Iniciativas de cuidado internacionais sugerem políticas públicas eficientes e úteis

Iniciativas de cuidado internacionais sugerem políticas públicas eficientes e úteis

Ante o exponencial crescimento do público idoso, quais iniciativas de cuidado e bem-estar para pessoas idosas devem ser implementadas no Brasil?


Diversas iniciativas de cuidado e bem-estar para pessoas idosas têm sido testadas em países que se encontram mais envelhecidos. Sendo esse um fenômeno mundial, as reflexões sobre as boas práticas podem sugerir políticas públicas eficientes e úteis aos governos que já consideram significativo o crescimento do público idoso. Em Portugal, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem proporcionado debates através do simpósio “InterAções”, na última edição com o tema “Envelhecer nas Grandes Cidades, convidando profissionais que compartilharam experiências.

Ester Quintana, do Instituto Municipal de Serviços Sociais de Barcelona, trouxe algumas iniciativas da cidade espanhola:

É preciso fazer um exercício de perspectiva: pensar nas necessidades do futuro para determinar o que é preciso fazer já. Alguns dos eixos em que temos vindo a trabalhar passam por implementar políticas de juventude, redesenhar a cidade, melhorar o sistema de cuidados das pessoas idosas, tornando-o mais sustentável com recurso à tecnologia.

O redesenho de cidades tem usado resultados de pesquisas com base no Protocolo de Vancouver, instrumento utilizado para verificação de Cidades Amigas dos Idosos. A percepção de moradores idosos pode indicar o que não está bom, visto que aumentam as necessidades e as carências ficam mais evidentes. Ester descreve uma experiência em que um grupo de pessoas idosas, acompanhadas por técnicos, caminham pelos bairros e identificam elementos que podem ser implementados ou melhorados, visto que o uso do espaço público passa a ser ainda mais importante na velhice.

Estamos a trabalhar para prestigiar as profissões de cuidados, melhorando as condições laborais e salariais e incentivando também que haja mais homens na profissão. (…) Temos de fazê-lo pouco a pouco, com campanhas de sensibilização para prestigiar estas profissões. Trata-se de uma transformação importante de caráter cultural. 

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As mudanças demográficas já evidenciam a falta de cuidadores familiares, visto que há a busca pela realização profissional e financeira. Portanto, os cuidados são terceirizados, tanto a partir de apoio domiciliar para quem pode manter-se na própria casa, até serviços em moradias institucionais, quando a necessidade de assistência se torna imprescindível. O reconhecimento desse trabalho exige que haja formação adequada e valorização de carreiras nessa área.

Recorrendo à tecnologia, o dinheiro despendido com os cuidados será o mesmo que tem sido nos últimos anos. Usamos a tecnologia para o exército e para a guerra, temos de usá-la também ao serviço dos nossos idosos. Estamos a falar de robótica, por exemplo.

A tecnologia como coadjuvante do cuidado já é uma realidade e deve tornar-se mais acessível a todos. Portanto, rever comportamentos é o primeiro passo para que essas iniciativas possam garantir uma vida mais longa segura e confortável.

Foto destaque de Ensaio da Cegueira/pexels.


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Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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