Os novos condomínios que têm surgido apresentam programas que propõem atividades para envelhecer com qualidade de vida
Já foi o tempo que a velhice era retratada com pessoas reclusas, em atividades solitárias e vestidas de modo descuidado. Para gerações mais velhas, mulheres tricotando e homens de chinelo em poltronas de repouso, imagem que foi impressa inclusive na nomenclatura das moradias institucionais. Casas de repouso sugerem que houve atividade e ela está definitivamente encerrada, como fase final, inativa. Porém, com o aumento da longevidade e o reconhecimento de que a fase da velhice é um novo ciclo para a qual novas perspectivas podem ser redirecionadas, outros paradigmas tornaram os momentos de “repouso” muito mais ativos.
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Os novos condomínios que têm surgido apresentam programas que propõem atividades para envelhecer com qualidade de vida, considerando principalmente o autocuidado e atividades que permitam a interação social.
Para exercício físico são propostos espaços para aulas de Pilates e Ioga, além de piscina para hidroginástica e natação. Como ambientes para bem-estar, sauna e sala de massagem, eventualmente com duchas massageadoras com água quente e fria. Um espaço gourmet proporciona encontros com familiares e entre condôminos, pois reúne pessoas que desejam estar juntas. Nesse mesmo ambiente outras possibilidades se apresentam, tais como jogos de mesa, trocas de experiências gastronômicas e de habilidades manuais. Muito do que estimula as interações são os novos aprendizados, com base nas experiências profissionais que foram vividas ao longo da juventude e da vida madura.
Em propostas que ainda estão por vir no Brasil, atividades de jardinagem e horticultura podem seduzir muitos adeptos, mesmo aqueles que nunca tenham experimentado colocar as mãos na terra. Oficinas de apoio para o desenvolvimento de pequenos móveis igualmente podem despertar interesses muito diferentes dos que tenham permeado a vida profissional, assim como experiências culinárias podem ser ampliadas para novos hábitos de alimentação, seja em situações de compartilhamento ou apenas como motivação para trocas entre conviventes. Salas preparadas para assistir filmes, shows gravados, documentários e até para participação remota em palestras e cursos igualmente possibilitam um enriquecimento cultural, significativo para motivar grupos com esses objetivos.
E não dá para esquecer os interesses relacionados à fé religiosa, independente da realização de ritos em templos de diferentes dogmas. Espaços de meditação e oração igualmente podem agregar condôminos e reuni-los para atender intenções de paz e espiritualidade. Para tanto, espaços ajardinados e compostos para estimular a permanência podem ser terapêuticos, criando condições para aprimorar o bem-estar. Nisso os elementos devem ser equacionados tecnicamente por profissionais especializados, estimulando os sentidos para o máximo aproveitamento da natureza, explorando aromas, cores, sons e texturas nos ambientes projetados. A adesão de pessoas idosas que vivem em condomínios efetivamente será maior quando houver bons projetos.
Foto destaque: Marcos Santos/USP Imagens