A agência para alimentos e medicamentos dos EUA, a FDA, aprovou ontem o polêmico remédio BiDil, para prevenir problemas cardíacos exclusivamente em afro-americanos. O BiDil demonstrou ter melhores resultados em negros do que em brancos em vários testes. O medicamento é um combinação de dois genéricos que dilatam os vasos sanguíneos e pode ser receitado para o tratamento de falhas que afetam a capacidade de bombeamento do músculo cardíaco.
Esse problema leva ao aumento dos fluidos nos pulmões e quase metade dos pacientes morre em cinco anos. O tratamento habitual é realizado com inibidores ACE, mas, segundo os pesquisadores, este é mais eficaz para os brancos. Para confirmar a eficácia do BiDil entre os negros, o laboratório NitroMed e a Associação de Cardiologistas Negros estudaram o caso de 1.050 pacientes que se identificaram como afro-americanos e lhes administraram uma terapia com BiDil ou com placebo.
Ao concluir o estudo, que levou dois anos, determinaram que 54 pacientes que tomaram placebo, ou 10,2% dos pesquisados, haviam morrido. No grupo que tomou o BiDil, o número de mortes foi 32, ou 6,2%. “Acho que qualquer coisa que traga benefício para os cardíacos é um avanço”, disse Keith Ferdinand, da Associação de Cardiologistas Negros.
Ele e outros, porém, manifestaram reservas sobre a aprovação de uma droga só para negros, pois isso poderia reestimular a idéia de que há diferenças biológicas básicas entre as raças, já bastante usada para justificar a discriminação.
Fonte: EFE e AP, O Estado de SP, 24/6. Reproduzido no JC e-mail 2797, de 24/06/2005.