As demências apresentam impactos físicos, psicológicos, sociais e econômicos, para seus cuidadores, família e sociedade.
No artigo anterior, A osteoartrite e os cuidados de saúde preventivos, chamamos a atenção para os cuidados de saúde preventivos como um aspecto importante da prática médica, levando a melhorias significativas na saúde geral, mas especialmente quando se fala na prestação de cuidados a pessoas acometidas com demências.
A demência é um distúrbio adquirido que se caracteriza por um declínio da cognição envolvendo um ou mais domínios cognitivos (aprendizagem e memória, linguagem, função executiva, atenção complexa, perceptivo-motora, cognição social). Embora as definições tradicionais de demências exigissem um declínio em pelo menos dois domínios cognitivos, a definição de transtorno neurocognitivo maior, conforme descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), requer apenas um declínio substancial em uma única área cognitiva.
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Os déficits devem representar um declínio em relação ao nível anterior de função e ser graves o suficiente para interferir na função diária e na independência. A forma mais comum de demência em adultos mais velhos é a doença de Alzheimer, representando 60 a 80 por cento dos casos.
O comprometimento cognitivo leve é um estado intermediário entre a cognição normal e a demência, no qual há comprometimentos cognitivos objetivos, mas sem declínio no nível geral de função. Embora mudanças sutis específicas na cognição possam ocorrer no envelhecimento normal, o comprometimento cognitivo leve também pode ser um precursor da demência.
Ao mesmo tempo, o comprometimento cognitivo leve também pode representar uma condição reversível no cenário de depressão, como complicação de certos medicamentos ou durante a recuperação de uma doença aguda.
Impactos
A demência apresenta impactos físicos, psicológicos, sociais e econômicos, não apenas para o indivíduo que apresenta a condição, mas para seus cuidadores, família e a sociedade. É muito comum a falta de conhecimento sobre a condição, resultando em estigmatização e barreiras, tanto para diagnóstico quanto para o tratamento.
A condição gera uma necessidade de preparo pelas famílias para cuidar da crescente dependência inerente a esta condição. O reconhecimento tardio resulta em uma demanda súbita de cuidados complexos associados a uma família despreparada que precisa rapidamente se adaptar, um processo que na grande maioria dos casos poderia ser mais gradual. Portanto, o reconhecimento tardio da demência produz uma carga de estresse excessiva, sobrecarregando as famílias e cuidadores, levando ao esgotamento deste cuidador, um termo que entre os profissionais de saúde é chamado de “burnout do cuidador”.
À medida que a população envelhece, a carga geral de demência está aumentando em todo o mundo. Com uma população envelhecida e uma crescente conscientização sobre a doença de Alzheimer e outras demências, os profissionais de saúde devem estar preparados e atentos para testar o comprometimento cognitivo e perguntar sobre o declínio funcional para evitar a falha no reconhecimento de casos de doença de Alzheimer e demências relacionadas.
Os profissionais de saúde precisarão de preparo para reconhecer de forma cada vez mais precoce as manifestações cognitivas das demências.
Referências
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5), American Psychiatric Association, 2013.
McKhann GM, Knopman DS, Chertkow H, et al. The diagnosis of dementia due to Alzheimer’s disease: Recommendations from the National Institute on Aging-Alzheimer’s Association workgroups on diagnostic guidelines for Alzheimer’s disease. Alzheimers Dement 2011; 7:263.
Foto destaque de Rdne Stock project/pexels