Idosas começam a conhecer e desmistificar o pompoarismo

Por meio do pompoarismo, a mulher consegue exercitar os músculos dessa região, tornando as contrações vaginais cada vez mais fortes e assim aumentando o tempo de sustentação dessas contrações. Os exercícios de pompoar podem ser simulados durante a relação sexual, para manter a musculatura vaginal contraída, assim podendo gerar mais prazer para si devido o aumento da sensibilidade da região vaginal e para seu parceiro.

Helen Keller Frank Conceição Leal de Oliveira(*)


Cada vez mais mulheres idosas são adeptas da técnica de pompoar devido a seus inúmeros benefícios para os músculos perineais, além de melhorar a performance sexual. Afinal, a velhice está interligada ao fim da vida sexual? Ao contrário do que muitos pensam cada vez mais mulheres de diversas idades, inclusive as idosas, querem explorar, conhecer inúmeras fontes de prazer através dos seus próprios corpos e muitas delas estão conseguindo encontrar esses benefícios por meio do pompoarismo, a técnica milenar que além de prazer proporciona saúde. Você já ouviu falar em pompoarismo? Se não, está na hora de conhecer mais sobre esse assunto.

O que é pompoarismo?

Trata-se de uma técnica milenar, criada na Índia e aperfeiçoada na Tailândia, sendo passada de geração para geração entre mães e filhas, chegando ao Brasil por volta da década de 70. A palavra pompoar significa ‘sugar’, ou seja, a técnica consiste na contração e no relaxamento dos músculos vaginais (perineais) prendendo, expulsando, empurrando e puxando acessórios com o intuito de intensificarem o treinamento. Existem vários acessórios, dentre eles as bolinhas de pompoar, tailandesas e os cones vaginais, em diversos formatos, tamanhos e pesos que podem variar de 20 a 70 gramas. Esses acessórios são utilizados para que essa musculatura seja contraída com força e velocidade desejada, assim a condicionando.

Bolinhas de pompoar, tailandesas e/ou cones vaginais são introduzidos na região vaginal sendo utilizados durante um período, realizando uma série de contrações para segurá-los dentro do canal vaginal. Vale ressaltar que para fazer esses exercícios é necessária previamente a consulta com um ginecologista e em seguida procurar a orientação de um profissional especializado na área (ex: um fisioterapeuta uroginecológico, professores especializados), porque vale ressaltar que nem todas as mulheres podem realizar o pompoarismo, como por exemplo, mulheres com as distopias e/ou “bexiga caída”, nos casos de infecções nessa região, a utilização da técnica pode agravar esses quadros clínicos. Sendo também de extrema importância a higienização dos produtos utilizados (bolinhas de pompoar, tailandesas e/ou cones vaginais), com água e sabão antes e após a sua utilização.

O pompoarismo tem diversos benefícios físicos, a utilização da técnica de pompoar para realização de exercícios para os músculos do assoalho pélvico (vaginais) além de fortalecer essa musculatura, devolve a percepção dessa região pouco explorada pelas mulheres em qualquer fase da vida, e previne quadros de incontinência urinária e de distopias (a famosa bexiga e/ou útero caído) que acomete muitas mulheres na velhice. Além de proporcionar a melhora no funcionamento do trato urinário, proteger a flacidez vaginal, causada pelo envelhecimento ou gestações, e devolver a lubrificação vaginal, melhorando a performance sexual, devido o fortalecimento dessa musculatura que a técnica proporciona.

Conhecendo o seu próprio corpo

As manobras utilizadas na técnica de pompoar são produzidas através de uma associação de movimentos de quadril, como um sutil rebolar, inclinar para frente e para trás, inclinar para os lados, girar de leve para trás arrebitando o bumbum, etc. Também por diferentes contrações dos músculos abdominais e, como não poderia deixar de ser, por diferentes tipos de contração da região perineal. Podendo ser realizadas com intensidade e velocidade variável, em sequência ou de forma alternada. Isso vai variar muito de pessoa para pessoa.

A técnica de pompoarismo proporciona maior conhecimento sobre o próprio corpo da mulher, fazendo a mesma conhecer sua região vaginal, deixando de ser uma região do seu corpo mal explorada, quebrando tabus e preconceitos frente ao seu próprio corpo.

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A junção dos fatores que essa técnica proporciona faz com que a mulher consiga conhecer seu corpo trazendo benefícios durante a relação sexual, já que o orgasmo se caracteriza pela contração dos músculos da região pélvica. A mulher que pratica o pompoar adquire habilidades e controle sobre esta musculatura, facilitando o orgasmo.

Como fisioterapeuta sempre aconselho as iniciantes da técnica, imaginar a região perineal (região vaginal) – seus músculos, pois aliar o trabalho mental ao físico é muito importante, sendo fundamental acompanhar os movimentos com o auxílio de um espelho, para assim conhecerem a si mesmas, algo que não temos o costume de nos observar, mas se faz necessário. Como vou conhecer o que me gera prazer, se não observo meu corpo?

Os exercícios de pompoar geram efeitos benéficos em mulheres em qualquer faixa etária, mas principalmente em mulheres idosas que sofrem com as alterações hormonais da fase menopausal, devido à diminuição do estrogênio que torna a região vaginal mais flácida e menos lubrificada, gerando muitas vezes dor durante a relação sexual, diminuindo o prazer sexual e a libido da mulher. Observamos que quando a mulher começa a perceber os resultados da técnica, a sua autoestima muda muito, tornando-se uma mulher mais atenta ao seu corpo, independente da sua idade, fazendo com que todos ao redor percebam essa mudança, trazendo benefícios para ela, seu parceiro e seu relacionamento.

Costumo dizer que “para sentir prazer durante a relação sexual a mulher, além da afetividade, carinho e companheirismo com o parceiro, precisa conhecer sua vagina e torna-la “receptiva”, ou seja, ter uma “vagina lubrificada”. Com os exercícios e as orientações adequadas de um profissional apto para aplicar a técnica de pompoar, a mulher começa a se conhecer e deixar de achar que sua vagina não existe, achar que sua vagina é um “corpo estranho”.

Por causa de diversos fatores, preconceitos culturais e sociais, a mulher ao longo de sua vida deixa de se tocar e assim saber o que lhe gera prazer. Ela não se autoconhece e a fisioterapia uroginecológica, por meio de recursos como os cones vaginais, traz a essa mulher, idosa ou não, o seu autoconhecimento, entendendo que sentir prazer não é vergonhoso e sim algo inerente a qualquer fase da vida.

(*)Helen Keller Frank Conceição Leal de Oliveira – Fisioterapeuta e mestranda em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Participa como fisioterapeuta colaboradora e pesquisadora do Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha (HMEC), localizado na zona norte de São Paulo, onde há um grupo de pesquisa com enfoque em temáticas relacionadas à saúde da mulher.

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