Agressão contra idosos endossa criação de grupo de estudos

Negligência, segundo o dicionário Michaelis da Língua Portuguesa é desatenção, menosprezo. A semântica dessas palavras ganha cada vez mais peso ao se tratar do vocabulário e ações dirigidas às pessoas idosas em todo o país. Em Goiás não é diferente, já que o estado, como no restante do Brasil, não possui políticas públicas para o pleno atendimento de idosos com deficiências mentais em instituições de longa permanência, denominadas comumente como asilos.

Hugo Oliveira *

 

Para mudar essa realidade, o promotor de justiça e coordenador do Núcleo de Atendimento Técnico ao Idoso (NAT – Idoso), Humberto Luiz Puccinelli, juntamente com médicos, psicólogos e outros especialistas, criou um grupo de estudo que visa mudar esse quadro. “Estamos estudando, obtendo informações e dados para que possamos criar alternativas e propostas com o objetivo de contemplar a pessoa idosa com os direitos já concedidos a ela pelo Estatuto do Idoso, Direitos Humanos e Direitos do Deficiente Mental, o que não é feito atualmente”, declara.

Segundo Puccinelli, a própria atitude do estado e município soa como negligência. “O Estado alega que não há verbas para direcionamento às questões relativas ao idoso e, como essa população não tem o hábito de reclamar, continua por isso mesmo”, afirma.

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Nas ruas, o que se vê é a manifestação da negligência com “prédios públicos sem acessibilidade, falta de acomodação, calçadas irregulares entre outros”. “A sociedade está envelhecendo, hoje está acontecendo um fenômeno chamado de retângularização da pirâmide demográfica”, revela. A pirâmide demográfica é uma representação quantitativa do número de pessoas e suas faixas etárias.

Segundo o fenômeno citado por Humberto, há um nivelamento entre a população idosa (representada pela ponta da pirâmide) e jovem/adulta (base). Isso quer dizer que a expectativa de vida das pessoas está aumentando, ao passo que elas demoram mais para reproduzirem. “Outro fenômeno interessante é o da feminização da velhice, que consiste no aumento considerável de indivíduos do sexo feminino na população idosa nos últimos tempos”. Para Puccinelli, isso se deve ao fato de as mulheres terem uma cultura baseada em cuidados com a saúde e com o corpo. “Homens raramente vão ao médico, por causa de um pudor ou orgulho”, ilustra.

“O estado não está acompanhado a evolução da sociedade”, disse Humberto sobre o desamparo por parte da esfera pública em relação aos idosos. “Estamos trabalhando, levantando dados e questões para pressionar o governo e município a cumprirem seu papel junto a essas pessoas”. Para ele, quando a sociedade muda o estado deve acompanhar, gerindo as pessoas da melhor forma possível.

Pesquisas realizadas pelo Institudo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2006, o número de idosos no estado de Goiás é de 399.714, número que representa quase o dobro da população idosa em 2000, de 232.288. No estado existem 157 Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), sendo que em levantamento realizado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP- GO), feita com 35 ILPIs, 100% delas se encontra irregular quanto ao oferecimento de tratamento adequado ao idoso deficiente mental, que configura a maioria dos internos nesses abrigos. “Isso fere o Estatuto do Idoso, Direitos Humanos e Direitos do Deficiente Mental, o que configura também como descumprimento do direito à dignidade, previsto na constituição”, argumenta Puccinelli.

Fonte: Católica Digital – Agência Experimental de Notícias, 12/11/2010. Disponível Aqui

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