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Transformar corpos dos mortos em adubo: alternativas ecológicas para sepultamento ou cremação

Duas empresárias, uma sueca (Susanne Wiigh-Masak) e uma americana (Katrina Spade), ambas ambientalistas compartilham o compromisso de oferecer uma alternativa verde aos funerais tradicionais, transformando os corpos dos mortos em adubo em vez de sepultamento ou cremação, a partir dos projetos chamados “Promessa” e “Morte Urbana”.

Pauline Fréour *

 

Se a americana Katrina Spade e a sueca Susanne Wiigh-Masak não fossem ateias, poderiam ter como lema a frase da Bíblia que diz “tu és pó e ao pó voltarás”. Embora separadas pelo oceano, as duas ambientalistas compartilham o compromisso de oferecer uma alternativa verde aos funerais tradicionais, transformando os corpos dos mortos em adubo em vez de sepultamento ou cremação.

O projeto sueco de Susanne Wiigh-Masak é o mais avançado, sua empresa chamada “Promession” (Promessa) foi fundada em 2001 na pequena ilha de Lyr. Bióloga por formação, optou pela redução do corpo em adubo através do criotecnologia (kruos do grego, “frio” ). O cadáver é congelado por um mergulho em azoto líquido a – 196°C, o que faz com que fique muito frágil. Em seguida, é agitado por alguns minutos e assim dividido em partículas minúsculas, que são depois secas para extrair água fria. Os sólidos remanescentes são filtrados para remover os metais tais como o mercúrio de dentes, e transferidos para um pequeno caixão biodegradável. O peso total do material diminui consideravelmente ao longo do processo. Após esse processo, é enterrado no solo a uma profundidade rasa, desintegrando-se rapidamente, e assim nutrindo a terra que o rodeia.

Para entender todo o processo, veja o vídeo explicativo do projeto de Promessa, em inglês: Acesse Aqui 

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Se Susanne Wiigh-Masak não aplica ao corpo exatamente a técnica de compostagem tradicional, “por respeito à família “, como declarou à mídia britânica, a americana Katrina Spade, não hesita. Seu projeto “Urban Death” (morte urbana), ainda em fase de planejamento, tem como objetivo, em vez de otimizar a técnica de decomposição de fermentação de matéria orgânica, transformá-la em uma espécie de solo enriquecido.

Como o corpo humano é composto de material orgânico, o processo é tecnicamente viável, dizem alguns cientistas, e Katrina Spade cita uma empresa norte-americana que realiza com sucesso adubo feito a partir de restos de animais. Mas Susanne Wiigh-Masak tem suas preocupações, argumenta que um corpo humano é muito grande para a reação prosseguir corretamente.

Para que a fermentação aconteça, a base da compostagem, o corpo humano, rico em nitrogênio, deve ser posto em contato com serragem ou lascas de madeira, em um lugar ventilado. Durante a reação, a temperatura sobe para 60°C. As bactérias do corpo liberam enzimas que decompõem o tecido, que se misturam gradualmente à madeira até que se obtém um produto semelhante ao do solo. Os ossos também podem ser decompostos, requerendo um pouco mais de tempo, afirma Katrina Spade, arquiteta, que vive em Seattle. Para acomodar esse rito funeral de um novo tipo, ela imaginou um edifício chamado de “casa”, que serve tanto como um lugar físico de processamento (os corpos são colocados no alto, para fora de vista), mas também para um espaço que seja de contemplação para as famílias.

O projeto Urban Death, publicado recentemente no New York Times, ainda está no começo. O Projeto lançou um apelo para doações na plataforma de financiamento participativo Kickstarter, com o objetivo de levantar US$75.000 para completar a segunda fase de concepção do projeto: refinar o design de construção e resolver desafios tecnológicos.

Entre seus argumentos comerciais, a jovem enfatizou o custo ecológico de um funeral tradicional. Em um recente artigo publicado no Huffington Post, ela disse que “Nos Estados Unidos a cada ano 600 mil quilômetros de tábuas de madeira, 1,6 milhões de toneladas de concreto e 3,7 milhões de litros de produtos de embalsamamento são enterrados em cemitérios”. Assinalou ainda que cremações liberam 250.000 toneladas de CO2 para a atmosfera.

* Pauline Fréour escreve para Le Figaro. Tradução de Sofia Lucena. Acesse Aqui. Texto publicado em 17/04/2015.

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