O diabetes é uma doença silenciosa que, se não for diagnosticada e tratada adequadamente, pode gerar uma série de complicações à saúde. Os dados mais preocupantes revelaram que quase 50% dos diabéticos não sabiam da doença e que, entre os que conheciam o diagnóstico, 22,3% não realizavam nenhum tipo de tratamento.
Isabela Morais *
Em 2009, dados divulgados pela International Diabetes Federation (IDF), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), revelaram que a população atual de diabéticos no Brasil é de 7,6 milhões de pessoas. A estimativa para 2030 é que esse número alcance 7,7% da população. Como a previsão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é de que, nesse ano, a população brasileira atinja cerca de 206,8 milhões de habitantes, o número de diabéticos seria de aproximadamente 16 milhões.
O diabetes é uma disfunção metabólica caracterizada por uma taxa elevada de açúcar (glicose) no sangue. Isso acontece porque as células do corpo humano, por algum motivo, não conseguem retirar do sangue e utilizar para si o açúcar ingerido nas refeições que é sua principal fonte de energia. “Há muita glicose no sangue, mas as células do organismo não conseguem aproveitá-la”, diz Rosario Dominguez Crespo Hirata, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP que coordena anualmente as Campanhas de Diabetes desenvolvidas pela instituição.
Anualmente, sob a coordenação da professora Rosario Hirata, acontece a Campanha de Diabetes na Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Segundo a professora, a doença pode aparecer sob diversos tipos, mas os mais importantes são três: os diabetes tipos 1 e 2 e o diabetes gestacional.
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O diabetes tipo 1 é mais raro e acomete principalmente crianças e jovens. Acontece por um erro do organismo. Rosario explica que determinados anticorpos (proteínas responsáveis por proteger nosso organismo de agentes externos) destroem as célulasbeta do pâncreas, que são responsáveis por produzir o hormônio insulina. Esse hormônio auxilia o processo de retirada de glicose do sangue. Com uma taxa baixa de insulina, o açúcar na circulação aumenta e o diabetes se desenvolve.
O diabetes tipo 2 é mais comum e possui certa hereditariedade. Pode se desenvolver a partir da obesidade, da pressão alta e do colesterol alto. Nesse tipo de diabetes, o corpo continua produzindo insulina, mas as células perdem a sensibilidade de absorção do açúcar e por isso não conseguem utilizá-lo. Portanto, a pessoa com diabetes tipo 2 tem resistência à insulina.
O outro tipo importante de diabetes é o gestacional, lembra a professora. Acontece durante a gravidez por um aumento excessivo de peso ou por outro fator e pode gerar complicações no parto. Após a gravidez, há chances de a mulher continuar diabética; nesse caso ela desenvolveria o diabetes tipo 2.
Os principais sintomas da doença são sede e vontade de urinar constantes, muita fome e perda de peso.
A professora treina seus alunos para os atendimentos da Campanha
Se não tratado corretamente, o diabetes pode gerar diversas complicações e, em casos extremos, ocasionar a morte. O levantamento Saúde Brasil 2008 realizado pelo Ministério da Saúde mostrou que os óbitos que tiveram o diabetes como causa aumentaram 47% entre 1990 e 2006.
Rosario aponta as principais complicações da doença: entupimento das artérias, progressiva perda da visão e das funções do rim, problemas de circulação sanguínea e deficiências neurológicas. Esses problemas acontecem, porque a glicose reage com as proteínas do organismo, causando a deterioração dos órgãos.
Um das complicações que podem atingir os diabéticos são os chamados pés diabéticos, que ocorrem como consequência das complicações neurológicas e da circulação sanguínea.
O diabetes tipo 2 pode ser evitado se o indivíduo mantiver hábitos saudáveis. Uma alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos auxiliam na manutenção de uma vida tranquila, sem as complicações que a doença pode trazer. A professora lembra: “É importante realizar avaliações médicas constantemente para monitorar o peso, a pressão arterial, o colesterol e a glicemia, além de manter uma alimentação saudável, evitando carboidratos e priorizando fibras. Também é essencial realizar atividades físicas regularmente.” Para os que já possuem a doença, outra dica fundamental é ficar atento ao consumo de produtos light e diet.
Serviço
Em Ribeirão Preto, o GED oferece orientação e atendimentos com relação ao diabetes
Em Ribeirão Preto, o Grupo de Educação em Diabetes (GED) fornece aos diabéticos informações sobre os cuidados com a saúde. O programa é orientado por uma equipe de enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e profissionais de educação física. A participação é aberta a toda comunidade.
Local: Centro Educativo de Enfermagem para Adultos e Idosos, na Casa Número 5, r. Pedreira de Freitas. Campus de Ribeirão Preto
Telefone: (16) 3602-3467
Em São Paulo, o CRNutri (Centro de Referência para Prevenção e Controle de Doenças Associadas à Nutrição), ligado à Faculdade de Saúde Pública, realiza atendimentos de prevenção e tratamento de doenças relacionadas à alimentação, entre elas o diabetes. Podem ser atendidos os moradores da região da faculdade (Cerqueira César, Pinheiros etc) e funcionários da FSP e da Escola de Enfermagem.
Local: Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza da FSP. Av. Dr. Arnaldo, 715 – São Paulo
Telefone: (11) 3061-7726
Mais informações: [email protected]
No Hospital Universitário (HU), o Grupo de Doenças Metabólicas oferece atendimentos e orientações aos diabéticos através de uma equipe multidisciplinar. A cada consulta que realiza, o paciente é submetido a uma triagem nos pés, para verificar a sensibilidade e a existência de ferimentos. O grupo também oferece aulas educativas. Casos mais graves recebem atenção especial da equipe de enfermagem. O HU atende alunos, funcionários, professores e dependentes e parte da comunidade do Butantã.
Local: Av. Prof. Lineu Prestes, 2.565, Cidade Universitária – São Paulo
Telefone: (11) 3091-9200
Já o Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP conta com o ambulatório do Pé Diabético formado por uma equipe de endocrinologistas, ortopedistas e terapeutas ocupacionais. O grupo atende pacientes em situação grave de outros ambulatórios do hospital.
Local: av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255 – Cerqueira César
Telefone: (11) 3069-6000
Fonte: Revista Espaço Aberto N. 124, 7/2/2011. Disponível Aqui