Precisamos educar as pessoas sobre a necessidade de cuidar ativamente da saúde, mas também na prevenção de doenças futuras.
Em nosso texto prévio sobre promoção de saúde, apresentamos os quatro pilares da promoção de saúde: exercício físico, vacinação, rastreamento e hábitos de vida. Aprofundamos em como o foco de ações nestes quatro pilares é uma sábia decisão não apenas para a saúde, mas também financeira.
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Nos próximos textos vou dar a sequência a explorar cada um dos pilares da promoção da saúde. Iniciando com o rastreamento. Rastrear no contexto da saúde é procurar uma doença ou sinais de riscos de desenvolver uma enfermidade antes que a pessoa tenha qualquer sintoma. O objetivo de realizar essa busca ativa é fazer os diagnósticos destas doenças em fases bem iniciais, de forma que as pessoas possam iniciar tratamento, obtendo desta forma melhores resultados e evitando complicações. Um exemplo fácil para entender o rastreamento é a questão da pressão alta. Fazemos medidas de pressões no consultório para identificar de forma mais precoce as pessoas que têm a doença. Se diagnosticado, iniciamos o tratamento mais cedo, tendo como objetivo diminuir consequências como infarto e derrame.
Segue um resumo das doenças com indicação de fazer o rastreamento, de acordo com cada idade.
18 anos: Pressão alta uma vez por ano.
21 anos: Câncer de colo de útero para mulheres.
25 anos: colesterol para homens.
30 anos: colesterol para mulheres.
45 anos: Diabetes (se pessoa com risco aumentado, como pressão alta, colesterol e acima do peso, começar mais cedo).
50 anos: câncer de intestino, câncer de mama, câncer de pulmão e câncer de próstata.
65 anos: Osteoporose para mulheres e aneurisma de aorta abdominal para homens que já fumaram.
70 anos: Osteoporose para homens.
Estes são os rastreios praticados por mim como médico. Lembro a todos que existe mais de uma literatura para indicar o rastreio que trazem indicações diferentes. O importante ao indicar é estar baseado em alguma literatura de confiança.
Porém, a mensagem de maior valor não é qual literatura a ser seguida, neste texto o que quero evidenciar é a importância de fazer estes rastreios ou encaminhar as pessoas para fazer esta busca ativa. E esta é a chave do sucesso, realizar antes do aparecimento dos sintomas. Pois encontrar a doença nas fases iniciais pode mudar totalmente a chance de cura ou evitar o aparecimento de eventos catastróficos.
Ganho que não enxergamos
Ao tomar tais atitudes pela nossa saúde o desastre foi evitado, então, muitas vezes é difícil enxergar o perigo que poderíamos estar expostos. Situações que, como médico, vivencio com frequência. É o câncer que foi encontrado muito tarde e que, por estar muito avançado, não tem mais cura… É o paciente que teve infarto, pois tem diabetes e pressão alta, porém nunca procurou saber se tinha tais doenças, então nunca tratou… Aí, neste momento vem o arrependimento, “se eu tivesse prestado mais atenção na saúde isto poderia ser evitado doutor?”. Uma resposta difícil de afirmar com 100% de certeza. A certeza que tenho é que ter cuidado mais da saúde melhoraria suas chances de cura e de evitar estas catástrofes.
Portanto, fica meu conselho aos pacientes e profissionais de saúde: nosso corpo é o bem mais precioso que temos, precioso demais para contar apenas com a sorte. Precisamos educar as pessoas sobre a necessidade de cuidar ativamente da saúde, não apenas dos problemas já diagnosticados, mas também na prevenção de problemas futuros. Novamente faço aqui um paralelo com nossa vida financeira, em que constantemente procuramos maneiras de cuidar e investir o nosso dinheiro, para preservar aquilo que ganhamos com muito esforço; por que não ter a mesma postura com a saúde do seu corpo? Fica esta reflexão.
Referências
Smith RA, Mettlin CJ, Eyre H. Key Criteria in the Decision to Screen. In: Kufe DW, Pollock RE, Weichselbaum RR, et al., editors. Holland-Frei Cancer Medicine. 6th edition. Hamilton (ON): BC Decker; 2003. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK13727/
Maxim LD, Niebo R, Utell MJ. Screening tests: a review with examples. Inhal Toxicol. 2014 Nov;26(13):811-28. doi: 10.3109/08958378.2014.955932. Epub 2014 Sep 29. Erratum in: Inhal Toxicol. 2019 Jun;31(7):298. PMID: 25264934; PMCID: PMC4389712.
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