Fatores ambientais têm um impacto significativamente maior no risco de morte (17%) do que a predisposição genética (menos de 2%).
O aumento da expectativa de vida tem provocado maior interesse a cada dia, pois é um fenômeno que impacta diversos aspectos da sociedade. Não é apenas um fator biológico, alterando as relações sociais, econômicas e até culturais, em especial no contexto urbano. O estudo que mediu os diversos fatores esclarece quais são as principais conclusões.
Genética x estilo de vida
Um novo estudo publicado na revista Nature mostrou que o estilo de vida, como fumar ou manter uma rotina de atividade física, pode ter um impacto maior na saúde e no envelhecimento do que a genética. Já é visível que estamos vivendo mais e melhor, vista a presença mais significativa de pessoas idosas ativas em ambientes públicos. Por que esse é um fato tão notável?
“Segundo o estudo, fatores ambientais (incluindo o estilo de vida) explicaram 17% da variação no risco de morte, em comparação com menos de 2% explicados pela predisposição genética”, ressalta matéria divulgada pela CNN Brasil.
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Foram identificados 24 fatores ambientais e, entre eles, destacam-se as condições de vida como fator de impacto na mortalidade e no envelhecimento biológico. Já que passamos muito tempo em casa, fica evidente que esse é um fator importante para a qualidade de vida.
A jornalista da CNN Brasil explica ainda que “os pesquisadores utilizaram uma medida única de envelhecimento, com base nos níveis de proteína no sangue, para monitorar a rapidez com que as pessoas estão envelhecendo. Isso permitiu que eles vinculassem exposições ambientais que preveem mortalidade precoce com envelhecimento biológico.”
Quais são os fatores relacionados com a moradia?
O estudo elencou aspectos relativos a hábitos e comportamento, tais como tabagismo, mas acrescenta outros como condição socioeconômica e ocupação laboral. Mas a configuração da convivência entre moradores na mesma residência também pode interferir na qualidade de vida do grupo.

Ser proprietário ou inquilino do imóvel também pode significar um fator ambiental, tal como o tempo de permanência no imóvel, o que leva a supor a possibilidade de interações sociais mais frequentes entre vizinhos, criando condição de pertencimento ao lugar. A permanência excessiva em casa pode determinar um comportamento sedentário e uma tendência ao isolamento, levando a quadros de ansiedade e depressão, fatores evidentes de perda da qualidade de vida.
Sendo localizado próxima a áreas barulhentas, a poluição sonora interfere no bem-estar ao longo do dia, mas torna-se um grave condicionante para perdas quando perturba o sono e impede o repouso restaurador.
A alta frequência de noites mal dormidas provoca irritação, alteração do apetite e dificuldade de concentração, agravando ainda mais a tendência ao isolamento.
A poluição atmosférica igualmente dificulta a manutenção dos ambientes e pode causar alergias, portanto é outro fator estressante que provoca mudança nas condições de vida. A presença de sol, especialmente pela manhã, possibilita higienização de ambientes de dormir, sendo importantes para garantir boas condições de permanência por longos períodos durante a noite.
Mudanças climáticas
O aumento das temperaturas e o degelo das calotas polares têm impactado o mundo todo com efeitos nocivos à saúde. Desidratação, excesso de sol na pele desprotegida e cansaço pelo calor são efeitos que passaram a ser contados como fatores ambientais impactantes.
O aumento da quantidade de chuva, juntamente com ventos e raios em tempestades, provoca inundações e desbarrancamentos, mas criam condições para proliferação de mofo e fungos em ambientes pouco ventilados, oferecendo riscos de problemas respiratórios.
Se contarmos, ainda, com os obstáculos à livre circulação rotineira em função de quedas de árvores e alagamentos, há a possibilidade da criação de insetos e roedores como vetores de doenças. A moradia vai além dos limites da unidade habitacional, sendo esses fatores ambientais igualmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar.
Soluções alternativas
Fatores ambientais que impactam a possibilidade de viver mais e melhor nem sempre podem ser controlados. Nos ambientes privados, manter o imóvel ventilado reduz muito o risco de doenças respiratórias, mas somente se mantida a limpeza básica para redução da poeira.
Permitir a entrada do sol, controlando o momento quando se torna excessivamente quente, é altamente recomendável. As altas temperaturas dependem da possibilidade de boa ventilação ou do uso de sistemas mecânicos, condicionando o ambiente.
Móveis devem ser úteis, evitando excessos que podem se tornar armadilhas que levem a quedas, assim como tapetes são importantes para sons aconchegantes, mas não devem estar em posições soltas ou com pontas levantadas. A composição dos ambientes deve ser agradável e ao gosto do ocupante, com elementos complementares que tragam sensações agradáveis.
Sons agradáveis são sempre bem-vindos, mas ruídos podem ser minimizados com vidros duplos ou cortinas adequadas. O ambiente de dormir, em especial, precisa oferecer condição para um repouso adequado.
Foto de Giovana Spiller/pexels.
