Com duração de 80 minutos, o documentário “A morte mais cruel” é uma homenagem às vítimas de covid-19 e seus cuidadores.
A morte mais cruel, documentário de El PAÍS, em espanhol, tenta explicar o que aconteceu nesses 12 meses na Espanha, através de depoimentos de filhos, filhas ou netos das vítimas, mas também contribuições de técnicos e outros trabalhadores de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs -conhecidas como residências), médicos ou advogados. No ano de 2020 foram desenvolvidos protocolos para que os idosos que estavam em ILPIs não pudessem ser transferidos para hospitais, independentemente de sua gravidade.
Segundo dados oficiais, o número de mortes em Instituições de Longa Permanência para Idosos na Espanha durante a pandemia está se aproximando de 30.000. Mas 20.000 deles foram registrados em apenas quatro meses, até junho de 2020. Como podemos explicar essa onda de terror que semeou pânico entre uma população frágil e indefesa? Como podemos entender o sofrimento dos idosos, mas também o de seus filhos ou netos, quando a morte encheu os quartos e até mesmo os corredores dessas instituições?
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É difícil processar a própria dor, a dor de cuidadores, muitos deles também vítimas da covid-19, que lutaram até o esgotamento, sem materiais adequados e sem conhecimento específico. Por isso o documentário também homenageia trabalhadores e trabalhadoras que lutaram até não puderem mais para atender a todos os idosos residentes.
A morte mais cruel, com duração e 80 minutos, é, enfim, uma homenagem aos homens e mulheres que morreram durante esta pandemia nas ILPIs espanholas, quase sempre sem a presença de seus seres queridos e enterrados ou incinerados em solidão, sem ninguém que pudesse chorar sua perda. Como diz uma filha em dado momento de seu depoimento, é “um luto sem luto. Uma despedida sem despedida”.
O documentário também é uma homenagem às vítimas e seus cuidadores. Porque vítimas e cuidadores merecem esse tributo. Seus produtores esperam que o documentário sirva para evitar que uma tragédia semelhante volte a acontecer.
Dados do documentário indicam a existência de 441 delitos penais e 786 civis contra as ILPIs na Espanha hoje, acusadas de omissão de socorro e de assistência sanitária e homicídio por imprudência e, em alguns casos, por homicídio por profissionais. Além de delito contra os direitos fundamentais da pessoa idosa. A responsabilidade dessas mortes é de todos aqueles que tinham capacidade de decisão, como diretores, gestores públicos e privados.
Ao final do documentário ficam algumas perguntas, entre elas, que cuidados dão mais dignidade às velhices mais avançadas? Ajuda domiciliar nos domicílios? Uma teleassistência mais avançada? Uma coisa o documentário é certeiro: as ILPIs não são seguras.
Enfim, A morte mais cruel é um documentário duro, cruel mesmo, tal como foram as mortes, mas necessário ver até o final e se emocionar com os diversos depoimentos.
Serviço
Documentário A morte mais cruel
Direção: Belén Verdugo
Roteiro: José María Izquierdo y Eva Catalán
Produção Executiva: Javier Reyes y Rafael Jaén
Produção delegada EL PAÍS: José Luis Gómez Mosquera
Está disponível exclusivamente no EL PAÍS.
Assistir em espanhol: encurtador.com.br/itHM5