Quando o diagnóstico da doença é realizado, muitas perguntas surgem, levando às pessoas a temerem o futuro. Muitas vezes, a falta de informação sobre a doença, faz com que tanto familiares quanto cuidadores ignorem possibilidades de tratamento para amenizar o avanço da doença bem como controlar os comportamentos alterados.
Simone de Cássia F. Manzaro (*)
A Demência de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa e progressiva, que leva ao declínio funções importantes do nosso cérebro como memória, atenção, linguagem, raciocínio lógico entre outros. Aos poucos a pessoa com a doença vai se perdendo no tempo, espaço e em suas lembranças. Até o momento, apesar dos inúmeros estudos divulgados, ainda não foi encontrada a cura.
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Dentro deste contexto, quando o diagnóstico é realizado, muitas perguntas surgem, levando às pessoas a temerem o futuro. Muitas vezes, a falta de informação sobre a doença, faz com que tanto familiares como cuidadores ignorem possibilidades de tratamento para amenizar o avanço da doença bem como controlar os comportamentos alterados.
1) Contar ou não?
No início, uma das principais questões que permeiam a vida dos familiares refere-se à contar ou não o diagnóstico de Alzheimer para a pessoa. Contar ou não, é uma decisão da família, pois somente ela conhece o grau de resiliência do seu ente querido para aceitar ou não essa nova condição em sua vida. Essa decisão sempre deve ser repensada, principalmente se valerá a pena causar sofrimento no outro mesmo que seja passageiro. A mente pode esquecer-se, mas o corpo já registrou esse momento de angústia e poderá acelerar o avanço da doença.
2) Tem cura?
Posteriormente, o questionamento sobre a cura da doença parece ser mais desolador. Apesar dos muitos e novos estudos que estão sendo apresentados, ainda não foi encontrada a cura para a doença. O que existe é o tratamento convencional, medicamentoso e não medicamentoso que, em conjunto, podem retardar o avanço da doença por um período que é considerado individual.
3) A Doença de Alzheimer faz parte do envelhecimento normal?
Sabendo que a doença não tem cura, outra pergunta começa a preocupar ainda mais os familiares e, refere-se à normalidade do Alzheimer no envelhecimento. É importante enfatizar que a doença de Alzheimer não faz parte do envelhecimento considerado ‘normal’. Pequenos lapsos de memória desde que não interfiram na rotina de vida da pessoa podem ocorrer em qualquer fase da vida, por conta de diversos aspectos incluindo estresse, depressão, uso de medicamentos, alimentação inadequada entre outros. Porém, perdas de memória frequentes e, principalmente, que interfiram nas atividades de vida diária, requerem acompanhamento e investigação médica.
4) Se meus pais tiveram a doença, eu também terei?
Outra questão que assola a família diz respeito à hereditariedade da doença. “Se meus pais tiveram a doença, eu também terei?”. Estudos apontam que a hereditariedade é um fator de risco que predispõe para a doença, mas isso não significa que todas as pessoas pertencentes à mesma família terão Alzheimer.
5) O Alzheimer é uma doença feminina?
As mulheres são as mais preocupadas com a demência uma vez que foi comprovado que a doença é mais comum em mulheres do que em homens. Isso não significa que o Alzheimer é uma doença propriamente feminina, mas, por questões de maior acesso aos serviços de saúde, cuidados preventivos e melhores hábitos de vida, as mulheres acabam vivendo até oito anos a mais que os homens, logo, quanto mais se vive, maiores são as chances de ter Alzheimer.
É importante que a família possa buscar informações sobre a doença. Dessa forma, podendo compreender o contexto do Alzheimer em todas as suas fases, a angústia frente ao que será vivenciado será menor e o tempo para organizar-se frente a esse novo contexto facilitará muito a rotina da família.
(*) Simone de Cássia Freitas Manzaro – Psicóloga formada pela Universidade Nove de Julho, realiza atendimento psicológico de adultos e idosos. É voluntária na Associação Brasileira de Alzheimer-ABRAz. Possui experiência em estimulação cognitiva para pacientes com demências, principalmente Demência de Alzheimer; atua também com estimulação cognitiva preventiva; Realiza consultoria gerontológica, orientando familiares e cuidadores, criando estratégias e atividades para lidar com o paciente no dia a dia, supervisionando treinamento prático. É membro colaborador do site Portal do Envelhecimento. Email: [email protected]