Como estamos envelhecendo: o indivíduo, a sociedade e o Brasil?

como-estamos-envelhecendo-o-individuo-a-sociedade-e-o-brasilA Geriatria está ainda muito presa a condutas de ordem médicas, incorporando em seu mundo, apenas profissionais da saúde. Faz-se urgente agregar fatores essencialmente humanos em suas condutas. Estudos geriátricos fazem grandes evoluções na sua área, mas isso não basta. É pouco para o envelhecer que precisa ser visto com toda sua grandeza.

Cristiane T. Pomeranz *

No Centro de Eventos do Ceará, entre 8 e 11 de junho, aconteceu o XX Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia. Uma oportunidade para que pessoas e profissionais envolvidos com o envelhecimento pudessem trocar saberes.

Ao olhar a programação, é possível notar que a área médica imperou na sua maioria. Mas não podemos negar o esforço feito pela Comissão Científica da Gerontologia para tornar este congresso, não apenas um encontro de doutores, mas uma oportunidade de apresentar questões mais sensíveis e humanas ao olhar Gerontológico e Geriátrico.

Enquanto médicos debatiam sobre questões essenciais ligadas ao envelhecimento do corpo físico, a fala da Psicóloga, Gerontóloga e referência em Cuidados Paliativos, Ligia Py, tocava nossa alma, e ao final do dia, percebíamos que algo em nós havia sido modificado.

Um discurso que falava da fundamental importância de tirar o foco da doença para colocar a própria pessoa como eixo principal, com toda sua plenitude. Enquanto doutores debatiam sobre tratamentos e intervenções farmacológicas, Ligia nos falava de questões sutis ligadas ao envelhecimento. Vida e morte faziam parte do contexto.

Ênfase foi dada à possibilidade do sublime.

Em seu discurso, que mais parecia um canto gregoriano, ela foi capaz de atingir corações, emocionar e nos fazer pensar questões fundamentais para nossa existência. Sua entoação influenciava a nossa percepção do mundo, da vida e da morte e parecia proporcionar uma união com o espiritual.

A morte era dita como uma parte da vida e Ligia afirmava, a todo instante, a importância de vivê-la com a mesma harmonia das vozes lindamente afinadas numa tocante música vocal.

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Sua fala dizia que sublime é aquilo que nos afeta, exatamente porque podemos percebê-lo como ilimitado. É a sensação estética de apreciar experiências de prazer como ver um por do sol ou ler um poema.

Com ela, pensamos e nos questionamos sobre o fim da nossa existência e o quanto nossa condição de seres humanos é finita.

E de sala em sala, de palestra a palestra entendíamos a importância de um saber amplo, necessário para interferências eficazes nas velhices.

A Geriatria era maioria, mas 70% do público inscrito não era médico.

Faz-se necessário ressaltar que neste XX CBGG se abriu um espaço para que outras condutas a favor da qualidade de vida nas velhices fossem apresentadas. Falar de outras intervenções como a musicoterapia e a arteterapia é um grande passo a favor do humano em um congresso muito mais geriatra do que gerontológico.

como-estamos-envelhecendo-o-individuo-a-sociedade-e-o-brasilA Geriatria está ainda muito presa a condutas de ordem médicas, incorporando em seu mundo, apenas profissionais da saúde. Faz-se urgente agregar fatores essencialmente humanos em suas condutas. Estudos geriátricos fazem grandes evoluções na sua área, mas isso não basta. É pouco para o envelhecer que precisa ser visto com toda sua grandeza.

A Arteterapia, no Brasil, aindTive a honra de participar com uma palestra intitulada: Arteterapia, ações inovadoras na Gerontologia. Penso que este foi o pontapé inicial para o começo de uma pequena batalha que me deram a honra de participar.

É preciso e é fundamental esclarecer dúvidas e apresentar a quem trabalha com o envelhecimento, essa área de atuação tão capaz de proporcionar mudanças significativas na vida dos idosos que fazem uso dessa prática. A Arte é o sublime em forma de expressão.a engatinha e se esforça para ser compreendida como poderosa conduta de intervenção nas velhices. A Gerontologia, com toda sua versatilidade multidisciplinar e transdisciplinar, ainda desconhece essa potente forma de interferência. É inadmissível para profissionais que precisam ter amplitude no olhar para exercer seus ofícios, desconhecerem práticas positivas e inovadoras em seu conceito e ação.

O caminho é longo, mas o caminhar é em direção a um futuro com maiores possibilidades, mais humanas e sensíveis a quem vive a velhice. Com toda sua heterogeneidade. Seja qual velhice for. Para todas elas, a arteterapia é uma possibilidade engrandecedora de viver essa fase da vida.

* Cristiane T. Pomeranz é arteterapeuta, entusiasta da vida e da arte e mestranda em Gerontologia Social PUC-SP. Email: [email protected]

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