Em temos econômicos, o envelhecimento populacional gerou o surgimento de dois conceitos que coexistem e que são praticamente sinônimos: “Longevity Economy” e “Silver Economy”. A diferença entre estes dois termos é a inclusão do impacto do consumo dos 50+ e o foco na longevidade para um e a inclusão do trabalho e o foco no envelhecimento, para outro.
Ana João Sepulveda (*)
Portugal – Nestes últimos dias tenho andado a ver o que há de “Economia da Longevidade” no Orçamento do Estado para 2020. Simultaneamente, tenho estado a estudar o que países como a Irlanda, Austrália ou Japão estão a fazer neste mesmo domínio. A bandeira da Economia da Longevidade é a minha bandeira faz já muito tempo. Assim, quero com este pequeno artigo, dar início a um conjunto de reflexões sobre o tema e a sua importância para o nosso país.
Mas vamos começar pelo princípio porque assim as coisas ficam mais bonitinhas: o que significa o termo “Economia da Longevidade” e porque utilizo esse termo e não outro, utilizado na Europa – Silver Economy (Economia Prateada).
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As melhorias das condições de vida tiveram como fruto o surgimento de um fenómeno demográfico que afeta todo o Globo – o aumento da esperança média de vida. O resultado desse aumento da esperança média de vida é conhecido como “envelhecimento da população”. Isto quer dizer que atualmente vivemos mais, temos mais longevidade.
O massivo impacto desta longevidade verifica-se a todos os níveis e um deles é na economia dos países. As empresas, grandes e pequenas, que têm um papel fundamental a desempenhar porque são um dos veículos de conversão das sociedades em sociedades inclusivas e sustentadas. A longevidade constitui uma vantagem para a humanidade, sem precedente.
Da mesma forma como as alterações climáticas alteram a realidade das pessoas, das empresas e das sociedades, neste século 21, também o envelhecimento das populações está a ter um impacto com enormes repercussões nas pessoas, nas famílias, negócios, cidades e nas relações de poder entre as nações.
Em temos económicos, este fenómeno demográfico gerou o surgimento de dois conceitos que coexistem e que são praticamente sinónimos: “Longevity Economy” e “Silver Economy”.
Imagem: Silver to Gold – Report Milken Institute
O termo “Silver Economy” é o mais utilizado a nível europeu e foi o primeiro a aparecer. A palavra “Silver” faz uma referência direta aos cabelos brancos das pessoas mais velhas. Quer com isto dizer que o termo “Silver Economy” refere-se à economia que tem os seniores como foco principal.
A “Silver Economy” refere-se às pessoas com 50 e mais anos de idade, seja no seu papel enquanto consumidor, seja no seu papel enquanto trabalhador, havendo, no entanto, um foco grande nas pessoas seniores com mais de 65 anos de idade (idade a partir da qual se considera que uma pessoa atinge a senioridade em termos etários).
O termo “Longevity Economy” foi definido pela Associação Americana de Pessoas Reformadas (AARP) como sendo a soma de toda a atividade econômica promovida pelas necessidades das pessoas com 50 anos ou mais, incluindo produtos e serviços comprados diretamente por este segmento da população, bem como toda a atividade económica geradas por este mesmo consumo.
A diferença entre estes dois termos é a inclusão do impacto do consumo dos 50+ e o foco na longevidade, na definição da AARP, e a inclusão do trabalho e o foco no envelhecimento, no termo “Silver Economy”.
Na 40+ Lab decidimos usar o termo “Longevity Economy” (trad. Literal: Economia da Longevidade) porque consideramos que do ponto de vista de promoção do desenvolvimento social e económico o foco na longevidade é mais positivo que o foco no envelhecimento. Mas também porque observamos que as organizações que consideramos mais inovadoras e que estão a abordar o tema da demografia de uma forma interessante e sustentada utilizam o termo “Longevity Economy”.
Porém, não o definimos da mesma forma como a AARP. Para mim e para a empresa que dirijo, o termo “Longevity Economy” significa: a economia gerada pelas pessoas com mais de 40 anos (os 40 anos representam a idade a partir da qual as pessoas começam a desenhar as suas estratégias para a segunda metade da vida), seja em termos de compra como de consumo, seja ainda em termos do seu contributo para o desenvolvimento económico enquanto trabalhadores ativos, sendo que aqui também incluímos o impacto do trabalho de voluntariado executado por estas pessoas. A isto somamos todo o investimento publico com o envelhecimento e com a promoção do envelhecimento sustentado.
(*) Ana João Sepulveda – Managing Partner da 40+ Lab. Presidente of the Age Friendly Portugal, Aging 2.0 Ambassador. Matéria reproduzida com autorização de sua autora. Publicação original em: https://www.linkedin.com/pulse/economia-da-longevidade-ana-jo%C3%A3o-sepulveda/
Imagem de destaque: Pixabay
Os editais do Fundo do Idoso lançados até o momento (Estadual e Municipal), para muitas organizações sociais que estão atuando com o segmento idoso é normalmente cheio de informações complexas de ler e entender. Mas a leitura de um edital é fundamental para saber o que se tem que ter para elaborar e apresentar um projeto que vá depois ajudar a consolidar ou ampliar o trabalho na região onde a organização atua. A não entrega de um documento ou o descumprimento de um quesito pode eliminar um bom projeto.