O resultado dessa baixa adesão dos pacientes ao tratamento prescrito “pode ser um determinante para o aumento do número de complicações como cegueira, problemas nos nervos, problemas de circulação do sangue e doenças renais, além da má qualidade de vida. A idade média do público foi de 62,7 anos, sendo 53,3% aposentados, com cerca de 6 anos de escolaridade.
Marcela Baggini/Redação Agência Usp
As mulheres são maioria, 58,3%, das pessoas diagnosticadas com diabetes e que fazem uso de medicamento oral na região Oeste de Ribeirão Preto (interior de São Paulo). É o que mostra uma pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. O estudo do pesquisador Pedro Tadeu Istilli também aponta que apenas 25% dos participantes aderem plenamente ao tratamento com medicamento oral e só 35% não se esquecem do horário do medicamento. Somente 55% acreditam que os remédios trarão resultados positivos.
Os diabéticos diagnosticados há menos de 5 anos (13%) acreditam mais no tratamento feito com medicamentos orais, do que aqueles que receberam o diagnóstico da doença há mais de 11 anos (63,4%). Esses, inclusive, apresentam resistência ao tratamento. O resultado dessa baixa adesão dos pacientes ao tratamento prescrito “pode ser um determinante para o aumento do número de complicações como cegueira, problemas nos nervos, problemas de circulação do sangue e doenças renais”, afirma Istilli. Além disso, de acordo com o pesquisador, esses pacientes podem desenvolver má qualidade de vida.
Segundo o autor da pesquisa, que analisou 60 pessoas do município, a Secretaria Municipal da Saúde forneceu as informações de 1.298 diabéticos que receberam insulina da farmácia pública em 2013. Desses, 98 aceitaram participar da pesquisa, mas apenas 60 preenchiam os pré-requisitos necessários, que eram utilizar o medicamento oral para o diabetes, ter idade maior que 18 anos e aceitar a participação na pesquisa.
A idade média do público foi de 62,7 anos, sendo 53,3% aposentados, com cerca de 6 anos de escolaridade. Durante o estudo, o pesquisador constatou que, além da diabetes, 75% os participantes também têm hipertensão arterial sistêmica. “Eles também estão com o Índice de Massa Corpórea (IMC) acima do normal e têm a circunferência abdominal alterada”, diz o pesquisador. Essas alterações aumentam os riscos de doenças cardiovasculares e contribuem para o aparecimento das complicações do diabetes. “Esta situação é consequência do estilo de vida dos pacientes estudados que não têm uma dieta balanceada e são sedentários”.
Para a pesquisa, Istilli utilizou o instrumento Brief Medication Questionnaire, também conhecido como BMQ, que avalia o quanto o paciente adere ao uso de medicamento oral. “Ele foi desenvolvido nos Estados Unidos em 1999, traduzido e validado para o Brasil em 2012”, relata. Os resultados obtidos com o BMQ não são apenas referentes à adesão ao tratamento, mas também à crença no medicamento e recordação em relação ao seu uso.
“Com isso, podemos avaliar se o paciente acredita ou não no medicamento e a capacidade dele de se lembrar de tomar o remédio, isso demonstra como a adesão é complexa, pois não devemos focar apenas no medicamento”, explica Istilli.
A dissertação Adesão ao agente antidiabético oral de pessoas com Diabetes mellitus: uso do Brief Medication Questionnaire, orientada pela professora Marta Cristiane Alves Pereira, foi defendida em julho de 2014.
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