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Educação continuada e a Gerontologia Social

A partir das experiências, ou seja, das sensações do vivido, se elaboram conhecimentos formais e informais sobre o mundo e tudo que ele envolve, o processo de viver e morrer.


“A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca”, afirma Larrosa em Tremores – Escritos sobre a experiência (2015), autor que trazemos aqui para falar da importância das sensações do vivido, pois é a partir delas que os indivíduos elaboram conhecimentos formais e informais sobre o mundo. É o que chamamos de saberes múltiplos, possíveis de serem partilhados em espaços de mediação dialógicos, como os espaços de educação continuada, formais e informais, que são verdadeiros ‘laboratórios’ de (re) construção de seres e saberes por meio da interação dialógica, considerada por Freire (1980; 2005) como necessidade existencial. 

Esses saberes múltiplos, elaborados a partir das sensações do vivido, podem ser lidos na Revista Longeviver, edição 8 (Experiência e Sentido em Gerontologia Social), que está no ar. Ela foi organizada pela professora Bernadete de Oliveira, a partir de artigos escritos por profissionais em processo de educação continuada dos cursos de Especialização em Gerontologia, oferecido pelo Instituto Sedes Sapientae. Neles os participantes refletem e relatam suas experiências e saberes de vida-trabalho em narrativas de projetos já implantados ou em processo de organização. 

A política de educação continuada foi ratificada pela Comissão Europeia, no ano 2000 em Lisboa, no documento Memorandum sobre a educação e a formação ao longo da vida. Nele se afirma a educação ao longo da vida (lifelong learning) como as oportunidades educacionais e de aprendizado para adultos em geral, visando promover melhor qualidade de vida, e instrumentalizar os indivíduos no processo contínuo de transformação, e que ela “deve acompanhar uma transição bem sucedida para uma economia e uma sociedade assentes no conhecimento”.

Na área da Gerontologia Social a educação continuada, na perspectiva crítica e interdisciplinar – aliando teoria e prática dos diferentes profissionais –, pode ser considerada caminho do conhecimento que resulte em ações e pesquisas comprometidas e vinculadas à vida cotidiana dos milhões de brasileiros idosos, em questões relacionadas à identidade e subjetividade, às trocas sociais e afetivas, à saúde, à previdência social, ao trabalho, à família e às políticas públicas, dentre outras, encontram-se na pauta dos recentes estudos e pesquisas.

A edição 8, temática, da Revista Longeviver, demonstra que o exercício de reaprender e refazer, individual e coletivo, se concretiza no movimento da escuta sensível de nós mesmos e dos outros. Portanto, descobrir, construir, aprender e ensinar com e a partir da intersubjetividade, visando a intenção da troca e ampliação de saberes-fazeres faz parte dos espaços de mediação dialógica, como este aqui, que compartilha gentilmente sensações do vivido.

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Convidamos nossos leitores a lerem a edição 8 da Revista Longeviver!

Referências

COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES, 2000, p. 3. http://arhiv.acs.si/dokumenti/Memorandum_on_Lifelong_Learning.pdf. Acesso em 30 ago 2020.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 10 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra (31ª ed.), 2005.
LARROSA, J. Tremores. Escritos sobre a experiência. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.


Vera Brandão

Pedagoga (USP); Mestre e Doutora em Ciências Sociais (PUCSP); com Pós.doc em Gerontologia Social pela PUCSP. Docente. Pesquisadora do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE-PUC/SP). Editora da Revista Longeviver (https://revistalongeviver.com.br) e Coordenadora Pedagógica do Espaço Longeviver. E-mail: veratordinobrandao@hotmail.com

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