificar os riscos pode ser o primeiro passo para evitar a queda. As medidas básicas de prevenção como a retirada de tapetes, a instalação das barras de segurança nos banheiros, retirar obstáculos dos pisos, avaliar a condição dos corrimãos das escadas, dos degraus, são agora mais do que nunca fundamentais, além de outras estratégias que cada idoso, família, irá traçar em busca de sua segurança e bem-estar para atravessar este período.

Para o idoso que sofre com o Medo de cair, que é outro problema bastante importante relacionado a queda, vale a atenção para que esse medo não se torne exacerbado, limitante e com impactos negativos na qualidade de vida. Algumas pessoas que relatam Medo de cair, podem desenvolver um aumento desta sensação de insegurança com o isolamento social e após este período de Pandemia, podem enfrentar problemas para retornar suas atividades sociais.

Vamos enfrentar a Pandemia sem deixar questões como essa colocar toda a nossa proteção à saúde em risco, podendo acarretar prejuízos definitivos na vida do idoso. É tempo de se proteger do vírus e da queda!

Foto destaque: Lgh_9/Pexels


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Gabriela Correia

Fisioterapeuta. Mestre em Ciências (USP). Pós-Graduada em Gerontologia Social (PUC-SP). Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia em Gerontologia. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected]

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Fisioterapeuta. Mestre em Ciências (USP). Pós-Graduada em Gerontologia Social (PUC-SP). Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia em Gerontologia. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected]

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