Suicídio em idosos: problema de saúde pública

É possível prevenir a antecipação do fim? Suicídios de idosos no Brasil e possibilidades de atuação do setor saúde, é tema de pesquisa recém-aprovada pelo Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Pública (Inova-ENSP), que contará com a coordenação da pesquisadora Cecília Minayo (Claves/ENSP), interessada em estudar a magnitude e a significância do suicídio da população idosa brasileira.

Beltrina Côrte

 

A aprovação de verba pública para uma pesquisa com esta temática responde às questões colocadas por uma das primeiras pesquisas nacionais sobre o tema, realizada

pela médica da Secretaria Municipal de Saúde de Rio das Ostras (RJ), Jane Teixeira, em sua dissertação de mestrado realizada na PUCSP, que trabalhou sobre dados de mortalidade de idosos brasileiros, especificamente, por suicídio, abrangendo os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia.

Na ocasião ela já alertava para o aumento dos casos de suicídios em mulheres com mais de 60 anos, chamando a atenção dos profissionais e da estrutura pública de saúde, indicando a necessidade de os gestores atentarem para políticas de saúde específica para pessoas nessa faixa etária, que devem ter especial acompanhamento por equipe multiprofissional. Como sua pesquisa constatou que cerca de 62% dos suicídios são praticados no próprio domicílio, ela ainda indicava que as famílias também deveriam estar atentas ao comportamento do idoso.

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Os estados analisados por Jane Teixeira concentraram 60% dos idosos do País. No Rio de Janeiro e Minas Gerais, o suicídio de mulheres na Terceira Idade cresceu 12% e 115,7% respectivamente, de 2000 até 2005. O número mais expressivo foi do aumento desse tipo de óbito na Bahia, um crescimento de 728%, o que para a médica, indicava que os dados não estavam sendo atualizados continuamente. Foram avaliados também os riscos associados ao suicídio na Terceira Idade, como desemprego, laços familiares frágeis, transtornos mentais – principalmente a depressão – e a migração dos idosos que deixam suas cidades natais.

Os resultados desta pesquisa foram, inclusive, apresentados no Congresso Internacional de Geriatria e Gerontologia, que aconteceu em Paris, na França, em julho de 2009.

A atual pesquisa

Um dos objetivos do estudo financiado por Inova-ENSP é fazer com que sua própria realização e socialização de dados, colhidos e analisados, possam ser apropriadas pelos profissionais de saúde e de direitos humanos, uma vez que as taxas de suicídio no Brasil vêm apresentando crescimento leve, mas consistente, principalmente na população acima de 60 anos, maior entre os homens, passando de 12 suicídios a cada cem mil pessoas para 15,8 a cada cem mil, entre 1980 a 2006. Situação considerada de média gravidade, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.

O projeto prevê ainda a realização da “autópsia psicossocial” em idosos que cometeram suicídio por meio de entrevistas com familiares em dez municípios brasileiros com taxas de mortalidade relevantes; contextualização do problema e análise qualitativa das especificidades individuais, sociais e regionais. Além disso, será realizado um estudo ecológico sobre o suicídio de idosos para se conhecer a magnitude do problema em nível nacional e estabelecer os municípios brasileiros com maior frequência de casos, investigando, variáveis associadas ao fenômeno.

Minayo, em declarações à imprensa nacional, revelou que os resultados da pesquisa produzirão um manual contendo orientações para os serviços de saúde, especialmente para profissionais de saúde que atuam na atenção básica, a fim de que se possa introduzir na agenda pública o suicídio de pessoas idosas.

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