Os objetos significativos estimulam a lembrança de momentos importantes.
Todos nós mantemos lembranças que representam momentos importantes ao longo da vida: fotos, objetos de arte ou artesanato, tapetes, almofadas… a composição de ambientes na moradia demonstra o que tem importância para cada pessoa que os utiliza.
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Quando são moradores idosos, nem sempre atendarão ao prazer estético de familiares, que podem iniciar um processo de substituição em nome de diversas justificativas, “empobrecendo” o repertório dos meios para resgatar lembranças importantes e manter a memória por mais tempo.
Porém, é preciso compreender o que pode prejudicar lembranças desses momentos, entendendo como as memórias são armazenadas no cérebro, como explica Maxime Villet, doutorando em neurobiologia comportamental:
Memória é uma habilidade essencial que nos permite integrar, reter e recuperar as informações com as quais nos deparamos. Essa função não é realizada por uma estrutura específica no cérebro, mas por um conjunto de neurônios conectados em uma rede e espalhados por diferentes regiões. A memória é a base de nossa inteligência e identidade, reunindo habilidades e lembranças.
Há conexões sinápticas que criam grupos de neurônios, resultando na integração entre eles. O seu fortalecimento facilita a recordação, a partir da recuperação da memória afetiva sobre experiências vividas. Como diz Villet:
Uma memória também muda com o tempo, dependendo do grau de emoção associado a ela. Podemos perder os detalhes e reter apenas uma sensação positiva ou negativa, dependendo da importância da lembrança para nós. (…) Quanto ao esquecimento, esse é um fenômeno geralmente definido como a ausência de qualquer manifestação comportamental de uma memória, mesmo que ela pudesse ter sido lembrada com sucesso anteriormente. (…) O esquecimento também pode ser patológico e associado a certas doenças, como Alzheimer. Mesmo que a informação seja de real importância emocional, como o nome dos seus pais, a doença pode impedi-lo de acessá-la.
Há estudos que apresentam resultados significativos pelo uso da música como um importante meio de resgate de reminiscências para pessoas idosas que apresentam variados graus de demência. Igualmente podem ser resgatadas recordações através de sabores e aromas, resultando na estimulação cognitiva que desperta lembranças prazerosas. Villet lembra que:
… o esquecimento geralmente se deve a uma falha na recuperação da memória, em vez de seu apagamento completo. Uma das hipóteses apresentadas para doenças que afetam a memória é que as memórias podem ser silenciosas em vez de perdidas “per se”.
Portanto, é importante manter visíveis certos objetos significativos na moradia de pessoas idosas, porque estimulam a lembrança de momentos importantes, em especial quando representam felicidade, amizade, reconhecimento e conquistas. Retirá-los pode facilitar o apagamento da própria história, esquecendo pessoas, momentos e alegrias vividas ao longo do tempo.