Mulheres idosas, de cor pretas e pardas, moradoras em uma comunidade na zona sudeste de São Paulo, falam em aspectos pouco estudados no Brasil.
Em colaboração com Ruth G. da Costa Lopes, Bruno Daniel Carvalho Ferrarini, Vitoria Cristina Silva De Souza e Úrsula Niceia Angelim Novais (*)
O projeto Diversidades na Velhice: Vulnerabilidades Sociais e Programáticas, segundo recorte de cor de pele e gênero, buscou dar voz a um grupo de 58 mulheres idosas pretas e pardas moradoras em uma comunidade localizada na zona sudeste da cidade de São Paulo em aspectos até o presente pouco estudados no Brasil. A pesquisa foi uma das selecionadas pelo Edital Acadêmico de Pesquisa 2022, promovido pelo Itaú Viver Mais e Portal do Envelhecimento e longeviver.
Na literatura acadêmica, as pesquisas se preocupam, predominantemente, com a vulnerabilidade biológica, pouco considerando o quanto a cor da pele e o gênero afetam um bom envelhecer. Neste estudo pretendeu-se destacar estas perspectivas até o momento pouco trabalhadas, a partir das vulnerabilidades sociais e suas interseccionalidades.
Interseccionalidades dizem respeito as narrativas das idosas, suas histórias de vida, trazendo à tona como a relação de outros grupos populacionais com as mulheres negras e pobres faz com que haja benefícios e privilégios que oprimem e subordinam estas mulheres, formando uma complexa rede de desigualdade que se perpetua e reestrutura (AKOTIRENE, 2019)
Interseccionalidade se preocupa ainda em examinar como as múltiplas categorias socio-culturalmente construídas interagem e se manifestam em termos de desigualdade social. Categorias como sexo, gênero, cor da pele, etnia, estrato social não agem de forma independente umas das outras, pelo contrário, se interrelacionam criando um sistema de opressão que reflete a intersecção de múltiplas formas de discriminação (NOGUEIRA, 2017).
Já a vulnerabilidade social está relacionada às condições sócio-histórico-culturais que condicionam um melhor ou pior envelhecer. Interessa, neste aspecto, as interseccionalidades trazidas pelo racismo, patriarcado e ageísmo, componentes estruturais que afetam a vulnerabilidade biológica e a programática ou institucional. Esta última reconhece que a vida das pessoas nas sociedades está sempre mediada pelas diversas instituições sociais. Desta forma, neste plano de análise, se busca avaliar como as instituições, especialmente as de saúde, atuam como elementos que reproduzem, quando mesmo não aprofundam, as condições sociais de vulnerabilidade derivadas da cor e gênero (CAMPOS, TCHALEKIAN, PAIVA, 2020).
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A pesquisa encontrou aspectos que demonstram como tratar o envelhecimento como homogêneo faz com que as necessidades de um grupo de pessoas idosas, especificamente mulheres idosas pretas e pardas, podem não ser visualizadas.
Para este grupo de mulheres, o ageísmo, preconceito e discriminação relacionada à idade, aparece como sendo importante fonte de estresse. Através deste, a pessoa idosa é vista como incapaz, dependente e doente, tornando a velhice não desejada, principalmente pelas mulheres (MANSO, GOBBO, 2023).
Este item foi avaliado através de uma escala (Ageism Survey- COUTO 2007) que mostra não só a presença de ageísmo, mas o quanto atitudes idadistas afetam a saúde mental destas mulheres. O tratamento estatístico dos dados obtidos demostrou que as mulheres pretas participantes da pesquisa sofrem mais ageísmo que mulheres pardas e que, independentemente da tonalidade da pele, a sociedade as trata como sendo dependentes, doentes e fragilizadas.
A associação feita na América Latina entre envelhecer e adoecer com enfermidades e com perdas cognitivas e físicas, é citada em documentos oficiais, porém não se constitui em fato verdadeiro (OMS, 2021; CEPAL, 2017). Estas mulheres que compuseram o grupo de pesquisa, assim como muitas outras pessoas idosas, são independentes e capazes de cuidar de si. Porém, não é assim que são tratadas, o que gera desconforto e estresse.
A pessoa idosa sofre violência pela infantilização e paternalização, formas veladas de abusos que se referem a situações de perda de autonomia. Essa infantilização e superproteção pode fazer com que a pessoa idosa se sinta isolada, deprimida e desmoralizada (OMS, 2021; ONU, 2015).
Para o grupo de mulheres participantes da pesquisa, ter alguma doença crônica, como hipertensão e depressão como exemplos, aumenta a chance em até 80% de sofrer ageísmo, o mesmo ocorrendo com ter feito a última consulta médica, tanto no sistema público quanto no setor privado, dentro dos últimos seis meses. Isto, aliado às referências de quanto estas mulheres têm seus sintomas, como por exemplo, sofrer dores crônicas, menosprezados pelos profissionais de saúde, que os atribuem ao próprio processo de envelhecer, mostra o quanto as instituições não estão capacitadas para atender à saúde da pessoa idosa em suas particularidades.
Múltiplas pesquisas demonstram que, apesar de constar como obrigação no Estatuto da Pessoa Idosa, as instituições de ensino ainda não incorporam saberes gerontológicos em seus currículos e, especificamente na área da saúde, os futuros profissionais têm apenas contato com pessoas idosas muito fragilizadas e doentes, o que faz com que tenham uma visão distorcida do envelhecer. Este é um quadro que se repete em outros países do mundo, fazendo com que atitudes ageístas possam causar subtratamentos ou comportamentos de paternalização (MANSO, GOBBO, 2023; PIMENTEL et al., 2023; OMS, 2021; CESARI, PROIETTI, 2020; GUTIÉRREZ, MAYORDOMO, 2019).
A este tipo de ageismo, que ocorre em ambientes onde a pessoa idosa deveria ser acolhida em suas necessidades, denomina-se violência institucional, aquela praticada por quem deveria proteger estas pessoas e garantir seus direitos. Ocorre dentro das instituições, públicas ou privadas, por ação e/ou omissão, incluindo desde falta de acesso até a má qualidade dos serviços, reproduzindo-se (MANSO, 2019).
Outro achado importante foi em relação à violência intrafamiliar, aquela que causa qualquer dano físico, psicológico, sexual ou outro, mas que é produzida entre os membros da família e todos aqueles que se encontram permanentemente integrados ao agregado familiar (MANSO, LOPES, 2018; HUERTAS-DIAZ, 2012). Para a aferição da violência foi utilizada uma escala (VASS- MAIA, MAIA, 2014) e as idosas foram ouvidas na narração de suas experiências.
Vários estudos assinalam ser a negligência importante violência sentida pelas pessoas idosas (OMS, 2021; ONU, 2015). Nesta pesquisa, observou-se que, mesmo vivendo com algum familiar, algumas destas idosas (em torno de 40%) apontam sentimentos de solidão e se sentem desgostosas com alguém da família (34,5%).
As mulheres idosas participantes da pesquisa e que sofrem violência intrafamiliar indicam vários episódios de violências físicas, psíquicas e econômicas, isoladamente ou em combinação. Desde serem mantidas em cárcere privado, sofrer agressões verbais, terem suas economias e coisas pessoais roubadas, terem suas roupas rasgadas ou jogadas fora com a justificativa de que velhos não precisam de bens, todas violências perpetradas por familiares dentro da sua própria moradia.
Há ainda relatos de xingamentos e outras agressões verbais por pessoas desconhecidas nas ruas, comércio, no transporte público. Estas agressões verbais relacionam-se tanto com o próprio processo de envelhecer e ideias ageístas, como já mencionado, quanto pela cor da pele ou ser mulher. Na maior parte das vezes, os três ocorrem em associação.
A violência doméstica acompanha algumas destas mulheres do grupo desde crianças. O termo violência doméstica é mais utilizado quando existe referência à violência de gênero, aquela quando ocorre qualquer ação ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como privado, e engloba a violência doméstica, a violência intrafamiliar e a violência conjugal.
Por violência doméstica entende-se condutas que levem a dano físico, psíquico ou sexual não só à mulher, mas também a outras pessoas que coabitem na mesma casa, incluindo empregados e agregados. Já violência conjugal é caracterizada como todo tipo de agressão praticada contra cônjuge (mulher ou homem), companheira(o) ou namorada(o), independentemente de orientação ou identidade sexual (CLEMER, 2010). As violências que ocorrem no domicílio se tornam invisíveis para a sociedade.
Ainda, como dito, estas mulheres residem em uma comunidade, expondo-as à violência originada pelo tráfico de drogas e pela segurança pública. Relatos de filhos, filhas, netos, netas, vítimas de homicídios na presença destas mulheres e/ou de outros familiares são mencionados. Algumas foram vítimas de tentativas de feminicídio. Menção a discriminação pelo local de moradia também surgiram, principalmente relacionadas à recusa de emprego por residir em uma comunidade.
Segundo dados do IBGE (2019), o quesito cor da pele influencia as condições e locais de moradia. Desta forma, no município de São Paulo, a chance de uma pessoa preta ou parda residir em um aglomerado subnormal (comunidade) é mais do que o dobro da verificada entre as pessoas brancas. O instituto ressalta que 18,7% das pessoas pretas ou pardas moradoras em São Paulo residem em aglomerados subnormais, enquanto entre as brancas esse percentual é de 7,3%.
Estas múltiplas violências levam a piora da saúde física e mental; maior isolamento social; maior ansiedade e menor autoestima; depressão; má qualidade do sono; redução de atividade física e de estímulos cognitivos; afecções cardíacas e maior mortalidade. Além do que as mulheres vítimas destas violências podem aderir a comportamentos de risco pela própria violência, por não conseguirem escapar desta (OMS, 2021; ONU, 2015). Houve relatos neste grupo de mulheres de alcoolismo e uso de drogas ilícitas, as quais conseguiram abandonar estes hábitos após anos de sofrimento físico e mental.
Outro aspecto levantado pela pesquisa tem a ver com o enfrentamento de situações adversas: a resiliência. A resiliência pode ser tida como uma adaptação positiva a um meio desfavorável resultante de um processo dinâmico que varia conforme as circunstâncias, a natureza do trauma, o contexto e a fase da vida, sendo influenciada pela cultura. Pode ocorrer frente a qualquer sofrimento ou dano, independentemente de condição social, desde que haja um vínculo significativo. Os recursos psíquicos que se encontram associados à resiliência são construídos ao longo da vida, através de estímulos, pensamentos, afetos e vínculos, permitindo ressignificações (ZAREBSKI et al., 2016; CYRULNIK, 2001).
A resiliência foi aferida por escala (PESCE et al., 2014), sendo que o grupo de mulheres participantes apresentou elevado grau de resiliência, porém as mulheres que vivem sós têm 5,86 pontos a mais na escala de resiliência em relação as que moram em companhia de algum familiar.
Há poucos estudos científicos que relacionam resiliência e morar só, o que dificulta comparações. Porém, pesquisa realizada no México (MORALEZ-JINEZ et al., 2021) com pessoas idosas evidenciou que há correlação entre o nível de resiliência e a harmonia do arranjo familiar, sendo que quanto mais desarmônico o lar, menor a resiliência. Este achado pode corroborar o menor grau de resiliência encontrado nas mulheres idosas que vivem com familiares e pode indicar desarmonia e presença de violência.
Pesquisas demonstram que, com o passar dos anos, mudanças nas relações intrafamiliares podem resultar em sutis práticas de violência, com destaque para a econômica e para a psicológica. Além da mudança de papeis familiares, problemas socioeconômicos, psíquicos e físicos que afetem filhos e netos podem agravar ainda mais esta situação. O próprio matrimônio pode ser um evento gerador de violência e afetar negativamente estas mulheres, proporcionando menor resiliência (MORALEZ-JINEZ et al., 2021; FONTES, NERI, 2019; FONTES et al., 2015).
Acredita-se que esta pesquisa atingiu seus objetivos ao mostrar particularidades que permeiam o processo de envelhecer em um grupo de mulheres pretas e pardas moradoras em São Paulo, mas há ainda muito a avançar no entendimento das múltiplas velhices possíveis.
Referências
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(*) Colaboradores: Ruth G. da Costa Lopes – Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela PUC-SP e doutorado em Saúde Pública pela USP. É professora Associada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Gerontologia e Psicogerontologia, atuando principalmente nos seguintes temas: processo de envelhecimento, psicoterapia em grupo para idosos, velhice e família.
Bruno Daniel Carvalho Ferrarini, Vitoria Cristina Silva De Souza e Úrsula Niceia Angelim Novais – Estudantes de Medicina do Centro Universitário São Camilo SP .
Foto destaque de Kelly/pexels
Não perca! Saiba mais sobre esta pesquisa na live que acontecerá nesta nesta quarta-feita, dia 27/09, às 19h: