SPC indica que 57% das pessoas com idade superior a 60 anos não têm reserva financeira e mais que 54% delas estão endividadas e a explicação mais comum para esse endividamento é a preocupação com a família. Precisamos passar por uma questão extremamente importante que é a educação. Nesse contexto não falamos somente da educação formal, aquela que aprendemos nas instituições de ensino, mas também da educação dada na escola da Vida.
Denise Morante Mazzaferro *
Pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito aponta que 57% das pessoas com idade superior a 60 anos não têm reserva financeira e mais que 54% delas estão endividadas e a explicação mais comum para esse endividamento é a preocupação com a família.
Vivemos um fenômeno inédito na história da humanidade que é o aumento da expectativa de vida da população mundial com os números apontando para 2050 como o ano em que pela primeira vez o número de idosos (maiores de 60 anos) ultrapassará o número de pessoas entre 0 a 15 anos.
Viveremos em uma sociedade que está atualmente em construção, na qual os parâmetros e referências econômicas, sociais, midiáticas, etc.. deverão ser revistos por todos urgentemente, senão muitos de nós e nossos filhos sofreremos suas drásticas consequências.
Por isso precisamos passar por uma questão extremamente importante que é a educação. Nesse contexto não falamos somente da educação formal, aquela que aprendemos nas instituições de ensino, mas também da educação dada na escola da Vida.
Para o filósofo contemporâneo Edgar Morin, em seu livro os Sete Saberes necessários à educação do futuro “é necessário aprender a estar aqui no planeta. Aprender a estar aqui significa: aprender a viver, a dividir, a comunicar, a comungar; é o que se aprende somente nas – e por meio de – culturas singulares. Precisamos doravante aprender a ser, viver, dividir e comunicar como humanos no planeta Terra, não mais somente pertencer a uma cultura…”
É a esta educação que me refiro quando digo que é crucial aprendermos a ser, viver, dividir, comunicar nesta sociedade mais longeva.
Mas por que me inspiro em dados recém publicados pelo SPC referente a inadimplência da população idosa para falar em educação, em Cultura da Longevidade?
A mesma matéria comenta a falta de educação financeira como um dos fatores que explicam os dados. Precisamos pensar em nosso projeto de vida para viver mais e melhor, e como fazer isso de forma desconexa?
Educação para viver mais, com mais qualidade de vida, e com recursos financeiros que atendam às nossas expectativas passa, sem dúvida, por nos apropriarmos de nossa história e construirmos um projeto para vivê-la.
Eduardo Gianetti, em seu livro o Valor do Amanhã, diz “Se há toda uma preocupação, legítima, em equipar os jovens para ingressar no mundo do trabalho e vencer no mercado profissional, por que não prepará-los para a arte de bem envelhecer?”. É disso que estou falando. Hoje, infelizmente vemos as pessoas com mais de 60 anos passarem por depressões, por sérios problemas de saúde, por falta de recursos financeiros porque realmente não se prepararam para viver mais. Quando elas tinham 30, 40 anos a expectativa de vida era muito menor e realmente chegar aos 60 podia significar aproximar-se do fim da vida.
Este panorama mudou e não é isso que iremos viver, precisamos realmente nos educar e ajudar a construir a cultura da longevidade para que consigamos olhar para o envelhecimento vislumbrando seus desafios, mas também todas as oportunidades que ele nos apresenta.
(*)Denise Morante Mazzaferro – Mestre em Gerontologia-PUCSP/Pós-Graduada em Marketing – ESPM. Sócia da Angatu Idh – Integração e Desenvolvimento Humano. Membro da rede de Colaboradores do Portal do Envelhecimento. Site: Disponível Aqui. Email: [email protected]