Suzana Medeiros é, perdão ao lugar-comum, lenda viva na história da Gerontologia no país. Começou a lecionar em 1964 e só parou em 2011. No final da década de 90 liderou a equipe que criou o curso de pós-graduação em Gerontologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, após ter implantado a pós em Serviço Social na mesma instituição. Aos 86 anos, lembra que “antigamente” a pessoa com 60 anos era “velha”. E comemora: “Hoje, quem tem 70 anos está à frente”.
Guilherme Salgado Rocha
Suzana Medeiros nasceu no dia 29 de outubro de 1925, na capital. Seu único irmão, já morto, também. Mas toda sua família é de Iguape, litoral sul de São Paulo, onde costumava se “refugiar” nos seus aniversários porque “achava meio bobo se fazer uma festa para o seu próprio aniversário. Festa mesmo só quando completou 80 anos, feita por uma amiga querida. Ela morou também em Santos, onde fez o colegial, no Colégio São José.
Seu pai era engenheiro agrônomo e funcionário público. Por isso, tinha que obedecer quando era mandado para outra cidade. Ele era o responsável pela qualidade das frutas que o Estado de São Paulo exportava. Tinha que estar presente nos locais, sem errar. A qualidade do que iria para outros países dependia daquele trabalho ali, nos portos. Hoje, ele dá nome a um campo de experiências em Iguape, local destinado a pesquisas na área de Agronomia.
De volta para São Paulo, Suzana estudou na Escola de Serviço Social, que se integrou ao curso de pós-graduação em Serviço Social, que já estava organizado, e a escola passou a ser um Departamento de Serviço Social da PUC-SP. Suzana assumiu sua chefia. Segundo ela, “naquele tempo, o Serviço Social tinha um prestígio que não tem hoje (…) tínhamos muita experiência em estágios, todos os nossos alunos faziam”.
Começou a trabalhar na PUC em 1964. E toda a sua vida trabalhou na instituição, como professora. Todos estes anos. Para implantar a pós-graduação em Gerontologia ela teve que estudar muito.
Hoje, reconhece que é “um engano quando se pensa que antigamente as pessoas viviam mais.
Vive-se mais atualmente. Naquela época, com 60 anos a pessoa era velha. Hoje, com 70 anos, a pessoa está vendo à frente. Então, não tivemos dúvida em começar a pensar sobre esse tempo da vida. Pois para esse tempo não tínhamos uma proposta”. Ela entende a velhice não como fim da vida, pois “morre-se a qualquer tempo”. Para ela o “esplendor da vida deveria ser na velhice”.
O curso de Gerontologia na PUC-SP começou com uma pesquisa em relação aos serviços oferecidos aos idosos, como parte de um estudo mais amplo, realizado pela Universidade da U.N.O., de Tóquio – “Estudo do sistema de apoio ao idoso”. Dele participaram sete países: Índia, Coreia do Sul, Egito, Cingapura, Tailândia, Zimbábue e Brasil. Por causa do interesse comum dos profissionais participantes da equipe formada, e baseados nos bons resultados conseguidos no trabalho, surgiu o Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Nepe), cujos membros estruturaram e implantaram, a partir de 1997, o Programa de Estudos Pós-Graduados em Gerontologia.
Leia a entrevista na íntegra na edição atual da REVISTA PORTAL de Divulgação.