O principal tema de cuidados paliativos em 2025 é o “Acesso universal e a garantia de qualidade e equidade no atendimento”.
Ana Beatriz S. Ferraz (*)
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O acesso universal e a garantia de qualidade e equidade(1) no atendimento, reforçando a importância de uma política pública que aborde as necessidades dos pacientes e familiares será o tema principal dos cuidados paliativos em 2025. Esse tema tem o compromisso global de garantir que todos, independentemente de sua condição social ou localização, tenham acesso a cuidados paliativos que respeitem sua dignidade e aliviam o sofrimento no final da vida.
Mas qual a importância dos Cuidados Paliativos?
O artigo “Cuidados Paliativos: benefícios, barreiras e desafios” de Nazaré Jacobucci traz pontos importantes para a compreensão sobre os cuidados paliativos, abordando as barreiras que ainda limitam o acesso a esse tipo de atendimento e os desafios enfrentados para expandi-los adequadamente no sistema de saúde.
De acordo com o artigo, os cuidados paliativos têm como objetivo aliviar o sofrimento de pacientes com doenças graves e sem possibilidade de cura, buscando melhorar sua qualidade de vida por meio de uma abordagem multidisciplinar que considera os aspectos físicos, psíquicos, sociais e espirituais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o cuidado paliativo como uma forma de tratamento que se concentra na prevenção e alívio da dor, respeitando a vida e a dignidade da pessoa, sem acelerar a morte nem prolongá-la artificialmente.
Segundo Nazaré Jacobucci, os benefícios desse modelo de cuidado vão desde o controle eficaz da dor e alívio de sintomas até a redução de custos ao possibilitar a transferência do paciente para ambientes mais confortáveis, como o lar ou hospices(2). Além disso, os cuidados paliativos contribuem para o bem-estar dos cuidadores, oferecendo apoio emocional e redução do estresse, o que ajuda a suavizar o processo de luto.
Ainda segundo a autora, há barreiras ao acesso aos cuidados paliativos, como a falta de recursos, o desconhecimento sobre a natureza e os benefícios do cuidado paliativo por parte dos profissionais de saúde e a relutância de pacientes e famílias, que muitas vezes associam esses cuidados à proximidade da morte. Em países de baixa e média renda, como o Brasil, a dificuldade de acesso a opióides e outros medicamentos necessários para o manejo da dor representa um obstáculo crítico.
Além disso, o desafio para ampliar a oferta de cuidados paliativos envolve a integração efetiva ao sistema de saúde, superando as barreiras que ainda limitam o acesso a esse atendimento especializado. Para Jacobucci, embora a importância dos cuidados paliativos seja reconhecida, muitas vezes o ensino dessa abordagem é negligenciado nos programas de residência, dificultando a formação de médicos capacitados para oferecer esse tipo de assistência.
Jacobucci assinala que para que a mudança aconteça, é importante que as equipes de cuidados paliativos trabalhem de maneira integrada com outros profissionais de saúde, participando ativamente de discussões clínicas e contribuindo para a formação contínua dentro das instituições de ensino.
Notas
(1) Equidade refere-se à justiça e imparcialidade na distribuição de recursos, oportunidades e tratamento entre diferentes indivíduos ou grupos, considerando suas necessidades específicas e contextos. Em vez de tratar todos de forma igual, a equidade visa dar a cada pessoa o que ela precisa para que todos tenham acesso às mesmas oportunidades, reconhecendo e ajustando desequilíbrios. A equidade é um conceito fundamental em diversos contextos, incluindo o social, político, econômico e jurídico. Ela se diferencia da igualdade, que se refere a tratar todos de forma idêntica, sem considerar suas necessidades individuais ou contextos.
(2) Hospice é um tipo de assistência especializada e um modelo de cuidados paliativos, destinado a pacientes com doenças avançadas e terminais, focando no conforto, dignidade e apoio emocional para o paciente e sua família. É uma filosofia de cuidado que visa melhorar a qualidade de vida durante os últimos meses de vida, priorizando o alívio da dor e do sofrimento, além de atender às necessidades emocionais e espirituais do paciente e seus familiares.
Serviço
Minicurso: Últimos Socorros, para, no final, saber o que fazer
Objetivo: inspirado no movimento “Last Aid”, o curso foi criado com o objetivo de capacitar qualquer pessoa, profissional da saúde ou não, para oferecer apoio a quem está em fase terminal da vida. O curso está disponível no Brasil desde 2020, promovendo um cuidado mais humanizado e digno no momento final da vida, tanto para a pessoa que está partindo quanto para as pessoas em seu entorno. O curso aborda a redução do sofrimento, o alívio das necessidades físicas e emocionais e a promoção de uma morte com mais dignidade e menos intervenções médicas desnecessárias. Além disso, fortalece os laços sociais e contribui para o bem-estar coletivo, criando comunidades mais compassivas. Este ano, o minicurso acontecerá no Espaço Longeviver do Portal do Envelhecimento, em São Paulo, com vagas limitadas.
Data: 24/05 (sábado)
Horário: 9h às 13h
Modalidade: presencial
Vagas: limitadas
Local: Espaço Longeviver – Av. Pedro Severino Júnior, 366, Sala 166, – Vila Guarani, São Paulo/SP (Próximo ao metrô Conceição – Linha Azul)
Informações: https://edicoes.portaldoenvelhecimento.com.br/novo/courses/curso-presencial-ultimos-socorros/
(*) Ana Beatriz S. Ferraz é bacharelanda em Gerontologia pela Universidade de São Paulo. Atualmente é estagiária no Portal do Envelhecimento e Longeviver. www.linkedin.com/in/ana-beatriz-s-ferraz-a3a7a2132
Foto de Ron Lach/pexels.
