Conheça as empresas que apostam em tecnologias para a 3ª idade. A geração dos Baby Boomers e X têm dificuldades em se adaptar às modernizações
Por Brenda Locatelli Costa (*)
A tecnologia está presente na vida de quase todo ser humano, sendo utilizada de inúmeras formas. Diferente da geração Z, que é nativa digital, a geração dos Baby Boomers (nascidos de 1940 até 1960) e a geração X (de 1960 até 1980) muitas vezes têm dificuldades em se adaptar às modernizações.
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Os idosos representavam 8% da população em 1950, 13,5% em 2020 e devem atingir 28,2% em 2100, segundo um estudo feito na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Com isso, nasceram as Agetechs, startups que atendem as dificuldades dos 60+ por meio da tecnologia. Segundo elas, os mercados de saúde e bem-estar digital, realidade virtual e interfaces de voz crescerão nos próximos anos, com as tecnologias que ajudam nos cuidados médicos, educação e inclusão digital dos mais velhos. É importante não confundi-las com as AgTechs, que promovem inovações no setor do agronegócio.
A Aging 2 é uma instituição sem fins lucrativos, presente em 25 países. Situada em São Francisco (Califórnia), identifica desejos dos 60+ que possam ser realizados por tecnologias inovadoras. A filial de São Paulo, representada pelo embaixador oficial do Aging 2 SP e da América Latina, Sergio Werther, foi a 1ª colocada mundial entre as filiais em 2018. “Pessoas com 60 anos ou mais estão cada vez mais ativas, praticando esportes, trabalhando, viajando e realizando sonhos”, diz Sergio, e por isso o projeto da Aging 2 é tão importante e deve ganhar mais visibilidade.
Foto: Anna Shvets/Pexels
A década de 2010 e a atual 2020 são marcadas pelo avanço tecnológico, como a ascensão dos bancos digitais (sem agência física), ou a criação de totens de autoatendimento nos restaurantes e a migração dos botões/teclas para a era touchscreen, em que a interação é feita 100% através do toque. Com as mudanças, as antigas gerações precisam se adaptar, mas muitos idosos não têm costume de utilizar bancos digitais, QRcodes em restaurantes e, muitas vezes, nem se interessam em aprender gírias utilizadas por jovens, como é o caso de Hilário Gardino, de 80 anos.
De acordo com um relatório da Pew Research Center, a maioria dos idosos têm uma percepção positiva da tecnologia, porém admitem que geralmente precisam de ajuda para manusear novos dispositivos. Rafael Oliveira, 19, trabalha na Cacau Show do Park Shopping São Caetano, onde os totens de autoatendimento são os “atendentes” na área da cafeteria. “Os totens ajudam a diminuir as filas e são mais rápidos e eficientes na hora de fazer o pedido”, diz Rafael. Porém, ele afirma que geralmente precisa auxiliar as pessoas a utilizá-lo, sendo a maioria delas, da 3ª idade.
Beltrina Côrte trabalha com Gerontologia, área que estuda o envelhecimento e oferece uma melhor qualidade de vida em termos de saúde física e psicológica. “O destino foi me colocando dentro da Gerontologia, na perspectiva do ser que envelhece, que é a que me encanta, e não a de que adoece. Hoje diria que os estudos do envelhecimento deveriam estar em todos os cursos e não só em uma área específica”, afirma. Ela diz que é natural que pessoas mais velhas tenham dificuldades tecnológicas. “Os celulares são acessórios indispensáveis na vida das pessoas idosas, a pandemia mostrou isso, em que vários grupos familiares continuaram ativos graças ao Whatsapp”, explica.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2050 o número de pessoas com mais de 60 anos deve chegar a 2,1 bilhões, equivalente à quase ¼ da população mundial. E não apenas as expectativas de vida estão aumentando, mas as pessoas estão tendo menos filhos, o que significa que a pirâmide etária já está se invertendo. Por isso, o investimento na 3ª idade terá que ser muito maior, principalmente focado nas inovações tecnológicas.
(*) Brenda Locatelli Costa – 5º semestre de jornalismo na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (SP). Email: [email protected], Instagram: @brendalocatelli.
Foto destaque de Andrea Piacquadio/Pexels
