Não houve remédio. Tomei nas mãos as rédeas do meu carro e assumi meus, os meus cavalos.
Mauisa Annunziata *
Que galoparam, trotearam deram coices e relincharam.
À força, o couro ferindo os dedos, agora eu conduzo o carro.
Não há remédio. Deixo para trás pessoas, presságios, preconceitos e prejuízos para ser presente e ter futuro.
Deixo para trás os anéis. Feminices que não dizem respeito a esta mulher que envelhece e embeleza. Que pensa palavras, frutifica e fortalece. Eu a respeito.
Na estrada de curvas e pedras, ela percebe, as margens guardam encanto. Contam a história.
Esta mulher esteve à margem. Delicada, sobreviveu no fundo, nutriu flores na superfície.
Esta mulher foi guiada, embonecada, deixada num canto e renascida.
Esta mulher é sobrevivente.
Emerge de uma época, de uma cultura para se tornar velha e bela. Estar inteira e viva.
Esta mulher prescinde de remédios.
Esta mulher agarra seu tempo e o sacode para que lhe fique nas mãos o melhor.
Só o melhor desta mulher.
* Mauisa Annunziata – Pedagoga, especializada em Criatividade, com formação em Fenomenologia na Coordenação de Grupos. Poeta e cronista. Email: [email protected]