A utilização dos serviços de saúde por pessoas com doenças crônicas em Portugal poderá sustentar alterações nas políticas de saúde que permitam uma gestão mais eficiente destes doentes.
A utilização dos serviços de saúde por doentes com multimorbidade, tanto nos cuidados de saúde primários quanto nos cuidados hospitalares, foi foco de estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do seu Departamento de Epidemiologia, intitulado Healthcare use in patients with multimorbidity e publicado no Euroepan Journal of Public Health.
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A multimorbidade, definida habitualmente como a presença de duas ou mais doenças crônicas no mesmo indivíduo, é reconhecida como um problema fundamental da saúde pública e dos cuidados de saúde nas sociedades modernas. Estes doentes têm necessidades de saúde acrescidas e são responsáveis por um maior volume de trabalho dos serviços de saúde.
Além do mais, a multimorbidade pode levar à queda da qualidade de vida, ao maior risco de hospitalização, à incidência de problemas de saúde mental (como depressão e ansiedade), a uma dificuldade de encontrar o tratamento adequado para essas doenças e a um maior risco de morte.
Os resultados obtidos da pesquisa portuguesa revelam que 38,3% dos portugueses sofrem de duas ou mais doenças crônicas, apresentando estes indivíduos uma maior utilização das consultas nos cuidados de saúde primários, consultas hospitalares e internamentos.
Este trabalho, que teve como fonte de dados o Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF), mostra ainda que os doentes com multimorbidade têm até 2,4 vezes mais possibilidades de usar os serviços de saúde quando comparados com indivíduos sem doenças crônicas. Foi estabelecida, também, a associação entre o sexo feminino, escalões etários mais elevados e níveis educacionais mais baixos e a maior utilização dos serviços de saúde.
Outro dos resultados da investigação desenvolvida indica ainda que as mulheres apresentam uma possibilidade de utilização 3,7 vezes superior de consultas de medicina geral e familiar e 2,9 vezes de consultas hospitalares. Já os indivíduos mais velhos têm até 2,7 vezes mais possibilidades de recorrer às consultas hospitalares e 1,3 vezes de serem internados.
Os autores da pesquisa assinalam nas conclusões do trabalho que “A existência de evidência científica, para a realidade nacional, quanto à utilização dos serviços de saúde por doentes com multimorbidade, poderá sustentar alterações nas políticas de saúde que permitam uma gestão mais eficiente destes doentes”.
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