Capacidade funcional, autonomia e independência: definindo alguns termos importantes em gerontologia

Para avaliar a capacidade funcional do idoso, os profissionais da área da saúde utilizam ferramentas que auxiliam na identificação de possíveis perdas funcionais. São testes de rastreio cognitivo, rastreio para risco de depressão, testes de mobilidade e equilíbrio, escalas de avaliação de atividades básicas e instrumentais de vida diária, levantamento de dados nutricionais e de alimentação, queixas relacionadas a fala e comunicação, investigação de suporte familiar e social, entre outras.

Gabriela Correia de Almeida Goldstein (*)


Quando o assunto é envelhecimento muito se fala da capacidade funcional, do quanto ela é fundamental para se ter qualidade de vida na velhice, dos riscos de seu comprometimento associado ao surgimento de doenças crônicas, etc. Mas, afinal, o que é capacidade funcional?

De forma geral, definimos Capacidade Funcional como a habilidade de executar tarefas cotidianas, simples ou complexas, necessárias para uma vida independente e autônoma na sociedade. Um idoso com boa capacidade funcional se mantém independente e desfrutando da sua vida social até uma idade mais avançada.

A capacidade funcional está relacionada com aspectos físicos, cognitivos e emocionais do indivíduo. Por exemplo, um idoso com hipertensão arterial e diabetes é considerado saudável se mantém o controle dessas doenças crônicas e sua capacidade funcional preservada. Da mesma maneira, o idoso hipertenso e diabético que não faz controle dessas doenças poderá sofrer complicações e sequelas que comprometem a capacidade funcional.

Quando a pessoa idosa começa a desenvolver um declínio de sua capacidade funcional, ela tem prejuízos em suas atividades de vida diária, podendo apresentar dependência para uma ou mais atividades do cotidiano e pode comprometer, também, a sua autonomia.

Independência e autonomia são outros termos frequentemente utilizados na área de envelhecimento. A independência relaciona-se com a habilidade de realizar, sem auxílio de outras pessoas, as atividades de vida diária.

As atividades de vida diária são divididas em “Atividades básicas de vida diária” que são as relacionadas ao auto cuidado (banho, alimentação, continência, vestir- se, deambular etc.) e as “Atividades instrumentais de vida diária” que relacionam-se a tarefas mais práticas do nosso dia a dia (usar o telefone, fazer compras, preparar refeições, cuidar da casa, utilização de transportes, controle financeiro).

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A autonomia é a capacidade que o indivíduo possui de tomar decisões e gerenciar a sua própria vida. Às vezes, mesmo estando dependente para algumas atividades diárias, necessitando de ajuda de terceiros para alimentação e banho, por exemplo, o idoso é autônomo, pois está apto a tomar decisões sobre a sua própria vida. É importante diferenciar estes termos e reforçar que estas condições são independentes entre si.

Para avaliar a capacidade funcional do idoso, os profissionais da área da saúde utilizam ferramentas que auxiliam na identificação de possíveis perdas funcionais. São testes de rastreio cognitivo, rastreio para risco de depressão, testes de mobilidade e equilíbrio, escalas de avaliação de atividades básicas e instrumentais de vida diária, levantamento de dados nutricionais e de alimentação, queixas relacionadas a fala e comunicação, investigação de suporte familiar e social, entre outras.

A avaliação da capacidade funcional permite atender as demandas específicas do indivíduo, norteando seu plano de cuidado, identificando riscos e prevenindo prejuízos na qualidade de vida do idoso. Esta prática requer um olhar interdisciplinar e exige do avaliador treinamento específico para o uso das ferramentas e interpretação dos resultados. A boa notícia é que cada vez mais os profissionais estão buscando especializações e treinamentos para o atendimento adequado a esta população.

Referências

Kalache, Alexandre, and Ilona Kickbusch. “A global strategy for healthy ageing.” World health 50.4 (1997): 4-5.

(*)Gabriela Correia de Almeida Goldstein – Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo. Especialista em Gerontologia Social pela PUC-SP. Fisioterapeuta na Unidade de Referência em Saúde do idoso – Prefeitura Municipal de São Paulo/ Associação Congregação de Santa Catarina. Membro da Rede de Colaboradores do Portal do Envelhecimento. Email: [email protected]. Imagem extraída de Kalache e Kickbusch, 1997.

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