O livro conta a história de Betty Halbreich que, aos 86 anos, é uma figura única no mundo da moda, comandando há quase quatro décadas o departamento de compras personalizadas – ou personal shopping, como Betty prefere não chamar – da loja Bergdorf Goodman, ícone do consumo de luxo na Quinta Avenida. Meticulosa, impecável e engraçada, Betty é conhecida por não ter medo de abrir o jogo com as clientes. Já vestiu desde uma primeira-dama dos Estados Unidos até personagens de séries como Sex and the City e Girls, além das próprias estilistas que abastecem suas araras.
Suely Tonarque *
Na sinopse do livro, consta que Betty fala não só da tão atraente carreira, mas também do momento mais duro em que precisou se encarar no espelho: separada e com dois filhos, ela entrou em depressão e tentou o suicídio. Um emprego de vendedora na Bergdorf Goodman a ajudou a se reencontrar, porém seu talento para vestir os outros era inversamente proporcional à inclinação para as vendas. Realocada como personal shopper, Betty deu a volta por cima e levou junto inúmeras clientes que também se reencontraram com seus conselhos e exemplo. Combinando memórias de compras, moda e celebridades fashion – sem citar nomes – com capítulos intensos sobre sua vida pessoal, Betty mostra que o verdadeiro estilo de uma mulher não está impresso nos cortes, tecidos e etiquetas que ela veste, mas na história que ela tem para contar. E a história de Betty é inspiradora.
Sair do casulo
No decorrer da sua vida os acontecimentos modificaram a sua forma de se apresentar. Foi então preciso sair do casulo e ir em busca de uma nova estrada, a qual foi preenchida com a ajuda de seu analista. Paralelamente foi construindo uma profissão delicada e dedicada a deixar as pessoas mais elegantes – seja para casamentos, batizados, reuniões, cotidiano, produções para filmes, teatro, propagandas, entre outros. Todos, após conhecerem o talento de Betty faziam o vínculo e retornavam para um próximo evento, seja qual fosse.
Betty foi se descobrindo a cada atendimento, que até então era um pedaço desconhecido antes de iniciar esta tarefa, pois ainda não sabia de sua singularidade – “deixar os outros bem” (bonito!!!).
Ela iniciou no mercado de trabalho após sua separação e já com os filhos adultos. Hoje, com 86 anos, chega todos os dias na belíssima Bergdorf Gooldman (N.Y.) e caminha pelos andares em busca de peças (roupas) novas, refletindo como vai construir o seu dia, auxiliando as clientes que irá encontrar. Sempre com a agenda preenchida com o mesmo sabor da chegada da primavera.
-”Envelhecer é a única coisa que não combina” – “mas será que combina com alguém?” (lembra de sua mãe dizendo esta frase).
Para Betty (aos 86 anos), o envelhecimento chega e o seu brinde é a sua coragem de viver com paixão, acredita que o valor de ajudar uma pessoa levando ao médico, refletir sobre as questões do meio ambiente em um Congresso, estudar com seu filho, acompanhar uma amiga em uma separação, é tão importante quanto vestir alguém!!! Este é o brinde a tudo isso, este é um brinde ao ato de viver!!!
* Suely Aparecida Tonarque é Psicóloga e mestre em Gerontologia Social pela PUC-SP, com o tema “Velhice e Moda: Incursões históricas e realidade atual”, defendida em 2012. Email: satonarque@uol.com.br