Seria a Velhice uma Visão do Inferno? Nem Sempre…

Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que…? Não é necessário recorrer as delicadas interpretações psicanalíticas dos contos de fadas para responder a esta dilacerante pergunta: Sim, existe, e sempre existirá. Múltiplas belezas, cada qual do seu jeito e com seu próprio espelho. O problema é aceitar ou entender os efeitos do tempo. Ah…sempre ele, o tempo que denuncia, entrega e nos faz confessar: a velhice chegou com todos seus sinais e mensagens. Resta agora vivê-la.

 

 

seria-a-velhice-uma-visao-do-inferno-nem-sempreEm trechos da entrevista da Revista Caras, de Portugal, com a socialite portuguesa Lili Caneças, descrita a seguir, fica clara a dificuldade em se aceitar o inevitável: a consciência da velhice. Será que o “ser velho” atormenta mais as mulheres? É possível que sim, porque cada vez mais se vive um padrão estético cruel do ideal de magreza e da juventude. Somado a isso temos um público masculino altamente visual. Uma amiga reclamando da solidão me confessou ter ouvido de um certo parceiro da noite a frase: “Quem gosta de interior é só arquiteto”. Talvez todas essas coisas juntas justifiquem as respostas da socialite.

Conta a reportagem que em abril de 2001, Lili Caneças surpreendeu o país com os resultados de um peeling que lhe renovou a pele de seu rosto. Mais tarde, ela fez um lifting combinado com outro procedimento para corrigir as rugas dos lábios e das pálpebras. Agora, a socialite decidiu voltar a colocar a sua imagem nas mãos de cirurgiões plásticos, para eliminar as rugas do pescoço, que, na sua opinião, “está horrível e não combina com a pele da cara”.

Caras: – Há sempre um risco associado às cirurgias. Já estipulou um limite para se submeter a este tipo de intervenção com fins estéticos?
Lili Caneças: – Sim, acho que esta será a última. É uma operação muito minuciosa, que vai durar duas horas, com anestesia geral. Já levei muitas anestesias, portanto, possivelmente não farei mais nada. Comecei aos 57 anos e acabo aos 67. Acho que é uma boa idade para acabar. Depois, vou arranjar um namorado (…).

Porque decidiu desta vez fazer a intervenção em Portugal?

Lili Caneças: – Só não o fiz da primeira vez porque ninguém faz um peeling daqueles em Portugal como os grandes cirurgiões que trabalham na Espanha. Em Portugal ainda há a mania de que ter rugas é fantástico, que cada ruga é uma história de vida. Eu não acho nada disso. Se temos cabelos brancos e os pintamos, se os dentes ficam podres e os tratamos, por que é que não havemos de tratar da pele?

Podemos envelhecer com dignidade, que é o que eu pretendo fazer. No Brasil, fazer cirurgias plásticas é absolutamente normal, faz parte do processo de envelhecimento, as pessoas cuidam da sua imagem. Veem a Fernanda Montenegro com a pele assim? Veem as grandes divas do teatro brasileiro com a pele assim?

Não! Se a esperança média de vida das mulheres em Portugal é de 85 anos, ao menos que se envelheça com qualidade! Porque se não forem ultrapassados certos obstáculos, a velhice é uma visão do inferno!

Em seguida, a Revista Caras pergunta sobre o término da participação de Caneças num programa da manhã da TVI. Visivelmente ressentida ela reclama da falta de atenção dispensada durante os seis anos de trabalho:

Lili Caneças: (…) chamaram-me a um escritório e foi uma senhora que eu só tinha visto uma vez que me disse que a TVI estava a fazer contenção de custos e que a partir de janeiro a rubrica (programa) deixava de existir. A verdade é que eu já nem conheço as pessoas que lá trabalham… Agora estou entre os 700 mil desempregados de Portugal, com 67 anos e sem ter direito à reforma (aposentadoria).

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Nada. Eu já estava à espera, por isso, poupei muito e agora posso dar-me ao luxo de viver dos poucos rendimentos que tenho. A casa onde vivo é minha, o carro onde ando é meu, e não tenho grandes despesas. Ao contrário do nosso presidente, Cavaco Silva, consigo viver com cerca de 1500 euros por mês, pois é esse o valor das minhas despesas fixas.

Estipula para si própria uma mensalidade que tenta não ultrapassar?

Exatamente, foi assim que fui educada. Eu vivi no tempo do Salazar, em que todos nós éramos ensinados a poupar. Fomos educados a viver sem extravagâncias, portanto habituei-me a ter uma vida regrada, ao contrário dos meus filhos, que tiveram uma educação completamente diferente da minha e achavam que todas as crianças tinham motorista e piscina em casa!

Será que podemos dizer que Lili Caneças soube envelhecer? Com certeza ela nunca será aquela imagem da vovozinha feliz que as revistas insistem em descrever e nem a senhora madura bem resolvida com suas rugas e dobrinhas. Mulheres que vão ao extremo da vaidade, como ela, muitas vezes, sofrem com a crueza dos efeitos do tempo e, pior, padecem com o impacto da própria imagem refletida no espelho quebrado da alma.

Mas nem sempre é assim e nem todas as mulheres se “rasgam” com a velhice. Dona Antonieta Baradel Mendes, de 73 anos, se enquadra num tipo bem diferente da socialite. Eleita, em 1998, Miss Terceira Idade, em Maringá e, atualmente, trabalhando como modelo de passarelas e comerciais de televisão, ela sabe que a beleza não depende apenas de cuidados estéticos, mas também de um estado de espírito.

Ela conta que um dos segredos para manter a boa aparência é pensar positivo sobre tudo na vida e nunca abrir mão da diversão. “Adoro dançar e viajar e, sempre que a tristeza aperta, busco pensamentos positivos. No mesmo instante me sinto melhor e até mais bonita”, assegura.

Além de manter o alto astral, dona Antonieta dá outra dica: “nunca, em hipótese alguma, abrir mão da vaidade e dos cuidados com a saúde. Passo protetor solar todos os dias, faço uso de cremes hidratantes e, quando vejo que estou exagerando na comida, começo um regiminho”, afirma, entre risos, dona Antonieta.

Essas são as várias velhices e cada um vive como pode e consegue. Imposições quanto ao que seria melhor ou ideal para um envelhecer de bem com a vida é hipocrisia e injusto.

Referências

ALEGRIA, C. (2012). Lili Caneças admite: “A velhice é uma visão do inferno”. Disponível Aqui. Acesso em 06/03/2012. Foto: Foto: Nuno Miguel Sousa.

CASTALDELLI, F. (2012). Mais belas na maturidade. Disponível Aqui. Acesso em 07/03/2012.

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