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A Gangue da Luva Verde

As três mulheres que formam a gangue, depois de um assalto, precisam se refugiar em um local seguro e resolvem ir, disfarçadas, para uma casa de repouso.


Esta série polonesa, a Gangue da Luva Verde (Netflix) com oito episódios, é uma comédia-policial na qual as pessoas são, na maioria, idosas, desde a dona de uma Casa de Repouso, o inspetor, o viúvo, o ex-presidiário, o dono da taberna e, principalmente, as três mulheres que formam a gangue: Zuza (Zuzanna Zemplinska); Kinga (Malgorzata Potocka); e Alicja (Anna Romantowska). Depois de um assalto, no qual uma delas comete um erro primário, precisam se refugiar em um local seguro e resolvem ir, disfarçadas, para uma Casa de Repouso (ILPI – Instituição de Longa Permanência).

O roteirista encontra nos disfarces a primeira oportunidade para desnudar estereótipos, ou seja, temos três idosas que precisam se disfarçar de idosas. Cada uma apresentará uma deficiência e escolhem visual, física e cerebral, em outras palavras: cega, manca e louca. Esta necessidade surge depois que uma delas consulta as cartas (tarô), que indicam situação delicada e urgência em abandonar velhos hábitos – como sexo, por exemplo, o que será muito difícil, porque uma delas é viciada. Exatamente a que se acha jovem demais para se enfiar em uma Casa de Repouso (nenhuma tem menos de 60 anos).

Ocorre que é exatamente para preservá-la – pois foi a que cometeu o erro que colocará em risco a sobrevivência da gangue –, que a líder recorre ao que chama de Plano B. Portanto, não há o que querer, e na primeira tentativa de fuga do asilo, pois é assim que a descontente vê a Casa de Repouso, argumentando ser jovem demais para permanecer naquele lugar, a líder a faz lembrar que a juventude é uma condição temporária e a amiga a fulmina com uma substância que a faz dormir e desistir da ideia. 

A líder, e somente a líder, tem vaga garantida na Casa de Repouso, pois se planejou para morar em comunidade na sua velhice, as demais, com certeza, não pensam da mesma forma, e abominam as regras com as quais se deparam: proibido animais; proibido beber; proibido fumar; proibido sair do quarto após as 22 horas, proibido jogar etc.

A Casa de Repouso só tem vaga para a líder, que fez reserva, mas durante a conversa surge uma segunda vaga (uma pessoa morre) e podemos imaginar que se a conversa se prolongar um pouco mais uma terceira vaga surgirá. Dá-se a entender o óbvio, as pessoas ali não tardam a morrer, surge assim um segundo negócio, talvez o principal e mais lucrativo, o destino de quem morre.    

Ironias não faltam nos diálogos da série, todas voltadas para o preconceito e a questão do tempo, que surge na fala da cuidadora que retira o prato da mesa antes da idosa terminar de comer, porque está comendo devagar. Ao ser questionada, a jovem cuidadora diz ter horário e precisa trabalhar, pois não tem tanto tempo quanto quem reside no local. Quando ela deixa a sala, um residente, tal qual um pensador, se questiona: Não seria o contrário, nosso tempo não é muito mais curto que o dela?

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Em outro momento, a membro da gangue que detesta a ideia de viver em uma ILPI surta, diz que vai embora porque aquele lugar está cheio de velhos e ela não é velha. Acaba por ficar, ela e seu preconceito, convencida que é pelos métodos alquímicos da companheira que lê cartas. E fica feliz, pois encontra um velho tão fogoso quanto ela e passa a fazer absolutamente tudo o que é proibido pelas regras da casa: jogar e roubar no jogo, colocar bebida em uma chaleira e beber como chá, fumar jogando largas baforadas no ar, promover noitadas e namorar como gosta.

Mas a vida não é só festa e o que indica esta abertura é que teremos muito riso e confusão, vale a pena conferir. 


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Atualizado às 16h14

Mário Lucena

Jornalista, bacharel em Psicologia e editor da Portal Edições, editora do Portal do Envelhecimento. Conheça os livros editados por Mário Lucena.

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