Estudar eleva a autoestima, previne doenças e melhora depressão

Parece que com o tempo, talvez com o processo gradual de amadurecimento, algumas coisas na vida vão se tornando cada vez mais importantes e ocupando lugar de destaque no nosso ranking particular de desejos. O conhecimento adquirido pelo estudo ocupa hoje o topo da lista de prioridades de muitas pessoas, principalmente daquelas com mais de 50 anos.

 

 

estudar-eleva-a-autoestima-previne-doencas-e-melhora-depressaoHomens ou mulheres, não importa, todos querem conhecer mais. Estudar por prazer. E não se trata de compras ou supérfluos e sim de um saber especial sobre tudo, realizar sonhos que ficaram para trás, porém não esquecidos, só adormecidos. É o caso do ex-fuzileiro naval Luis Carlos Fernandes, 67, que durante 40 anos, acalentou o sonho de entrar para uma universidade.

É o que nos conta a matéria intitulada Brasileiros com mais de 50 anos redescobrem o prazer de estudar, assinada por Maria Luisa Barros e foto de João Laet (Agência O Dia), a qual cita que Luiz Carlos realizou um sonho perseguido por 1 milhão de estudantes brasileiros com mais de 50 anos que acabaram redescobrindo o prazer pelos livros e uma nova chance de voltar ao mercado de trabalho.

Estudar é cuidar também da memória, pois envolve leitura e ler é o melhor exercício para o cérebro que em milissegundos faz um inventário de palavras, imagens e conceitos. Especialistas costumam dizer que não tem outra atividade intelectual tão intensa como a leitura, que exija velocidade e pesquisa de tantos acervos de memória de diferentes tipos.

E voltar a estudar quando já se tem mais de 50 anos demonstra que quando se têm um objetivo, dribla-se a barreira do tempo, implacável com seus empecilhos e pedregulhos pelo caminho. O aposentado, por exemplo, teve que adiar seus planos acadêmicos porque precisava ajudar no sustento da família. E, surpreendentemente, foi num momento de crise em 2006 que Luiz Carlos viu no curso de Direito a oportunidade para começar vida nova. Às vezes é assim, precisamos chegar no mais profundo breu para encontrar outros caminhos possíveis e que nos façam felizes.

Dados do IBGE assinalam que em 2010 haviam 19,28 milhões de brasileiros acima dos 60 anos. Há 20 anos, não chegavam a 10 milhões. Com o crescente número de pessoas em processo de envelhecimento da população brasileira, cada vez mais, vemos casos de pessoas como Luiz Carlos, Emília Sylvia e tantas outras pessoas, a retomarem a vida social e produtiva através dos estudos.

Mas como nem tudo são flores, Luiz Carlos se viu diante de muitas dificuldades, aponta o artigo. Com o dinheiro da aposentadoria que recebia da Marinha, ele poderia arcar com os custos de transporte, compra de livros e alimentação? Com determinação e porque não dizer, aprendendo a fazer cocadas para custear seus gastos na universidade. Ele conta no artigo que: “Acordava às 5h para estudar e ficava até de madrugada fazendo 40 unidades, vendendo a R$ 1 cada”.

Tanto esforço foi recompensado. Ele se formou no início do ano sem repetir nenhuma matéria durante todo o curso e declara : “Tive de dar o exemplo. Moro longe e sempre cheguei no horário. Quando alguém reclamava da vida, sempre oferecia uma palavra de incentivo”, diz, orgulhoso, o novo bacharel em Direito, que agora se prepara para o concurso de delegado.

estudar-eleva-a-autoestima-previne-doencas-e-melhora-depressaoO que dizem os especialistas

Alguns idosos como é o caso da advogada Emília Sylvia, 76 anos, citada também na matéria, que já está na sua terceira faculdade. Ela explica: “O estudo é uma terapia para mim. Quando aprendo, descanso a cabeça”.

A psicanalista Marta Pires Relvas, da Sociedade Brasileira de Neurociência afirma que estudar eleva a autoestima, previne doenças e melhora a depressão. Segundo ela, a motivação ativa o sistema límbico do cérebro, região que está ligada às emoções e ao prazer. A ação produz substâncias como oxitocina e serotonina, que estimulam a capacidade cognitiva de pensar e de memorizar. Quanto mais se aprende, maior o número de conexões neurais que se formam.

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“O cérebro aprende o tempo todo. No início, há uma dificuldade normal. Mas quando o idoso descobre que é capaz, ninguém segura. São os mais dedicados”, esclarece a psicanalista à repórter.

Estudar línguas

Para os cientistas da Northwestern University, também o bilinguismo é uma forma de treinamento do cérebro – uma “ginástica” mental que apura a mente. Testes de laboratório revelaram que falar duas línguas afeta profundamente o cérebro e muda a forma como o sistema nervoso reage ao som.

Esse estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences e contou com uma equipe de pesquisadores que monitoraram as respostas do cérebro de 48 estudantes voluntários saudáveis – 23 dos quais bilíngues – a sons diferentes. Este estudo foi comentado no artigo Aprender segunda língua pode aumentar poder do cérebro, dizem cientistas, publicado pela BBC Brasil no dia 02 de maio (ver referencia abaixo).

Diz a matéria que sob condições laboratoriais silenciosas, os dois grupos – o bilíngue e o de alunos que somente falavam inglês – responderam da mesma forma. Mas em um contexto de conversa barulhenta, o grupo bilíngue foi muito superior em processar os sons.

Eles eram mais capazes de sintonizar informações importantes – a voz do orador – e bloquear outros ruídos que distraem – as conversas de fundo. As diferenças de resposta dos dois grupos foram visíveis no cérebro. As reações do tronco cerebral dos que falam duas línguas foram intensificadas.

Nina Kraus, professora que coordenou a pesquisa, assinala que “A experiência do bilíngue é aprimorada, com resultados sólidos em um sistema auditivo que é altamente eficiente, flexível e focado no seu processamento automático de som, especialmente em condições complexas de escuta”.

Segundo ela, “As pessoas fazem palavras cruzadas e outras atividades para manter suas mentes afiadas. Mas as vantagens que temos descoberto em falantes de mais de uma língua vem simples e automaticamente de conhecerem e usarem dois idiomas”.

“Parece que os benefícios do bilinguismo são particularmente poderosos e amplos, e incluem a atenção, seleção e codificação de som”, acrescenta a professora. A matéria da BBC Brasil ainda ponta que “pesquisas anteriores também sugerem que ser bilíngue pode ajudar a afastar a demência”.

Proliferam pesquisas para o entendimento do funcionamento do cérebro, entretanto devemos sempre ter cautela, pois quando se fala em demência, muitos são os fatores implicados no processo. Mas é sempre bom saber que os estudos caminham de mãos dadas com o aprendizado contínuo, cada vez mais elaborado e mais prazeroso.

Referências

BARROS, M.L. (2012). Brasileiros com mais de 50 anos redescobrem o prazer de estudar. Disponível Aqui. Acesso em 12/06/2012.

BBC BRASIL (2012). Aprender segunda língua pode aumentar poder do cérebro, dizem cientistas. Disponível Aqui. Acesso em 07/05/2012.

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