Visões positivas sobre a vizinhança são fatores de proteção para problemas do sono.
A percepção sobre a sua vizinhança afeta a qualidade do sono de idosos, segundo revela estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) publicado recentemente na revista científica “Cadernos de Saúde Pública”.
CONFIRA TAMBÉM:
Depois que o cuidado termina, o que vem?
- 19/11/2023
A análise de dados da população idosa mostrou que, enquanto idosos que nutriam o desejo de sair de onde moravam e relataram morar em ruas com lixo, entulho e grama alta tiveram mais chances de ter má qualidade do sono, moradores que percebiam sua vizinhança como um bom lugar para se morar tiveram menos chances de sonolência diurna e insônia.
O trabalho analisou a associação entre a percepção da vizinhança e os problemas de sono de idosos brasileiros, a partir de dados de 5.719 pessoas com 60 anos ou mais residentes em áreas urbanas de municípios, coletados pelo Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros entre 2019 e 2021. Respostas ao inquérito permitiram avaliar os problemas de má qualidade do sono, sonolência diurna, insônia, dificuldade em manter o sono e facilidade em despertar de madrugada.
As queixas de insônia, sonolência diurna, dificuldade em manter o sono e facilidade em despertar de madrugada foram mais frequentes entre idosos que relataram preocupações com calçadas em más condições e dificuldades de mobilidade na comunidade.
De outro modo, as visões positivas em relação ao entorno de onde moram podem ser um fator de proteção para problemas do sono. Confiar em vizinhos e perceber que crianças e jovens tratavam adultos com respeito tiveram uma redução de 35% nas chances de sonolência diurna e de 26% nas chances de acordar de madrugada.
Segundo a pesquisadora Núbia Carelli, coordenadora do Laboratório de Envelhecimento, Recursos e Reumatologia da UFSC, os idosos frequentemente enfrentam diversos problemas de sono, que podem variar em natureza e gravidade.
“Evidências demonstram que problemas de sono estão associados a uma diversidade de condições médicas, como doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes mellitus, além de distúrbios de saúde mental, como ansiedade e depressão”, relata a pesquisadora Núbia Carelli.
O trabalho destaca a importância de estudar o sono a partir de aspectos do ambiente físico e social da vizinhança dos idosos, o que ainda não havia sido feito no Brasil. Segundo os pesquisadores, os seus resultados podem ser usados para criar políticas de planejamento urbano que forneçam melhores ambientes e qualidade de vida para essa população.
Fonte: Agência Bori
Foto de cottonbro studio/pexels.