Neste Dia de Finados lamentamos as muitas mortes que não puderam ter os rituais de despedida pelas restrições impostas pela pandemia.
Desde o século XIII o dia dos mortos é comemorado em 2 de novembro, porque 1 de novembro é a Festa de Todos os Santos. Mas desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. A obrigatoriedade a dedicar-se um dia aos mortos vem desde o século XI quando os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigaram a comunidade a homenageá-los, uma forma do luto ser processado.
Hoje, por conta do coronavírus, as celebrações deste 2 de novembro de 2020 serão com muitas restrições sanitárias: máscaras, álcool gel e distanciamento físico de dois metros. No estado de São Paulo o governo autorizou os cemitérios a abrirem, desde que autorizados também por cada prefeitura. Será uma maneira de lidar com a concretude de vidas que partiram sem ao menos seus familiares se despedirem. Para muitos, um ritual fundamental para as despedidas interrompidas, uma vez que os lutos dos óbitos por covid-19, não foram vivenciados.
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Como já mencionamos em outra matéria aqui no Portal do Envelhecimento, essa despedida interrompida começa bem antes da morte no hospital, por covid-19 e outros motivos, ao não autorizarem “em suas dependências a presença de qualquer pessoa, que não a do próprio doente, enquanto durar a internação”.
Em declaração à imprensa nacional, Tom Almeida, fundador do movimento inFinito, que trata de assuntos sobrea a vida e a morte, comentou que “Estima-se que para cada pessoa que morreu, há de 4 a 10 pessoas enlutadas. Considerando que o Brasil já teve aproximadamente 160 mil mortes por covid-19, há um número muito grande de pessoas para quem será muito desafiador passar por esse Dia de Finados”.
Ir ao cemitério, plantar uma árvore onde seja, reunir-se com os familiares e amigos de forma virtual, conversar sobre a pessoa que se foi com os que ficaram ou simplesmente brindar a vida, são rituais muito importantes que ajudam a lidar com a dor que se sente pela saudade daquele que partiu… Dor que faz parte do processo do luto.
A Associação de Cemitérios e Crematórios do Brasil e do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Acembra-Sincep), está estimulando os cemitérios a organizarem painéis virtuais com fotos e mensagens enviadas pelas famílias e amigos em homenagem aos entes queridos, evitando assim a presença de pessoas.
“Cuidar da Saudade”
Para quem quiser prestar tributo aos entes queridos que partiram, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou uma campanha para este Dia de Finados como forma de homenagear aqueles que faleceram além de contribuir positivamente com o meio ambiente: plantar uma árvore em memória dos entes falecidos.
A campanha convida as pessoas a publicarem uma foto no Instagram plantando a árvore e contando a história de quem recebe a homenagem utilizando a hashtag #CuidarDaSaudade. As fotos serão publicadas no site da campanha.
Foto de destaque: Arquivo Agência Brasil.