Como conduzir o atendimento de um familiar grosseiro e intimidador?

Como conduzir o atendimento de um familiar grosseiro e intimidador?

Em um contexto de violência, nem sempre é possível evitar atender pessoas com perfil agressivo ou intimidador, no entanto é possível e necessário estabelecer limites de segurança.


Durante meu trabalho como técnica de referência no atendimento de pessoas idosas no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), enfrentei o desafio de atender diversos autores de violência. Cada atendimento foi uma experiência única, com seus próprios desdobramentos e complexidades.

Ao analisar criticamente os padrões de comportamento dos autores de violência contra pessoas idosas, pude desenvolver condutas técnicas que não viessem a prejudicar a pessoa idoso em minha ausência e consegui na medida do possível, melhorar a qualidade do atendimento e lidar com mais segurança com familiares e pessoas difíceis.

Vamos conhecer essas condutas?

1 – Não saia fazendo ameaças e acusações

Enquanto profissional o seu papel é agir com cautela diante dos autores ou supostos autores de violência.

Quando se trata de denúncias ou evidências sobre a violência contra o/a idoso, prevê que o ambiente seja tenso e que os diálogos sejam difíceis, por isso jamais reaja com acusações ou ameaças aos familiares na prestação do atendimento social. O seu trabalho é prestar orientações e promover a proteção social da pessoa idosa, em hipótese alguma acusar em primeira pessoa.

Esse tipo de comportamento não é uma atitude ética e profissional e com certeza vai piorar ainda mais a situação e pode acabar prejudicando a pessoa idosa que está tendo seus direitos violados e pode sofrer represálias desse familiar.

2 – Mostre que você está ali para ouvir essa pessoa

Você, enquanto Assistente Social, não deve ser vista como um problema, mas sim como a representante da Proteção Social na vida da pessoa idosa. Use os instrumentos diretos e indiretos para intervir de maneira técnica e direcionada e isso significa ouvir e entender as duas partes da história.

Esse tipo de atendimento requer boas doses de inteligência emocional e competências de comunicação assertiva. Nessas ocasiões foque em prestar informações, orientações e reflexões pertinentes e pautar todo o seu trabalho nos direitos das pessoas idosas e nos deveres de seus familiares.

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Dê espaço para que esse familiar fale e faça perguntas relevantes para construir o estudo social do caso.

3 – Reforce que você está apenas fazendo o seu trabalho

Como eu disse, você deve ser vista como representante da Proteção Social e para alguns autores de violência com perfil intimidador isso é um alerta.

Por isso, pode acontecer dele/dela direcionar a você coisas do tipo “vai cuidar da sua vida” ou “não precisamos de você”. Nesses casos, tenha posicionamento e diga: Sr/Srª estou apenas fazendo o meu trabalho, – não deixe que o familiar te coloque em situações constrangedoras, posicione-se enquanto técnica e representante de um serviço/instituição de cuidados e proteção a pessoas idosas.

4 – Estabeleça Limites

Tudo tem limites, até mesmo nos atendimentos sociais.

Em um contexto de violência, inevitavelmente você vai precisar realizar a escuta qualificada dos envolvidos, por isso nem sempre é possível evitar atender pessoas com perfil agressivo ou intimidador, no entanto é possível e necessário estabelecer limites de segurança.

Não vá a visitas complexas ou faça atendimentos com os autores de violência desacompanhada, assim como não permita a elevação do tom de voz ou ofensas, se isso acontecer encerre o atendimento na hora e notifique a coordenação do serviço/instituição para pensar conjuntamente em uma estratégia de intervenção efetiva, porém segura para você.

Foto destaque de Ketut Subiyanto/pexels.


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Sarah Ferreira

Sarah Ferreira, assistente social com especialização em gerontologia social pela PUC São Paulo, técnica e consultora do Sistema Único de Assistência Social – SUAS no âmbito da Proteção Social Básica e Especial e pós-graduada em elaboração e gestão de projetos sociais e responsabilidade social. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected]

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Sarah Ferreira, assistente social com especialização em gerontologia social pela PUC São Paulo, técnica e consultora do Sistema Único de Assistência Social – SUAS no âmbito da Proteção Social Básica e Especial e pós-graduada em elaboração e gestão de projetos sociais e responsabilidade social. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected]

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