Existem evidências suficientes para sustentar que continuando aprendendo, os idosos podem adquirir conhecimentos e habilidades para controlar sua saúde. Os idosos podem fazerem o que valorizam.
O Observatório da Dívida Social Argentina, da Pontifícia Universidade Católica da Argentina, elaborou o documento “A capacidade de aprender em idosos”, dirigido a toda a população interessada no assunto, especialmente os mais velhos. Foi desenvolvido pelo Barômetro da Dívida Social com Idosos, em parceria com a Fundação Navarro Viola e o Banco Supervielle. O novo estudo do Barômetro da Dívida Social com os idosos percebe o interesse que essa população tem em continuar treinando, estudando ou aprendendo.
Por que é importante promover habilidades de aprendizado? A partir da Lei 27.360, que aprova a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos do Idoso, assinada pela Argentina, a população está se conscientizando de sua importância, em diversas dimensões, como o direito à educação. No entanto, a idade avançada está associada ao fato de esse direito ser pouco exercido na prática e, portanto, este estudo indaga sobre os interesses educacionais dos idosos e se o interesse em aprender / estudar é uniforme ou reconhece variações de acordo com alguns atributos pessoais ou estrutural desse grupo populacional.
CONFIRA TAMBÉM:
Quer saber o que é direito médico?
- 15/08/2019
Logo na introdução do documento, está a aprendizagem ao longo da vida em que assinala que estudos mais recentes sobre idosos de todo o mundo experimentam o cuidado de saúde e cuidados de longa duração, mas existem outros aspectos do ambiente que podem contribuir de maneira muito importante para os desafios colocados pelo envelhecimento da população. Essa é a abordagem proposta no documento da OMS (2015), quando em seu capítulo 6, intitulado Rumo a um mundo amigável com os idosos, trata justamente da aprendizagem como um dos principais domínios de capacidade funcional. Nesse contexto, trata-se de uma habilidade fundamental para as pessoas idosas fazerem o que valorizam.
Se o processo de envelhecimento saudável tem como objetivo promover e manter a capacidade funcional, ou seja, que eles são capazes de fazer, o aprendizado é um dos caminhos a seguir.
Os mais de quatro anos de estudos no âmbito do Observatório da Dívida Social Argentina trouxeram para seus pesquisadores evidências empíricas suficientes sobre os efeitos do nível educacional alcançado nas diferentes idades avançadas, identificando assim uma estrutura de oportunidades educacionais profundamente desiguais no passado – durante a infância e a adolescência – apresentando hoje diferenças visíveis entre a grande maioria dos idosos que, no máximo, têm o ensino médio incompleto, por um lado, e por outro, uma minoria que teve oportunidades pelo menos para terminar o ensino médio e talvez se aventurar, com ou sem sucesso, no ensino superior.
Para os pesquisadores do Observatório, o que provavelmente acontece é que o nível educacional máximo atingido pelos mais velhos atuais é mais uma expressão da desigualdade social. Dessa maneira, o panorama da aprendizagem à medida que se envelhece se torna complexo porque há desigualdades. Portanto, programas socioeducativos, se não levarem em consideração essa questão, podem reforçar o quadro da desigualdade na velhice.
Segundo a OMS, existem evidências empíricas suficientes para sustentar que continuando aprendendo, os idosos podem adquirir conhecimentos e habilidades para controlar sua saúde, mantendo-se atualizados com os avanços da informação e tecnologia, participar da sociedade, adaptar-se ao envelhecimento, mantendo sua identidade e interesse na vida. Os idosos podem fazerem o que valorizam.
E há também evidências empíricas suficientes de que a idade está associada a mudanças positivas e negativas nas áreas de aprendizagem. Embora existem alguns processos cognitivos que se deterioram com a idade – como velocidade de processamento, memória de trabalho, funções executivas e atenção – existem outras – como intuitivas e automáticas – que permanecem estáveis e até melhoram.
Há estudos que indicam que os países mais desenvolvidos investem 1% do orçamento educacional para a população idosa. A I Assembleia Mundial do Envelhecimento, realizada em Viena, em 1982, isto é, há 36 anos, já apontava a importância da educação como contribuição para a qualidade de vida dos mais velhos. O resultado dessa Assembleia foi o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento, contendo 62 recomendações específicas, das quais 18 referem-se à área educacional. Desde então apareceu em todo o mundo oportunidades para idosos participarem de atividades educacionais.
Recomendamos a leitura deste documento na íntegra, pois traz questões muito interessantes para se pensar na importância das habilidades no processo de aprendizagem ao longo da vida.