Esse travesso chamado Tempo escorre pelos nossos dedos frágeis. Quando achamos que Ele está ganho, quanto engano, ele se vai, esvai. E o que resta?
…Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas… Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…” (Mario Quintana)
Sobre Ele, O Tempo, há tanto por falar que até engasgo nas palavras escritas e, sim, faladas comigo mesma, por que não. Sendo assim, dividirei esse texto em algumas partes. Quais, você deve se perguntar. Bem, já me desculpo antecipadamente e respondo: não sei.
Na verdade, o conteúdo é extenso, rico, uma verdadeira gangorra de emoções e, minha ideia, é explorá-lo ao máximo, se minha “tinta” mental e intelectual tiverem condições para tal façanha.
A intenção é iniciar em Mario Quintana, trocar algumas palavrinhas com esse cara chamado “O Tempo” (poema do poetinha), depois fazer uma longa pausa reflexiva (de alguns textos) no documentário “Quanto tempo o tempo tem” da diretora Adriana L. Dutra e do codiretor Walter Carvalho e, se os deuses ajudarem, finalmente encerrar com o pensamento do filósofo italiano Giorgio Agamben,
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Portanto, mãos à obra, e que venha o gênio das palavras e seu “O Tempo”:
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
E é exatamente por isso que insisto em esconder todos os relógios quando assim me é permitido. Esse travesso chamado Tempo escorre pelos nossos dedos frágeis. Quando achamos que Ele está ganho, quanto engano, ele se vai, esvai. E o que resta? Apenas o silêncio que Ele impõe com sua ausência porque o Tempo é cheio de brincadeiras roubadas e desejos desfrutados. Que pena, Ele passa, como tudo na vida, Ele segue seu curso.
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Então, meu caro leitor, não deixe o Tempo passar. Ele corre rapidinho e quando vemos, já foi, pegou a primeira corona e… Penso que em tempos de corona vírus muito mudou: a finitude bateu à porta e mostrou a sua cara e toda imprevisibilidade das coisas.
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…
Guarde isso: não deixe seu amor se perder no emaranhado dos ponteiros de um cruel marcador, os anos são implacáveis. Solte-se, liberte-se, entregue-se à sedução dos momentos, bolas para o compromisso, viva os instantes, beba os prazeres e diga: te quiero.
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
Ah… Senhor Mario Quintana, será que esse Tempo não pode se renovar? Gosto de acreditar que Ele vai com uma cor e retorna com outra, talvez, mais brilhante, mais feliz, mais e mais.
Isso é esperança…
Referências
AGAMBEN, G. (2008). Tempo e história: crítica do instante e do contínuo. In A,G. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: UFMG.
DUTRA, L. A.; CARVALHO, W. (2015). Documentário: Quanto tempo o tempo tem.
QUINTANA, M. (1980). Esconderijos do Tempo. São Paulo: L&PM Editores.
Foto destaque de Tom Swinnen no Pexels
Curso propõe abordar estudos de casos práticos de mediações em contextos com familiares idosos, relacionados com as diversas etapas, princípios e técnicas utilizadas nas mediações: conjugais, filiais, fraternos, geracionais e intergeracionais, relacionados às relações familiares, convivências, questões patrimoniais, cuidados e riscos. Está fundamentado no enfoque interdisciplinar do Direito e da Gerontologia Social.