Como podemos identificar o que é um breve esquecimento da perda de memória irreversível? Devemos comparar a pessoa com ela mesma em uma fase anterior, quando mais jovem. Se esta pessoa sempre foi esquecida e continua da mesma forma, não vemos grandes preocupações. Porém, se ela sempre teve uma boa memória e, de repente, começa a não se lembrar de nada, é importante buscar ajuda.
Simone de Cássia Freitas Manzaro (*)
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“No começo notei certa confusão com algumas coisas simples, alguns nomes trocados, algumas sílabas puladas, a repetição de um mesmo assunto várias vezes, várias ligações durante o dia para contar a mesma coisa, achei que era coisa da idade. Depois observei que essa confusão estava aumentando sorrateiramente, de início foi em relação à higiene pessoal, a casa bagunçada e um forte cheiro de urina, depois, confusões e esquecimentos relacionados ao seu próprio trabalho, chegando a perder prazos e datas para entrega de documentos jurídicos. Como ele sempre morou sozinho nunca notei nada a não ser quando fui procurada por pessoas próximas. Talvez eu tenha me dado conta tarde demais”.
Começo meu texto com esse relato, muito parecido com tantos outros que nos chegam sempre. No começo qualquer alteração parece fazer parte do envelhecimento, parece que não se tem muito tempo para observar o que está a nossa volta, algumas coisas acabam passando despercebidas aos olhos de todos, grande parte das pessoas não compreende que, neste mínimo evento que está ocorrendo, pode estar escondido um grande vilão que, nos dias atuais, assombra e amedronta boa parte das pessoas que já passaram dos 50 anos.
Quando falamos em esquecimento, pensamos que este só ocorre em pessoas mais velhas e que, de alguma forma, faz parte do envelhecimento considerado normal. Porém, o que muitos não sabem é que esquecimentos podem ocorrer em qualquer fase da vida porque estão atrelados a outros aspectos como: estresse, insônia, má alimentação, desidratação, uso de medicamentos entre outros. Geralmente são breves esquecimentos e que não interferem na nossa rotina de vida diária nem tampouco em nossa vida.
Porém, quando percebemos que, estes esquecimentos deixam de ser breves para serem rotineiros, acarretando em dificuldades com as nossas atividades de vida diária e em outras situações da nossa vida, é sinal de que algo não está bem e precisa ser investigado, pois pode ser sinal de perda de memória, e esta é irreversível, podendo ser indicativo de doença neurológica como demência, e mais especificamente Alzheimer.
Mas como podemos identificar o que é um breve esquecimento da perda de memória irreversível?
Costumamos dizer que devemos comparar a pessoa com ela mesma em uma fase anterior, quando mais jovem. Se esta pessoa sempre foi esquecida e continua da mesma forma, não vemos grandes preocupações. Porém, se a pessoa sempre teve uma boa memória, sempre lembrava a data de aniversário de todos da família, os números de telefone e etc.; e, de repente começa a não se lembrar de nada, é importante buscar avaliação de um médico especialista e a partir dele seguir novas orientações.
Já dizia o grande escritor francês Alphonse Karr, “O esquecimento é a morte de tudo o que vive no coração”.
Portanto, o quanto antes puder identificar qualquer alteração neurológica em seu ente querido, não perca tempo em procurar auxílio médico. Quanto antes diagnosticar, mais tempo teremos para cuidar.
(*) Simone de Cássia Freitas Manzaro – Psicóloga formada pela Universidade Nove de Julho, realiza atendimento psicológico de adultos e idosos. É voluntária na Associação Brasileira de Alzheimer-ABRAz. Possui experiência em estimulação cognitiva para pacientes com demências, principalmente Demência de Alzheimer; atua também com estimulação cognitiva preventiva; Realiza consultoria gerontológica, orientando familiares e cuidadores, criando estratégias e atividades para lidar com o paciente no dia a dia, supervisionando treinamento prático. É membro colaborador do site Portal do Envelhecimento. E-mail: simonemanzaro@gmail.com