Robôs e outras tecnologias transformam casa de repouso em um centro piloto

Desde a década de 1980 que cientistas tentam criar robôs e replicar o comportamento humano em robôs. Um lar para idosos se tornou a moradia para robôs treinarem seus cuidados a idosos.


Já publicamos aqui no Portal do Envelhecimento algumas matérias sobre tecnologia e velhice. Algumas delas, como o artigo Robôs sociais: cuidadores do futuro para idosos solitários? ao focarem na questão da solidão e isolamento mostraram como robôs autônomos treinados para interagir e se comunicar com humanos pode ser de grande ajuda na velhice, ou seja, podem ajudar no cuidado e na interação social. Aliás, o filme Frank e o Robô aborda justamente isso. A película, passada em um futuro próximo, trata justamente da questão dos cuidados na velhice. No caso, o casal de filhos do protagonista, preocupados com o fato do pai não conseguir mais viver sozinho pelo início de uma demência, compram um robô cuidador, que anda, fala e é programado especialmente para ajudar no desenvolvimento da saúde mental e física do pai.

Será que Todos vão precisar de um robô na velhice? Esse é outro artigo que destaca o papel do robô nessa complexa e desgastada relação família, idoso e cuidador. A chegada de robôs seria uma grande solução, afinal, eles não faltam, não perdem a paciência, não discutem relação, não acumulam ressentimentos, não cobram atitudes, não abandonam o idoso sem mais nem menos. Eles simplesmente cuidam, sem pedir nada em troca, e podem trabalhar ininterruptamente, sem necessidade de turnos. Na ocasião em que publicamos essa matéria, dizíamos que “Se hoje já somos totalmente dependentes de celulares, computadores, não falta muito para também sermos de robôs…”.

O artigo Rodney Brooks: Por que dependeremos de robôs responde justamente a questão posta. Brooks, roboticista que constrói robôs baseados em princípios biológicos de movimentação e raciocínio, e criador do robô Baxter, comenta nessa matéria que os robôs se tornaram meio que onipresentes em nossas vidas de muitas formas. Segundo ele, à medida que envelhecemos nos tornamos mais frágeis e não conseguimos fazer todas as tarefas que costumávamos fazer. Ele acredita que realmente teremos que ter robôs para nos ajudar. “Quero dizer robôs fazendo as coisas que normalmente fazemos para nós mesmos, mas que ficam mais difíceis quando envelhecemos. Tirar as compras do carro, subir escadas, ir para a cozinha. Ou até mesmo, quando somos muito mais velhos, dirigir o carro quando visitamos outras pessoas”, diz Brooks. Ele ainda sentencia “todos nós vamos contar com robôs nos próximos 40 anos como parte de nosso cotidiano”. Provavelmente não vivenciarei essa experiência, a não ser que me torne uma centenária e que ganhe na loteria, pois certamente não será acessível à maioria da população, justamente a que mais necessita de cuidados.

Trouxe esses artigos já publicados por nós, entre tantos outros, para mostrar como pesquisas estão avançando. Não é ficção. A tecnologia para melhorar a vida dos idosos está crescendo em toda parte, incluindo no horizonte para residências de idosos, tanto na estrutura de seus edifícios quanto nas abordagens para o bem-estar dos residentes. Um artigo recém-publicado que em tradução livre é Robôs, IA e outras tecnologias futurísticas encontram uma casa em moradias para idosos fala do centro de inovações tecnológicas em Knollwood, uma comunidade para militares aposentados em Washington (EUA) que conta com vários sistemas que estão sendo testados.

Knollwood fez parceria com universidades para conduzir estudos sobre como continuar avançando em tecnologias que poderiam melhorar a qualidade de vida dos residentes, tornando-se em uma instituição de longa permanência para idosos, piloto de tecnologia. Como resultado, os residentes têm acesso a um traje robótico que pode ajudar a corrigir os padrões de caminhada ou aumentar a força física. Os robôs podem ser usados para ajudar os idosos em um nível emocional, bem como para realizar uma variedade de tarefas, incluindo manter as pessoas ocupadas ou cumprir sua programação de medicação.

Outras tecnologias valiosas encontradas em Knollwood são os sistemas de iluminação inteligentes, que ajudam os idosos evitando quedas – um grande desafio para a indústria. A inteligência artificial, por meio de sensores inovadores embutidos neste sistema, detectaria, monitoraria e analisaria os padrões de movimento e, em caso de queda, um alerta seria enviado à equipe para atendimento.

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E não pense que tudo isso só acontece na língua inglesa. Na matéria Robôs que possam ser úteis aos humanos e que falem português, traz pesquisas brasileiras que criam uma nova geração de máquinas capazes de auxiliar os seres humanos em suas tarefas diárias, como se lembrar dos aniversários ou mesmo de fazer uma ligação importante, indo além dos assistentes de voz que já existem para celulares e computadores. O trabalho dos centros de pesquisa brasileiros se concentra no português do Brasil para que no futuro a língua portuguesa não fique de fora.

Mas que também não fique de fora outras discussões éticas e morais. A tecnologia é passada como uma grande conquista, que nos ajudou a longeviver e que seremos nós, os mais velhos, os maiores beneficiados desses inventos, especialmente aqueles que moram sós. No entanto, nossa pergunta continua: Para que prolongar a vida? Qual o sentido dela? Viver tanto para acabar em companhia unicamente de robôs? Tudo indica que o dilema das tecnologias continua, ou estará apenas começando para nós seres mortais?

Foto destaque de Alex Knight no Pexels


Este curso parte da compreensão que o estudo do envelhecimento humano é um campo multidimensional, multiteórico e comporta interlocuções com diversas abordagens teóricas e campos da psicologia. Deste modo, partiremos da teoria desenvolvimental do ciclo de vida, do paradigma do LifeSpan, para estabelecer diálogos possíveis com algumas correntes teóricas e as áreas da psicologia.

Beltrina Côrte

Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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Beltrina Côrte

Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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