A arte do chá

A arte do chá

Tomar chá é um hábito para muita gente. Um bom aliado à nossa saúde. Pode ser tomado em qualquer horário do dia ou estação do ano, quente ou frio.


O chá é uma bebida milenar nativa da China que ganhou vários adeptos ao redor do mundo, principalmente no Brasil. É a segunda bebida mais consumida no mundo, com mais de 5.000 anos de existência. A cada geração, novas descobertas e benefícios do chá são cientificamente comprovados e criados. O chá possui seis famílias: o chá branco, verde, amarelo, oolong, preto e escuro, também conhecido no ocidente como chá vermelho. 

Sou eterna aprendiz, apaixonada por chás, pesquisando e compartilhando com vocês, leitores do Portal do Envelhecimento, alguns saberes do mundo do “chá e infusões”.

Tomar chá é um hábito para muita gente. Há países cujas estações do ano são mais marcantes principalmente por conta da temperatura e a cultura do chá ser muito mais forte. Vivemos em um país tropical onde não existe uma regra para o consumo de chás, que podem ser tomados em qualquer horário do dia ou estação do ano.

Formas de consumir o chá

Por aqui, o consumo aumentou e é comum observarmos uma caneca com diferentes misturas de ervas. Quente, frio, infusionado ou de sachê, são as diferentes e principais formas de consumir chás. Você sabe quais são os reais benefícios e malefícios do chá? Ao contrário do que parece, ele pode ser prejudicial à saúde. Por isso é muito importante saber quais as melhores opções de chás para se tomar com certa frequência.

Há algumas opções que são boas aliadas em meio às baixas temperaturas. Segue alguns exemplos: Para o inverno, pensando no clima frio e ambientes fechados, em que podem facilitar a sobrevivência dos vírus, como é o caso do vírus da gripe, viroses etc. é recomendável chás que atuam principalmente prevenindo e/ou combatendo as doenças virais, além das inflamações nas vias respiratórias (bronquite e sinusite), tosses, dores de garganta, entre outros. 

Chás para cada clima

A infusão (chá) de limão com gengibre, por exemplo, é excelente para prevenir e combater a gripe, resfriados, tosse e dor de garganta podendo ser adoçado com mel e própolis, componentes que podem atuar como substâncias que são antissépticas, bactericidas e anti-inflamatórias.

Pensando nas ervas frescas que fazem parte da nossa cozinha, o chá de sálvia é uma boa opção para aliviar a sinusite, bronquite e dores de cabeça, porque a erva possui propriedades antissépticas, expectorantes, anti-inflamatórias e atua como um desinfetante das vias respiratórias. Nossas avós – hoje já há trabalhos científicos comprovando -, já apontavam como sendo uma boa opção para casos de bronquite, asma, gripes e eliminação do catarro. O chá de tomilho é pouco falado, mas tem uma série de benefícios.

As especiarias que combinam com temperaturas mais quentes são deliciosas nos chás de inverno.

Assim como fonte de prazer e muitos benefícios para chá da planta Camellia sinensis, temos as “tisanas chás que têm uma missão que vai além de proporcionar uma sensação reconfortante. Têm um poder medicinal, sendo usados para minimizar alguns problemas de saúde (gripes, estresse ou dores de cabeça).

Qual a diferença entre chá e infusão? 

É interessante entender as diferenças de um universo específico como é o do chá. Todo chá é uma infusão, mas nem toda infusão é um chá. Quimicamente, infusão é a bebida que resulta da imersão de alguns ingredientes em água quente. Repetindo, no mundo dos chás, chamamos de infusões todas as bebidas que resultam deste processo e que não provêm da planta Camellia sinensis, planta originária da Ásia e que se popularizou pelo mundo. Só as infusões de folhas da Camellia sinensis são chamadas de chás.

O hábito de infusionar folhas vem de longe e está na nossa origem e influência indígena. Quando fazemos um chá por infusão colocamos um pouco de água quente (recentemente fervida) em um recipiente com ervas e folhas e tampamos por alguns minutos para que os princípios ativos se liberem na água. Assim também fazemos quando preparamos os chás prontos de saquinho.

As infusões se destacam pela riqueza e variedade. Elas podem ser tomadas em diferentes momentos do dia e auxiliam em diversas funções do organismo, de acordo com o estilo de vida de quem consome, lembrando mais uma vez a importância de orientações médicas para cada pessoa e consumo, pois podem trazer alguns malefícios à saúde quando não consumidas com bom senso.

Como faz parte e hábito familiar tomar chimarrão com certa frequência, cito a erva-mate, típica do Brasil, que apresenta diversos compostos benéficos para a saúde. Há dois tipos de erva-mate. Ela pode ser verde ou tostada. A verde dá origem ao chimarrão e ao tererê e quando a erva é tostada é utilizada para a infusão de erva-mate tradicional ou blends específicos criados.  

Como parâmetro de preparo, no caso da erva-mate, usa-se aproximadamente 15g da erva por litro de água: O tempo de infusão é um pouco maior de 5 minutos com a temperatura de 90 ºC.

Cientificamente há estudos, debates e comprovações do chá verde relacionado com o mate que também tem alta concentração de compostos bioativos, os compostos fenólicos, como flavonóides, ácidos clorogênicos e ácido cafeico, e as xantinas, caso das cafeínas e teobrominas. Assim como ocorre no caso das bebidas à base de Camellia sinensis, esses compostos presentes na erva-mate exercem atividade antioxidante, atuando na prevenção dos efeitos do processo de envelhecimento precoce, além de diminuir o risco de doenças crônicas, como há orientações médicas nesse sentido para utilizá-lo sem exageros e alternando as ervas, por exemplo.

Como Preparar um bom chá ou infusões para obter os melhores benefícios?

1 – A Temperatura deve ser adequada, a água é quente 80 ºC e deixar as ervas imersas por até 5 minutos, para que os compostos bioativos sejam extraídos de maneira mais eficiente. Atenção: não podem ser usadas temperaturas extremas, senão os compostos se degradam. Portanto, nunca ferva a água do chá das infusões.

Estar atento, com relação às temperaturas mais baixas de 80 ºC para 60°C ou 50°C no preparo, pois dependendo do chá, devemos levar em conta que quanto mais especial for o chá, menor a temperatura usada. Por exemplo, o tempo de infusão para os chás verdes e brancos é de 1 a 3 minutos. Eles são riquíssimos em polifenóis, principalmente as catequinas, que são um tipo de flavonoide.

A fervura do ingrediente principal da bebida só deve ocorrer quando são utilizadas raízes e especiarias, como gengibre, canela, cravo. Nesse caso, colocam-se as especiarias na água e deixa-se ferver por 15 minutos, para extrair bem os óleos essenciais contidos nesses alimentos.

2 – O tipo de planta, raiz ou flores que você ira utilizar também é importante,  pois quanto mais frágil é a parte utilizada, menor deverá ser a temperatura e  tempo de infusão. Se forem usadas partes mais duras, como caules e raízes, o tempo precisa ser maior para que os compostos sejam extraídos, variando de 3 a 5 minutos de infusão para flores e folhas e até 10 minutos para os chás feitos com raízes ou as partes mais rígidas da planta. É importante o bom senso para não prejudicar o sabor, tornando menos prazerosa ao paladar.  

3 – Quantidade de ervas, flores, raízes e água são importantes. Para o preparo há uma proporção correta de erva e de água para que o preparo seja prazeroso de beber. Ao mesmo tempo, essa relação de tempo de infusão e temperatura da água é fundamental para obter tudo de melhor que houver na bebida, apesar de ser algo muito pessoal, mais forte ou não para cada paladar!

4 – Tipos de chá também estão relacionados à quantidade. Uma regra básica é: para chás pretos, oolongs ou puers (tipo de chá fermentado e envelhecido, à base de Camellia sinensis), usa-se de 11 a 13 gramas da erva por litro de água quente, com infusão de 2 minutos, no máximo 4 minutos.  Essa observação é importante, pois tem pessoas que preferem o chá com sabor mais leve e deixar passar mais tempo o sabor do chá pode ficar muito amargo. Isso garante também que é nos primeiros minutos que se extraem os sabores mais sutis, como os frutados e os florais.

Depois dos chás já prontos, como o verde ou o preto, pode usar essa bebida para acrescentar a outros chás ou especiarias, deixando apenas só um minuto na infusão para obter novos sabores.

A dica é observar e seguir as recomendações do fabricante que está na embalagem, pois ela indica que já foram devidamente testadas e estudadas e devem ser seguidas à risca.

Como conservar os chás!

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– Como qualquer outro alimento temos de tomar cuidados específicos de como acondicionar os chás.

– As ervas, folhas e frutas quanto mais frescas o resultado será melhor!

– As especiarias devem permanecer de preferência em vidros e se possíveis escuros e hermeticamente fechados. Ervas e especiarias usadas podem ser suscetíveis a fungos, invisíveis a olho nu. Quando ficam muito tempo armazenados, há maior chance de proliferação desses micro-organismos. Manter com etiqueta de data de validade após aberto e manter em local seco, ao abrigo da luz, é o recomendado. Comprar pequenas quantidades conforme o uso de 30 a 45 dias é o ideal.

O chá servido à mesa

O chá servido à mesa pode ter vários rituais, os orientais têm uma riqueza única nesse sentido, é toda uma cultura. Vale a pena pesquisar e conhecer. Já quando pensamos em etiqueta à mesa devemos ter conhecimento com relação a regras especificas e diferenciadas do mundo ocidental de como se comportar durante as refeições. É essencial estar atento aos detalhes e saber respeitar esses costumes.

Quando mencionamos chá e tradição, lembramos, como ocidentais, do chá das cinco horas, existente desde 1662 na Inglaterra. Instituído pela realeza, hoje é um hábito popular e não relacionado a horários. Há versões apontando que a tradição do chá das cinco nasceu em terras portuguesas. Quando se casou com  o Rei Inglês Charles II, Catarina de Bragança, filha de D. João IV, levou o costume para a Inglaterra.

Disso tudo temos como herança algumas regras básicas para ser elegante em qualquer mesa posta com chá, seja inglesa ou não. Há casas de chá no mundo inteiro, no sul do Brasil onde a presença de imigrantes europeus é muito forte, inclusive como visita de experiência turística, “o café colonial” pode ser considerado a nossa versão do chá inglês, porém com muito mais fartura, é verdade.

Neste link os leitores podem ver algumas fotos de mesas de chás montadas para dar uma ideia de colocação dos utensílios.

Saiba mais
Como nosso tema é chá, segue exemplo de roda de sabores para você conhecer e se quiser a fonte para pesquisar muito mais!  É um mundo desafiante, instigante, maravilhoso aos sentidos humanos!

Receitas e alquimias

Chá de maracujá com hortelã e camomila

Ingredientes
– 1 litro de (chá) de água filtrada
– 3 colheres (chá) de flores de camomila ou camomila seca
– 1 maracujá pequeno(só a polpa)
– 1 colher (sopa) de mel (opcional)
– ½ xícara de folhas de hortelã frescas

Obs.: Se for servir frio coloque cubos de gelo

Modo de preparo
1 – Prepare o chá: coloque a água no fogo com a polpa do maracujá e, assim que ferver, desligue o fogo e junte as flores de camomila e as folhas de hortelã. – Tampe a panela. Deixe em infusão por cinco minutos e coe.

Obs.: Uma opção é bater todos os ingredientes com mixer e coar.  

Pode servir quente e gelado

Chá de frutas com erva cidreira 

Ingredientes
– 1 ½ litro de chá de erva cidreira fresca
– 2 frutos Cambuci ou Suco de 1 limão
– Sachê de chá de mix frutas
– Se preferir adoçar, use açúcar ou adoçante a gosto

Modo de Preparo
-Ferva a água com as folhas de erva cidreira por 5 minutos. Desligue e  junte os Cambucis. Tampe e deixe por 3 a 4 minutos. 
– Bata no liquidificador por 3 a 4 minutos.
– Coe e se quiser adoce a gosto.

Pode ser servido quente e gelado

Chá preto com leite – clássico

Ingredientes
– 200 ml de água filtrada quente
– chá preto – folhas ou sache
– 1 colher de sopa de leite ou a gosto

Modo de Preparo
– Em um recipiente com água quente coloque o chá preto em saquinho ou folhas.  – Deixe tampado por 3 min
– Retire o sachê ou coe
– Pingue o leite e sirva.

Referências
BISOGNO, Victoria.  Análise Sensorial do Chá – La Cata Del Té: Cómo usar tus sentidos para disfrutar del té (Gastro VIVA) Tapa blanda –  2018.
CARDOSO, Luísa Margarida Toste Fagundes. Avaliação sensorial em infusões de plantas aromáticas e medicinais – influência dos fatores de pós-colheita e processo de preparação. Dissertação defendida na Faculdade de Ciências – Uni Porto.
MAURY. E.A. O Livro dos Chás. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1984.
URZEDO, Nayane Duarte Ribeiro. Trabalho de Conclusão de Curso – O chá verde e suas propriedades: uma breve revisão bibliográfica abrangendo os anos de 2000 a 2020. Uberlândia, 2020.
TEASHOP. 4 benefícios das infusões que vão melhorar a sua rotina. Disponível em: https://www.teashop.com.br/4-beneficios-das-infuses-que-vo-melhorar-a-sua-rotina

Fotos: arquivo pessoal


https://edicoes.portaldoenvelhecimento.com.br/novo/courses/curso-online-ao-vivo-acompanhamento-terapeutico-no-envelhecimento-um-dispositivo-clinico/

Ana Maria Ruiz Tomazoni

Ana Maria Ruiz Tomazoni - Doutora em Educação (PUC-SP), Mestre em Gerontologia Social (PUC-SP) e Pós-Graduada em Hotelaria e Eventos pelo Senac SP. É fundadora e Diretora Pedagógica da Escola de Gastronomia Sabor & Saber. Atua como docente, educadora alimentar, pesquisadora, escritora e palestrante. É avó de 7 netos e uma eterna aprendiz. E-mail: [email protected]. Site: www.saboresabergastronomia.com.br. Facebook Sabor & Saber Gastronomia. Instagram: saboresabergastronomia

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Ana Maria Ruiz Tomazoni

Ana Maria Ruiz Tomazoni - Doutora em Educação (PUC-SP), Mestre em Gerontologia Social (PUC-SP) e Pós-Graduada em Hotelaria e Eventos pelo Senac SP. É fundadora e Diretora Pedagógica da Escola de Gastronomia Sabor & Saber. Atua como docente, educadora alimentar, pesquisadora, escritora e palestrante. É avó de 7 netos e uma eterna aprendiz. E-mail: [email protected]. Site: www.saboresabergastronomia.com.br. Facebook Sabor & Saber Gastronomia. Instagram: saboresabergastronomia

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