O curso aumenta o conhecimento sobre o processo de morrer, reduz o medo e o estigma relacionados à morte e fortalece a coesão social.
Ana Beatriz S. Ferraz (*)
Falar sobre a morte ainda é um tabu em muitas culturas. No entanto, a falta de informação e preparo sobre o processo de morrer pode aumentar o sofrimento de quem enfrenta uma doença grave, assim como o dos familiares e cuidadores, especialmente durante o luto. A morte faz parte da vida, mas quando evitada ou silenciada, pode gerar medo, solidão e desamparo.
Foi com o objetivo de transformar essa realidade que nasceu o curso Últimos Socorros, também conhecido como Last Aid, uma iniciativa internacional que busca educar o público sobre cuidados paliativos, a finitude da vida e o luto, oferecendo acolhimento, técnicas e informações para que as pessoas saibam como agir, apoiar e se conectar com empatia nos momentos finais. Assim, fortalece os laços sociais e contribui para o bem-estar coletivo, criando comunidades mais compassivas.
Como nasceu o curso?
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O curso foi desenvolvido em 2008 pelo médico alemão Georg Bollig, especialista em cuidados paliativos e medicina intensiva. O conceito fez parte de sua tese de mestrado e foi publicado em 2010 no livro Palliative Care für alte und demente Menschen lernen und lehren (Cuidados Paliativos para pessoas idosas e dementes aprenderem e aprenderem). Em 2014, os primeiros cursos presenciais foram realizados na Noruega, Alemanha e Dinamarca, ganhando reconhecimento internacional após a publicação do artigo “O último curso de auxílio – Um conceito simples e eficaz para ensinar o público sobre cuidados paliativos e para aumentar a discussão pública sobre a morte e o morrer” de 2016.
Desde então, mais de 70 mil pessoas em 23 países participaram da formação. A iniciativa chegou ao Brasil em 2020, com apoio de profissionais de cuidados paliativos como Karin Schmid, enfermeira formada na Alemanha e pioneira na introdução do curso no país.
Qual a importância do curso de Últimos Socorros?
Em uma revisão narrativa publicada em 2021, liderada por Georg Bollig e Eithne Hayes Bauer, intitulada Cursos de Últimos Socorros como medida para a educação pública em cuidados paliativos para adultos e crianças, traz a importância do curso como uma ferramenta de educação pública em cuidados paliativos. Segundo os autores, participar do curso aumenta o conhecimento sobre o processo de morrer, reduz o medo e o estigma relacionados à morte e fortalece a coesão social, ao estimular o surgimento de comunidades compassivas onde pessoas se apoiam mutuamente em momentos difíceis.
Além disso, o estudo “Cursos de Últimos Socorros como medida para a educação pública em cuidados paliativos para adultos e crianças” também mostra a eficácia da versão online do curso, implementada durante a pandemia de COVID-19, além da adaptação do conteúdo para crianças e adolescentes.
Por que fazer o curso no Brasil?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda se “morre mal” no Brasil e há carência de serviços de cuidados paliativos. A recém-publicada Política Nacional de Cuidados Paliativos reconhece que este tipo de atenção é uma responsabilidade ética dos sistemas de saúde, devendo estar presente inclusive na atenção primária.
O curso “Últimos Socorros” está disponível no Brasil desde 2020, promovendo um cuidado mais humanizado e digno no momento final da vida, tanto para a pessoa que está partindo quanto para as pessoas em seu entorno.
Ao capacitar a população de forma simples e acessível, o curso de Últimos Socorros colabora com políticas públicas e complementa a atuação dos profissionais da saúde, criando uma rede de apoio mais humana.
Em breve, o minicurso acontecerá no Espaço Longeviver do Portal do Envelhecimento, em São Paulo, com vagas limitadas (veja abaixo). E abordará a redução do sofrimento, o alívio das necessidades físicas e emocionais e a promoção de uma morte com mais dignidade e menos intervenções médicas desnecessárias.

Serviço
Minicurso: Últimos Socorros, para, no final, saber o que fazer
Objetivo: Capacitar qualquer pessoa, profissional da saúde ou não, para oferecer apoio a quem está em fase terminal da vida.
Data: 24/05 (sábado)
Horário: 9h às 13h
Modalidade: presencial
Vagas: limitadas
Local: Espaço Longeviver – Av. Pedro Severino Júnior, 366, Sala 166, – Vila Guarani, São Paulo/SP (Próximo ao metrô Conceição – Linha Azul)
Informações: https://edicoes.portaldoenvelhecimento.com.br/novo/courses/curso-presencial-ultimos-socorros/
(*) Ana Beatriz S. Ferraz é bacharelanda em Gerontologia pela Universidade de São Paulo. Atualmente é estagiária no Portal do Envelhecimento e Longeviver. www.linkedin.com/in/ana-beatriz-s-ferraz-a3a7a2132
Foto de Jsme Mila/pexels
